O cenário de menor liquidez à frente tira força das criptomoedas nesta sexta-feira (22). O Bitcoin recua 2,9% nas últimas 24 horas, para US$ 40.696,62, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum perde 2,8%, negociado a US$ 3.016,70.
No Brasil, o Bitcoin tem queda de 2,3% depois do feriado, cotado a R$ 189.299,36, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As bolsas americanas caíram na quinta-feira em reação aos comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Em debate sobre a economia global em reuniões do Fundo Monetário Internacional, Powell disse que um aumento dos juros de meio ponto percentual “estará sobre a mesa” quando o comitê do banco central americano se reunir nos dias 3 e 4 de maio.
Com a inflação quase três vezes acima da meta de 2% do Fed, ele disse que “é apropriado agir um pouco mais rápido”. O índice Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, caiu mais de 2%. O Bitcoin acompanhou o movimento e perdeu força depois de atingir quase US$ 43 mil na quinta-feira, o maior nível em 10 dias, mostram dados do CoinDesk.
“O preço do Bitcoin continua a oscilar em uma faixa mais ampla de US$ 38.000 a US$ 47.000”, disse Tammy Da Costa, analista do DailyFX.
Rendimentos
O Bitcoin ainda é a criptomoeda com maior capitalização de mercado, com uma fatia de 41%. Mas entusiastas do Ethereum têm motivos para comemorar. A segunda maior criptomoeda superou o Bitcoin no total de ganhos realizados em 2021, com US$ 76,3 bilhões contra os US$ 74,7 bilhões do BTC, de acordo com relatório da Chainalysis, que atribuiu o resultado à expansão dos protocolos de finanças descentralizadas (DeFi), cuja maioria é construída na blockchain Ethereum.
As principais altcoins operam em baixa nesta sexta-feira como Binance Coin (-2,4%), XRP (-2,6%), Solana (-4,3%), Terra (-1,2%), Cardano (-3,3%), Avalanche (-2,6%), Polkadot (-5,3%) e Shiba Inu (-2,3%), segundo dados do CoinGecko.
Dogecoin cai 2,5% nas últimas 24 horas, mesmo depois de Elon Musk, CEO da Tesla, ter anunciado que tem US$ 46,5 bilhões para financiar a compra do Twitter, de acordo com o Wall Street Journal.
Outros destaques
Capitalistas de risco continuam injetando recursos no setor de criptomoedas, mas um dado chama a atenção: 9 entre os 10 maiores investidores são focados em cripto, segundo dados do PitchBook. Considerando empresas que captaram mais de US$ 1 bilhão em fundos cripto no último ano, a Andreessen Horowitz é a única não especializada em criptoativos, destaca análise da Bloomberg.
No médio prazo, o mercado de criptomoedas será marcado pela cautela, mas a longo prazo a tendência é positiva, disse Alessandra Manicardi, diretora de Vendas B2B e Parcerias no Mercado Bitcoin, em entrevista à Época Negócios. “As criptomoedas que criarão os novos milionários estão sendo lançadas todos os dias.”
Coinbase em expansão
A Coinbase estaria negociando a compra da exchange de criptomoedas turca BtcTurk, em linha com o plano de se expandir em economias em desenvolvimento, segundo informações do MergerMarket citadas pela Bloomberg na quinta-feira (21). O acordo pode alcançar US$ 3,2 bilhões. O site The Block entrou em contato com a Coinbase e BtcTurk, mas não conseguiu confirmar a informação.
A notícia segue o lançamento do marketplace de tokens não fungíveis da Coinbase, que entra em um segmento concorrido seis meses após o anúncio dos planos. A iniciativa visa impulsionar o crescimento da maior corretora cripto dos EUA em meio à desvalorização das ações da empresa, destaca análise da Bloomberg. A Coinbase também anunciou que o token 0x (ZRX), do protocolo 0x, foi escolhido para operar a nova plataforma. O token chegou a subir 47% na quinta-feira (21) após o comunicado.
Regulação, Segurança e CBDCs
A proposta da exchange de criptomoedas FTX para executar todos os aspectos da negociação de derivativos cripto dos clientes – sem a intermediação de bolsas, bancos e outros agentes financeiros – preocupa titãs de Wall Street. Se aprovada por reguladores, a proposta poderia servir de modelo e ser aplicada a outros ativos, ganhando uma fatia lucrativa do mercado tradicional, aponta a Bloomberg.
E segundo reportagem do Financial Times, os CEOs da FTX e do Goldman Sachs conversaram sobre possíveis parcerias em encontro no Caribe, como assessoria em rodadas de financiamento e um possível IPO da corretora.
No Brasil, a FTX fechou um contrato de R$ 15 milhões com a Furia, principal organização brasileira de eSports, apurou o Estadão, que classifica o acordo como o maior patrocínio da história dos esportes eletrônicos no país.
O mercado cripto da Rússia, avaliado em US$ 124 bilhões, foi atingido por novas sanções como resultado da invasão da Ucrânia. A Binance, maior exchange cripto do mundo em volume, disse na quinta-feira (21) que vai restringir serviços para russos com criptoativos avaliados acima de 10 mil euros em resposta às novas restrições da União Europeia.
Os EUA também sancionaram a BitRiver, com sede na Suíça, cujas fazendas mineram cerca da metade de todas as moedas digitais geradas na Rússia, segundo a Bloomberg.
E para reforçar a equipe de compliance, a Binance contratou dois especialistas em regulação: Seth Levy, que trabalhava na Autoridade Reguladora do Setor Financeiro dos EUA (FINRA), assume como chefe de vigilância de mercado. Steven McWhirter, antes na Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA), será o novo diretor de política regulatória, de acordo com comunicado.
A Binance também pediu para ser retirada de um processo aberto no Texas devido a um golpe de romance envolvendo criptomoedas. A empresa alega que as acusações são infundadas e, como entidade estrangeira, não está sujeita ao sistema judiciário federal do país, de acordo com informações do site Law360.
E por falar em golpes, a Binance conseguiu recuperar US$ 5,8 milhões em fundos roubados por um hacker do jogo Axie Infinity no mês passado, de acordo com tuíte nesta sexta-feira (22) do CEO da exchange, Changpeng Zhao.
A OCC, uma agência reguladora nos EUA, disse na quinta-feira que o banco cripto Anchorage Digital Bank National Association violou as regras de monitoramento de atividades suspeitas e prevenção de lavagem de dinheiro, informou a Reuters.
O deputado argentino Martín Tetaz lançou um desafio no Twitter e vai oferecer do próprio bolso US$ 1 mil em criptomoedas à pessoa que descrever a situação mais burocrática que tenha passado ao buscar serviços públicos na Argentina.
Na Índia, o mercado cripto precisa de apenas um regulador com representantes de várias entidades, disse o indiano Sandeep Nailwal, cofundador da Polygon, uma blockchain de contratos de inteligentes, em entrevista ao CoinDesk. Para ele, isso incentivaria mais projetos como o da Polygon a apostarem no país.
O governo das Bahamas permitirá que os cidadãos paguem impostos com ativos digitais, de acordo com um documento que descreve a estratégia do país para esse mercado até 2026. O acesso a ativos virtuais também será permitido por meio da moeda digital do banco central das Bahamas, lançada em 2020.
Operações de compra e venda de imóveis com criptomoedas em Portugal passarão a ter um conjunto claro de instruções e procedimentos de realização, de acordo com a Folha. Uma das principais medidas a serem adotadas é o fornecimento de informações detalhadas sobre a origem dos recursos usados para adquirir os ativos digitais.
Metaverso, Games e NFTs
Um game desenvolvido por brasileiros possibilita ganhar dinheiro com tokens não fungíveis (NFTs): a desenvolvedora canadense MoonLabs Studios, liderada por Sérgio Unes, uniu-se à empresa de criptomoedas Klever para criar o Devikins, um jogo do gênero RPG que permite a criação de personagens e recompensa jogadores com criptomoedas, conforme a Forbes.
Relatório do DappRadar e da Blockchain Game Alliance indica que 2022 será um ano de referência para desenvolvedores de jogos cripto. Só no primeiro trimestre, games blockchain e projetos relacionados ao metaverso captaram US$ 2,5 bilhões. Nesse ritmo, o segmento pode captar US$ 10 bilhões em investimentos até o fim do ano, um aumento de 150% frente a 2021.
O projeto “The AEternals”, uma coleção de 10 mil tokens não fungíveis focados em proteger a Amazônia, busca ir além das finanças descentralizadas com a possibilidade de uma conexão em tempo real entre os proprietários dos tokens com parcelas de floresta tropical, conforme o CoinDesk.
O Brasil se destaca como um dos mercados mais maduros do mundo na comercialização de certificados de energia renovável, mostra estudo publicado pelo Valor e realizado pela empresa de inteligência de mercado global Similarweb, segundo a qual o país é pioneiro no desenvolvimento de tokens de energia no exterior.