Com o aumento dos juros nos Estados Unidos já precificado por investidores de olho na guerra, a quinta-feira (17) é de valorização para a maioria das criptomoedas. O Bitcoin ganha 1,1% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 40.906,32, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum avança 3,2%, negociado a US$ 2.771,36.
No Brasil, o Bitcoin amanhece em alta de 0,4%, cotado a R$ 207.500,76, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O mercado de criptomoedas segue o ritmo dos índices acionários globais, que subiram na quarta-feira impulsionados pela promessa do governo chinês de apoiar empresas de tecnologia e pela mensagem de otimismo transmitida pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.
Como esperado, o banco central americano elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual e sinalizou aumentos em todos os seis encontros restantes em 2022. Apesar do inevitável aperto monetário para frear a inflação, Powell disse que a economia americana é “muito forte” e que pode enfrentar o cenário de menor liquidez, segundo a Bloomberg.
Jim Paulsen, estrategista-chefe de investimentos do The Leuthold Group, em Minneapolis, disse à Reuters que muitos investidores devem estar aliviados com a decisão do Fed de finalmente “agir” para combater a inflação, o que acalmou o mercado.
As bolsas do Japão, Hong Kong e Austrália tiveram uma sessão de alta, enquanto os futuros dos índices nos EUA flutuam. Entre as principais criptomoedas, a quinta-feira também é de ganhos: Binance Coin sobe 3,2%, XRP (+3,1%), Cardano (+5%), Avalanche (+10,9%), Polkadot (+4,4%), Dogecoin (+2,9%) e Shiba Inu (+2,5%).
Guerra Rússia-Ucrânia
A possibilidade de um acordo entre Rússia e Ucrânia para um cessar-fogo também contribui para o maior apetite por risco, apesar das dúvidas sobre a disposição de Vladimir Putin de negociar.
Um porta-voz do governo russo disse após a rodada de negociações que uma Ucrânia neutra com seu próprio exército poderia ser uma saída para o fim do conflito. No entanto, a guerra entra na quarta semana com a contínua morte de civis.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse em discurso durante a noite que um avião russo “deliberadamente lançou uma enorme bomba” sobre um teatro no centro de Mariupol, segundo o New York Times. “O número de mortos ainda é desconhecido”, afirmou. Em meio à tensão, o presidente dos EUA, Joe Biden, chamou Putin de “criminoso de guerra”.
“As negociações de paz entre Rússia e Ucrânia ainda não chegaram a um desfecho”, disse ao Valor Humberto Andrade, analista de trading do Mercado Bitcoin, ressaltando que a aversão ao risco associada ao conflito na Europa pode ter impacto nos preços no curto prazo.
Outros destaques
Telecomunicação tokenizada: A Oxio, uma plataforma que transforma dados móveis em ativos digitais baseados em blockchain, levantou US$ 40 milhões em uma rodada de financiamento Série B liderada pela ParaFi Capital. Em entrevista ao CoinDesk, Nicolas Girard, CEO da Oxio, disse que os recursos serão usados para acelerar os negócios da Oxio no México e expandir sua rede para os Estados Unidos e para o Brasil.
Impacto em mineração: Mineradores de criptomoedas se preparam para tempos difíceis, com custos crescentes, volatilidade do Bitcoin e consequências da invasão da Ucrânia, que ameaçam corroer as margens do setor, de acordo com a Bloomberg. As empresas têm buscado os mercados de dívida, reforçado balanços e linhas de crédito e até mesmo planejam vender ações para levantar mais capital.
Capital de risco: Os investimentos de venture capital em startups ligadas a criptoativos cresceram 713% no mundo em 2021, totalizando US$ 25,2 bilhões, segundo levantamento da gestora Hashdex publicado pelo Valor. No Brasil, as empresas do segmento ainda não são numerosas, mas o mercado local também tem atraído interesse.
Tokenização de recebíveis: A BlockBR, uma fintech brasileira especializada em tokenização de ativos, busca sua expansão internacional e a criação de tecnologias que possam alavancar e democratizar ainda mais este mercado. Agora, o projeto recebeu o aporte da Nexxera, do grupo Nexxees, para tokenizar R$1 bilhão em recebíveis, conforme a Exame.
Marco na Ucrânia: O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sancionou na quarta-feira (16) uma lei que regula o mercado de criptomoedas no país invadido pela Rússia. A nova lei vale para todo território ucraniano e cria um marco regulatório para as empresas do setor que atuam na região, como corretoras de criptomoedas, bem como obrigações para que instituições financeiras abram as portas para companhias do segmento.
Exchanges
Binance no Brasil: A Binance se prepara para abrir uma operação oficial no Brasil, disse Changpeng Zhao, CEO da maior corretora de criptomoedas do mundo, durante a cerimônia de encerramento do Ethereum.Rio. “CZ” também disse que pretende acelerar as contratações no no mercado brasileiro, que teria cerca de 100 funcionários já trabalhando. No entanto, só foi possível identificar três no Brasil. Sobre a cidade escolhida para a eventual sede no país, o executivo desconversou, mas Rio e São Paulo estão no radar, segundo o Portal do Bitcoin. A Binance também estuda realizar diversas aquisições no Brasil, incluindo bancos e provedores de pagamentos, além de oferecer bolsas universitárias ao redor do mundo, o que inclui o Rio de Janeiro, conforme o InfoMoney. E confirmando o que já circulava no mercado, a Binance recebeu uma licença para operar em Dubai.
Estreia argentina: A Lemon Cash, uma exchange de criptomoedas com sede na Argentina, iniciou operações no Brasil e planeja contratar 60 funcionários no país até o fim do ano, disse o cofundador e diretor comercial Borja Martel Seward ao CoinDesk. A empresa conta atualmente com 220 empregados. Outro plano, ainda sem data, é lançar um cartão de criptomoedas em 2022 em parceria com a Visa.
Licença em Portugal: A Utrust, uma empresa de pagamentos em criptomoedas com sede em Portugal, recebeu uma licença do banco central português para operar como provedora de serviços de ativos virtuais, disse Nuno Correia, cofundador e diretor de estratégia da Utrust, em entrevista ao CoinDesk na quarta-feira. A Utrust já é licenciada pela Estônia, o que permite sua operação em Portugal, mas a companhia agora quer se expandir em países da UE com o novo selo do BC português.
Metaverso, Games e NFTs
NFT de R$ 147 mil: O filho do governador de São Paulo, João Doria Neto, se distingue entre os entusiastas das criptomoedas ostentando em seu perfil do Twitter um token não fungível no valor de R$ 147 mil. Ao que tudo indica, o filho de João Doria vem negociando NFTs no OpenSea desde outubro de 2021. A reportagem do Portal do Bitcoin identificou que Doria Neto usa pelo menos duas carteiras de Ethereum para negociar NFTs.
Token do Bored Ape: O aguardado token vinculado à coleção de NFTs Bored Ape Yacht Club foi anunciado no Twitter na quarta-feira. O novo “ApeCoin” será controlado e operado pela ApeCoin DAO, uma organização autônoma descentralizada que concede aos proprietários do token direitos de governança sobre o “Fundo de Ecossistema” da DAO. A startup Yuga Labs, empresa por trás da coleção Bored Ape Yacht Club, também está desenvolvendo um metaverso, informou o The Block.
Spotify aposta em NFTs: A empresa estuda incluir blockchain e tokens não fungíveis à plataforma para aproveitar o crescente interesse de músicos que buscam aumentar a renda por meio dos NFTs, segundo o Financial Times.