Polícia Federal i
Ação da polícia no Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação/PF)

Um dos maiores divulgadores da Unick Forex, Marcos Prata, foi alertado sobre a investigação da Polícia Federal antes mesmo de ser deflagrada a Operação Lamanai que prendeu os líderes da empresa suspeita de fraude com criptomoedas. 

Segundo consta na investigação da Polícia Federal (PF) um homem chamado Rodrigo, conhecido como “padre”, teria informado a Marcos Prata que a “Polícia Federal estaria fazendo uma operação estratosférica contra a Unick, e que só não teriam deflagrado ainda porque não teria cadeia para todo mundo”. 

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Rodrigo, porém, conseguiu saber da Operação que futuramente se chamaria Lamanai após um advogado envolvido com a empresa Indeal ter vazado essa informação a um policial que não teve sua identidade revelada e que era contato de Rodrigo.

A descoberta feita pela PF, contudo, se deu por meio de uma interceptação feita no telefone de Fernando Lusvarghi. Conforme consta no documento que o Portal do Bitcoin teve acesso, Marcos Prata assim que recebeu a notícia resolveu ligar no dia 08 de junho de 2019 para o advogado, que ostentava a posição de diretor jurídico da Unick Forex. A ligação foi feita por volta das 20h e durou um pouco mais de 8 minutos.

Pelo que consta na descrição do áudio, a preocupação de Prata era de que a PF fizesse com a Unick Forex o mesmo que havia ocorrido com a Indeal. Por meio da Operação Egypto, a Indeal foi desmantelada e seus líderes presos.

Unick Forex e a certeza da impunidade

Lusvarghi, porém, não acreditou na informação. Ele tentou acalmar Prata afirmando que a Unick nada tinha a ver com a Indeal, pois a empresa comandada por Leidimar Lopes “goste ou não as autoridades, tem uma estrutura internacional e vende seu produto online”.

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Numa parte da conversa, Lusvarghi pediu o telefone do informante  (Rodrigo, “o Padre”) com o objetivo de falar com ele para pedir desculpas a Marcos Prata pela “mentira esfarrapada que ele tá te contando”.

O advogado chegou a chamar os responsáveis pela Indeal de “burros”:

“A Polícia Federal fez uma operação contra uma empresa ilegal que vendia investimentos dentro do Brasil, num escritório dentro do Brasil, com contratos assinados no Brasil. Os cara eram burros, mas assim burros, num limite que não tem excesso de burrice”.

Essa visão de Lusvarghi, porém, não foi a mesma de Leidimar Lopes. O presidente da empresa foi mais cauteloso e resolveu escutar o “padre”. Ele mencionou que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, mas que podia contornar a situação. 

No entanto, parece que sequer Lopes não deu muita atenção a informação privilegiada vinda de Rodrigo. Segundo uma conversa entre uma mulher não identificada e o trader que operava a Unick Forex, Marcos Kronhardt, o presidente da Unick havia dito que tudo não passaria de Fake News. 

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Lusvarghi, que estava na Unick desde 15 de agosto de 2017, tinha quase certeza de que nada aconteceria com a empresa e mencionou isso a Marcos Prata para que ele se acalmasse.

Poder e arrogância

O advogado, na conversa com Prata, resolveu mostrar sem cerimônia o poderio que a Unick Forex e o presidente, Leidimar Lopes, tinham:

“O nosso presidente tem até porte de arma, até porte de arma, quando ele tirou o porte de arma era um c* para conseguir”.

Conhecedor das prerrogativas de um advogado, Lusvarghi mencionou que se houvesse qualquer coisa contra a Unick em alguma delegacia, ele teria de ser atendido pelo delegado, pois o advogado é parte essencial para a Justiça não havendo hierarquia entre juiz, promotor, delegado e o próprio advogado.

Apesar de a descrição do áudio não possuir o tom da voz, Lusvarghi se mostra seguro, beirando a arrogância:

“Não sou delegado de fórum que tem medo de bater na mesa e fala pro cara ‘você me respeita que a gente tá em par de igualdade eu só representante da justiça aqui dentro, você tem que me dá acesso a informação’. A lei federal da OAB diz que eu não sou um mero advogado, eu sou representante da justiça em qualquer órgão público que eu adentre. Eu tenho acesso a informação que eu quiser, basta eu querer ir lá e bater na mesa falando pro cara me dar a informação”. 

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Sem lógica

Há uma parte da conversa entre Marcos Prata e Lusvarghi um tanto sem sentido. O diretor jurídico da Unick Forex sustentou para um dos seus maiores líderes e divulgadores de que ela seria legal e que não havia nada contra a empresa:

“Marcos deixa eu te falar uma coisa, tem juiz federal, tem delegado federal, tem procurador chefe de Ministério Público Federal, tem uma sentença da juíza federal, de uma juíza federal que entendeu que não tem crime nenhum federal. A Unick faz todas as obrigações legais dela dentro da lei, tá?”.

Irmãos Prata na Unick Forex

A questão é que já nessa época a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já havia proibido a Unick Forex de captar clientes no Brasil e ela já era suspeita por atuação criminosa no mercado financeiro. A empresa já era, inclusive, alvo do Ministério Público Federal.

A incongruência, no entanto, é que Marcos Prata junto com seu irmão Marcelo Prata já vinham captando clientes mesmo com a proibição da CVM, o que deveria fazer com que eles levantassem o mínimo de suspeita da empresa em que vinham atuando. 

Ao contrário disso, chegaram até mesmo a usar um oficial do Corpo de Bombeiros para angariar clientes dentro da corporação.

Ainda depois de o Ministério Público Federal na cola da Unick Forex, os irmãos Prata seguiram na defesa da empresa que por fim quando deixou de pagar os investidores e sob o medo de represália desses acabou fazendo um apelo para que os líderes da Unick “pelo amor de Deus” pagassem as pessoas. 

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O apelo, porém, parece não ter sido ouvido e agora tudo indica que só há um caminho para esses clientes receberem e ele se dará por meio da Justiça.

Leia também: Unick Forex movimentou R$ 155 milhões no Banco do Brasil com conta de cooperativa de crédito

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