Imagem da matéria: LeaxCoin, a criptomoeda promovida pelo Bitcoin Banco, despenca 99% em um dia
(Foto: Shutterstock)

*Atualização: 24 horas depois da publicação desta reportagem, o grupo Bitcoin Banco enviou um contraponto.

A criptomoeda Leaxcoin, promovida pelo Bitcoin Banco e até então negociada pela corretora NegocieCoins, despencou 99% em 24 horas — de R$ 3,6 para R$ 0,03, conforme dados do Icoinomia.

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A exchange 3xBit, a única outra no Brasil que negociava o ativo digital, avisou os clientes que iria desativar as negociações. “Todas as ordens abertas no livro de ofertas serão canceladas”, informou a empresa pelo Medium. Além disso, recomendou que essas criptomoedas fossem retiradas da plataforma e depositadas em carteiras pessoais.

O problema, no entanto, já dura algumas semanas. Com depósitos bloqueados desde o início do ano, a NegocieCoins negociava milhões de reais diariamente na LeaxCoin, de acordo com próprios dados fornecidos pela exchange.

Com cotação cravada na casa dos R$ 3,60, os usuários não podiam depositar o ativo comprado na 3xBit que, no mesmo período, era negociado por volta dos R$ 0,30 dez vezes mais barato.

O Portal do Bitcoin entrou em contato com a assessoria de imprensa do Grupo Bitcoin Banco para entender as razões da queda fulminante, mas a empresa não quis se pronunciar sobre o assunto.

Analisando a LeaxCoin

A reportagem consultou diversos analistas para pedir uma avaliação da Leaxcoin. “Imaturo”, “suspeito” e até mesmo “scam” foram os termos usados pelos especialistas.

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O ativo digital é um projeto ligado à exchange NegocieCoins, que pertence ao grupo Bitcoin Banco, de Curitiba. A proposta é que seja uma plataforma descentralizada de negociações de ativos imobiliários.

Desde o final de 2018, ela vinha sendo vendida aos clientes da empresa de Curitiba. Boa parte das pessoas consultadas pediu para falar em condição de anonimato.

O analista de projetos da Cryptoong, Hugo Trombini, fez um raio-x do projeto em outubro do ano passado. A análise é devastadora. Sobre o registro de propriedade do token, ele escreve: “a propriedade registrada em token não vale nada. Apenas o documento físico de cada país garante o registro de propriedade”.

Sobre a comunidade do projeto, ele indica o seguinte: “extremamente fraca, sem visualizações e sem replies. Alto indício de projeto fraco/operação fraudulenta”. Na conclusão, ele faz o alerta: “O projeto em questão não possui base à tomada de decisão de investimento”.

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Ao analisar o ICO da moeda, o especialista em blockchain Hamilton Amorim também fez críticas: “é o tipico blablablá de ICO, tudo conjugado no Futuro do Presente até um dia virar Futuro do Pretérito”.

Outros dois analistas, que pediram anonimato, chegaram a conclusões semelhantes.

Ofertas do Bitcoin Banco

Algumas pessoas que compraram a Leaxcoin fizeram critícas ao procedimento da empresa. Uma pessoa que comprou o ativo e que também pediu para não ser identificada descreveu a negociação:

“No ano passado, me ligaram oferecendo para fechar um contrato da Leaxcoin. Usaram técnicas dignas do Lobo de Wall Street. Na conversa, me falaram se tratar de uma oportunidade única, uma vez que a moeda valorizaria 3 vezes em um ano”

O papo foi eficiente para a empresa: ele comprou R$ 25 mil pela Negocie e R$ 10 mil na 3xBit. Os vendedores dão aos compradores o site Icoinomia, como referência de preço. Nos contratos assinados, que podem ser de 6 ou 12 meses, existe a garantia do valor no final.

O site possui um índice de preços de Bitcoin, mas também mostra o preço da LeaxCoin. O problema é que aparece na listagem somente o valor que consta na NegocieCoins, muito mais alto do que o que é negociado na 3xBit.

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Embora o Icoinomia afirme que faz uma análise imparcial, boa parte dos membros que constam em seu estatuto são executivos do Bitcoin Banco. Além disso, quem entra no site se depara com um pop up que leva para o site da Leaxcoin.

A promessa era de que a nova criptomoeda fosse uma maneira de revolucionar o mercado imobiliário global, de acordo com a propaganda enviada pela assessoria de imprensa da empresa. Ao menos por enquanto, sobrou só a promessa.

Resposta do grupo Bitcoin Banco

O Grupo Bitcoin Banco retirou-se do projeto Leaxcoin em data anterior à queda da cotação da moeda, referida na matéria “LeaxCoin, a criptomoeda promovida pelo Bitcoin Banco, despenca 99% em um dia”, pelo Portal do Bitcoin.

Ainda no dia 14 de fevereiro, o grupo anunciou em sua rede social oficial o projeto LeaXeX (LXX), destinado ao setor de real state.

Nessa data informou-se também que todos os clientes que adquiriram Leaxcoin na NegocieCoins teriam essas criptos substituídas pela LeaXeX (LXX). Já os clientes que investiram a moeda Leaxcoin em produtos do Bitcoin Banco terão a garantia do valor de face previsto em contrato, convertido em LeaXeX.

A LXX chega ao mercado como uma evolução do projeto publicado em leax.io, trazendo mais segurança, transparência e tecnologia para negociações imobiliárias com uso de blockchain própria, desenvolvida pela equipe do Grupo Bitcoin Banco, e canais de atendimento permanentes e exclusivos.

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A LeaxEx tem companhia registrada em Malta, sob o número C 90.232.

Além disso, conforme a página 33 do documento WhitePaper, a equipe de desenvolvimento e os mantenedores da Leaxcoin e do site https://leax.io/ não têm qualquer vínculo com as empresas do Grupo Bitcoin Banco.

O Grupo, assim como todos os demais entusiastas das criptomoedas, conheceu o projeto por seus canais oficiais e representantes regionais, com quem alguns negócios foram celebrados.

Porém, por desacordos comerciais tais contatos foram interrompidos.

Nada que venha a ser feito por pessoas ligadas à Leaxcoin deverá ser, e jamais foi, obra do Grupo Bitcoin Banco.

Para clientes e parceiros de negócios, o Grupo deixa claro que honra, desde sempre, todos os contratos firmados por suas subsidiárias e unidades de negócios na internet e lojas físicas de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro.

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