A mineração caseira de criptomoedas tem crescido na Argentina devido à eletricidade barata garantida pelo subsídio do governo. Em meio ao colapso da moeda local, o peso argentino, e o ressurgimento dos controles de capital do Estado, o aumento de mineradores é mais um exemplo da capacidade contínua dos argentinos de contornar os problemas econômicos, segundo comentários de especialistas ao Bloomberg.
De acordo com Ezequiel Fernandez, analista da Balanz, empresa de investimentos com sede em Buenos Aires, a conta de energia elétrica paga por um cidadão comum na Argentina não ultrapassa 3% de uma renda média mensal.
A demanda de energia industrial, no entanto, não é totalmente coberta por subsídios do governo. Segundo Fernandez, o preço de US$ 0,02 por quilowatt-hora que a Bitfarms diz que vai pagar pela eletricidade, por exemplo, está muito abaixo da tarifa do mercado atacadista de cerca de US $ 0,06 por quilowatt-hora para consumidores industriais não conectados à rede local.
Ele se referiu ao anúncio da empresa canadense de mineração de bitcoin feito em meados de abril. A mineradora Bitfarms planeja criar uma fazenda com 210 Megawatts de potência na Argentina, capaz de alimentar cerca de 55.000 máquinas.
Custo da mineração na Argentina
Logo, o fator custo-benefício passa a ser um chamativo aos mineradores de países vizinhos, como Brasil, Colômbia e Chile, onde o custo de energia é dobrado, segundo Fernandez. De acordo com o Bloomberg, um experiente minerador de bitcoin de Buenos Aires chamado Nicolas Bourbon avalia que, mesmo após a correção do preço do bitcoin, o custo da mineração caseira ainda é uma fração da receita gerada na atividade.
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“A criptomoeda gerada é normalmente vendida à taxa de câmbio paralela, mas a energia é paga a uma taxa subsidiada. No momento, as receitas são muito altas”, disse Bourbon ao jornal.
Além disso, acrescentou o Bloomberg, com a inflação em torno de 50% ao ano e a restrição na taxa de câmbio peso/dólar a apenas US$ 200 por mês, a crescente demanda por qualquer reserva de valor está alimentando uma queda do peso nos mercados paralelos, onde agora está cerca de 70% mais fraco do que o taxa oficial.
Em resumo, concluiu a agência, independentemente da volatilidade do bitcoin a mineração caseira na Argentina certamente permanecerá lucrativa enquanto o governo arcar com pelo menos parte da conta.
RF da Argentina quer reporte de criptomoedas
A Receita da Argentina (AFIP) comunicou no início do mês que as exchanges e empresas que trabalham com criptomoedas devem informar mensalmente todas as suas operações com bitcoin e outras criptomoedas. A medida é parecida com a Instrução Normativa 1888 da Receita Federal do Brasil, em vigor no país desde 2019.
Em abril, o Banco Central da Argentina (BCRA) intimou as instituições financeiras do país a dar informações de clientes que negociam no setor cripto.