Nesta quarta-feira (16), a Coinbase, Robinhood e mais de uma dúzia de outras empresas cripto anunciaram um plano de cumprir com novas regras recentemente divulgadas pelo Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), órgão internacional dedicado ao combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
As novas regras incluem a chamada “regra de viagem”, que requer que instituições financeiras coletem informações sobre o remente (e, às vezes, sobre o destinatário) de transações equivalentes a mais de US$ 3 mil entre instituições financeiras.
Em 2021, o GAFI havia esclarecido que a regra de viagem se aplica a empresas cripto.
Em resposta, uma aliança de empresas cripto está trabalhando em um plano para cumprir com esse requisito.
O resultado desse trabalho é chamado de “Travel Rule Universal Solution Technology” (ou TRUST), um conjunto de acordos que afirmam que irá garantir o compliance enquanto protegem a privacidade dos clientes.
TRUST obriga empresas-membro a usarem a criptografia de ponta a ponta ao enviarem dados entre si e nunca armazenarem informações de clientes de uma forma que possa ser vulnerável a ataques externos. Também define um conjunto de práticas mínimas de segurança.
Os membros iniciais da TRUST são: Anchorage, Avanti, BitGo, BitFlyer, Bittrex, BlockFi, Circle, Coinbase, Fidelity Digital Assets, Gemini, Kraken, Paxos, Robinhood, Standard Custody & Trust, Symbridge, Tradestation, Zero Hash e Zodia Custody.
Segundo Paul Grewal, advogado da Coinbase, as empresas consultaram a Rede de Combate a Crimes Financeiros (ou FinCEN) – uma unidade do Departamento do Tesouro Americano – para desenvolver a proposta da TRUST.
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Em entrevista com a Coinbase, ele disse que “a solução irá funcionar” quando houver transferência entre membros da TRUST.
Grewal acrescentou que membros da TRUST esperam que mais empresas entrem se junte a eles nos próximos meses.
Existem alguns nomes que faltam, de acordo com a lista inicial de membros da TRUST, incluindo as corretoras cripto FTX e Binance.
Segundo Grewal, a questão de as transações cripto entre membros ou não da TRUST serem complacentes à regra de viagem ainda será resolvida ao longo do tempo.
Outra grande questão sem resolução – que surgiu em discussões no GAFI nos últimos dois anos – é como fazer entidades no setor de Finanças Descentralizadas (ou DeFi) cumprirem com a regra de viagem.
Ainda não se sabe como carteiras e protocolos descentralizados vão coletar a informação requisitada pela regra de viagem, com o nome e o endereço de participantes da transação.
Grewal reconheceu que tais questões estão longe de serem resolvidas, mas disse que TRUST representa um primeiro passo importante conforme a indústria cripto navega pela tarefa complexa de cumprir com regras antilavagem de dinheiro.
“É como diz o provérbio: A melhor forma de comer um elefante é com uma mordida de cada vez”, disse.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.