O Irã está fechando o cerco contra aqueles que mineram criptomoedas sem a devida autorização do governo, chegando ao ponto de colocar espiões do seu serviço de inteligência para reprimir a atividade.
Conforme reportou a Bloomberg, o Ministério da Inteligência do Irã estabeleceu na quinta-feira (20) comitês em todo o país para organizar os agentes responsáveis por encontrar e fechar fazendas ilegais de mineração de criptomoedas.
Aqueles que forem pegos minerando sem licença terão todos os seus equipamentos apreendidos e podem enfrentar multas pesadas.
Os fiscalizadores também esperam contar com a ajuda da população. Para incentivar que os iranianos denunciem, o governo dobrou a recompensa dos delatores para US$ 873 (R$ 4,6 mil), um valor sete vezes maior do que o salário mínimo do país.
De acordo com um estudo divulgado na sexta-feira (21) pela empresa de análises Elliptic, 4,5% de toda mineração de bitcoin do mundo acontece no Irã. A energia elétrica barata atrai cada vez mais mineradores para a região – inclusive aqueles que não têm licença do estado para explorar a atividade.
A repressão do governo se intensifica no momento que a rede elétrica do país luta para conciliar a demanda do setor industrial e o uso de eletricidade no dia a dia da população.
A região está passando por uma fase complicada de falta de chuva, o que reduz a produção das usinas hidrelétricas. Segundo o governo, o uso intensivo de eletricidade na mineração durante esse período de escassez pode causar apagões em todo o país.
O Irã já havia anunciado na segunda-feira (17) que iria multar aqueles que mineram criptomoedas dentro de casa. O porta-voz do Ministério de Energia, Mostafa Rajabi, disse que os cidadãos pegos usando eletricidade doméstica para atividade serão forçados a compensar os danos causados ao fornecimento de energia do país.
Mineração de bitcoin no Irã
Apesar do Irã intensificar a repressão ao setor nesses últimos dias, a mineração industrial é legalizada no território desde 2019 e se tornou uma fonte de receita para um governo que lida com duras sanções econômicas de países como os Estados Unidos.
De acordo com os dados divulgados pela Elliptic, a região consome até 600 megawatts de energia para minerar bitcoin. Esse nível de mineração é capaz de gerar uma receita anual de US$ 1 bilhão que ajuda o governo do Irã a comprar produtos importados e diminuir o impacto das sanções.
“O estado iraniano está efetivamente vendendo suas reservas de energia nos mercados globais, usando o processo de mineração de bitcoin para contornar os embargos comerciais”, diz o estudo.