O brasileiro Douver Torres Braga, principal investigado no caso Trade Coin Clube, um esquema fraudulento de investimentos em Bitcoin, comprou 139 imóveis em menos de dois anos, apurou o portal Metrópoles, após a Operação Fantasos, deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira (30). Preso atualmente nos EUA, Braga enganou mais de 100 mil pessoas e movimentou US$ 290 milhões (R$ 1,6 bilhão).
De acordo com a PF, cerca de 50 policiais federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão domiciliar nas cidades de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, e Angra dos Reis, na Costa Verde. Além das ordens judiciais, a Justiça Federal também determinou o sequestro de bens e valores até o valor de R$ 1,6 bilhão.
“Foram apreendidos embarcação, veículos de luxo, relógios, joias, dinheiro em espécie, criptomoedas, computadores, celulares e documentos diversos”, informou a PF em um comunicado.
As investigações contaram com o apoio das agências estadunidenses FBI (Federal Bureau of Investigation), HSI (Homeland Security Investigations) e IRS-CI (Internal Revenue Service Criminal Investigation).
“A ação de hoje visa a coleta de provas para reforçar a investigação, a identificação de outros envolvidos no esquema criminoso e a recuperação de bens e ativos adquiridos com o proveito dos crimes”, concluiu o comunicado.
Braga, que é natural de Petrópolis (RJ, fez as aquisições dos bens menos de 2 anos após os golpes. De acordo com a publicação, os imóveis eram utilizados para lavar o dinheiro das fraudes e começaram a ser adquiridos após o investigado entrar na mira das autoridades americanas, incluindo a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).
Braga foi preso em fevereiro deste ano na Suíça em uma operação conduzida pelo FBI e extraditado posteriormente para os EUA, onde, perante o Tribunal Distrital de Seattle, se declarou culpado das acusações.
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Pirâmide com Bitcoin
Braga começou no ramo de equipamentos de som automotivo antes de fundar, em 2016, o Trade Coin Club (TCC). O negócio prometia retornos elevados por meio de um suposto robô trader que realizaria milhares de operações em Bitcoin por segundo.
O modelo de investimento atraiu mais de 100 mil investidores, que depositaram um total de 82 mil BTC, o equivalente a US$ 290 milhões na época. No entanto, a SEC classificou o TCC como uma pirâmide financeira, onde os lucros pagos aos investidores vinham de novos aportes, e não de operações reais.
Segundo a SEC, Braga desviou pelo menos 8.396 bitcoins para contas sob seu controle. A agência busca na Justiça a devolução dos valores obtidos ilegalmente e a aplicação de multas. Outras três pessoas foram alvo da SEC por seus papéis no negócio fraudulento.
De acordo com o site especializado em apurar pirâmides financeiras Behind MLM, Joff Paradise era o diretor do Trade Coin Club nos EUA, enquanto Keleionalani Taylor foi o maior ganhador do negócio. Outro envolvido é Jonathan Tetreault, promotor da fraude em Massachusetts.
Vídeos em português promovendo a Trade Coin Club ainda podem ser encontrados no YouTube, sugerindo que brasileiros também eram alvos do golpe.
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