FMI quer coordenação global para regular criptomoedas

A capitalização de US$ 2,5 trilhões do mercado cripto pode refletir “problemas de um ambiente de valorações alongadas”, argumentou o FMI
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O Fundo Monetário Internacional (ou FMI, na sigla em português) alertou sobre riscos “sistêmicos” de estabilidade financeira do crescente setor cripto e pediu por regulações globais “amplas, consistentes e coordenadas” da indústria.

Em uma publicação, Tobias Adrian, Dong He e Aditya Narain, do FMI, argumentaram que “amplos padrões internacionais” podem abordar os riscos apresentados ao sistema financeiro das criptomoedas enquanto pediram por um “ambiente que permita úteis produtos e aplicações de criptoativos”.

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Fornecedores de serviços cripto, como corretoras, devem ser licenciadas ou autorizadas, argumentaram os autores da publicação, enquanto deve ser feita uma distinção entre serviços e produtos de investimento versus aqueles focados em pagamentos, pois investimentos são supervisionados pela reguladora de valores mobiliários e pagamentos são supervisionados pelo “banco central ou pela autoridade de supervisão de pagamentos”.

Por fim, instituições financeiras com exposição a cripto devem aderir a “requisitos transparentes”, incluindo limites de exposição, adequabilidade a investidores e avaliações de risco.

Os autores da publicação destacaram riscos, incluindo a “criptonização” de mercados emergentes e economias em desenvolvimento onde criptomoedas “substituem moedas nacionais e evitem restrições de corretoras e medidas de gestão de capital”.

O FMI também falou sobre a liquidação cripto após relatos da nova variante da covid-19 ômicron, argumentando que a capitalização de US$ 2,5 trilhões do mercado cripto pode refletir “problemas em um ambiente de valorações alongadas”.

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Uma estratégia global

O FMI destacou os desafios apresentados pelo “âmbito intersetores e internacional” de cripto e as diferentes estratégias na classe de ativos adotadas por distintos países.

“Muitos fornecedores de serviços cripto operam além de fronteiras, tornando a tarefa de supervisão e fiscalização mais difícil”, explicaram.

Reguladores ao redor do mundo impulsionaram seu foco em criptomoedas ao longo do último ano.

Em novembro, o Federal Reserve dos EUA, a Corporação Federal de Seguros de Depósito dos EUA (ou FDIC) e o Escritório de Controladoria da Moeda (ou OCC) publicaram uma declaração em conjunto estabelecendo uma agenda ambiciosa de cripto, considerando questões como a emissão de stablecoin por bancos.

Logo em seguida, o OCC publicou uma carta para instruir bancos que precisam demonstrar controles adequados antes de interagirem com atividades relacionadas a cripto.

No Reino Unido, a Autoridade de Conduta Financeira (ou FCA) investiu US$ 670 mil em treinamento de equipes para identificar usos criminosos de cripto.

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No Japão, a Autoridade de Serviços Financeiros (ou FSA) anunciou planos de limitar a emissão de stablecoins a bancos e empresas de transferência bancária em 2022.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.