Em 2021, El Salvador decidiu revolucionar o mundo ao se tornar o primeiro país a adotar o Bitcoin (BTC) como moeda legal. Isso foi ampliado para compras diárias e gerou grandes atritos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), de quem o país queria obter um empréstimo. Mas para surpresa da comunidade de criptomoedas, um relatório agora afirma que El Salvador parou faz tempo com suas aquisições de BTC.
Documento divulgado dia 15 de julho pelo próprio FMI inclui uma carta assinada por duas de principais autoridades financeiras de El Salvador que afirma que o governo não comprou bitcoins desde fevereiro deste ano, quando teve início o acordo de um financiamento de US$ 1,4 bilhão entre as duas partes.
Douglas Pablo Rodríguez Fuentes, presidente do Banco Central de El Salvador, e Jerson Rogelio Posada Molina, ministro da Fazenda, disseram que “o estoque de bitcoins em poder do setor público permanece inalterado”. Um documento anexo ressalta ainda que o país forneceu os endereços de todas as carteiras quentes e frias ao FMI para revisão e monitoramento.
O problema é que essa informação contrasta com tudo que se sabia até agora sobre as compras de Bitcoin do país, inclusive com declarações do próprio presidente Nayib Bukele, que diz que desde novembro de 2022 tem comprado 1 BTC por dia.
O Escritório de Bitcoin de El Salvador afirma que a reserva da criptomoeda do país detém cerca de 6.243 BTC, no valor de cerca de US$ 737 milhões. Inclusive anunciou novas compras dias após o relatório do FMI.
E tudo isso é confirmado pela empresa de dados blockchain Arkham Intelligence, que tem registrado as transferências diárias de 1 BTC por dia de diversas carteiras, principalmente da Binance ou Bitfinex, para os endereços oficiais do governo salvadorenho.
O ponto é que, segundo o documento do FMI, as movimentações registradas pela Arkham podem não ser novas compras, mas sim movimentos de consolidação de Bitcoin que o governo de El Salvador já possuía. Ou seja, seriam apenas transferências de carteiras quentes (usadas para ativos que podem ser movimentados rapidamente) para carteiras frias (usadas para guardar ativos por longos períodos) do próprio governo Buekele.
“O aumento nas reservas de Bitcoin no Fundo de Reserva Estratégica de Bitcoin reflete a consolidação do Bitcoin em várias carteiras governamentais”, afirma o relatório do FMI em nota de rodapé.
Versões conflitantes
Há anos que o FMI diz que a estratégia com Bitcoin de El Salvador não é saudável e, no ano passado, quando o país precisou de um empréstimo de US$ 1,4 bilhão, o fundo exigiu que o governo reduzisse sua atividade com a criptomoeda. Mas Bukele disse que não iria mudar o modelo de compras, e mesmo assim conseguiu o acordo com o FMI.
“Se [as compras de BTC] não pararam quando o mundo nos ostracizou e a maioria dos ‘bitcoiners’ nos abandonou, não pararão agora e não pararão no futuro”, disse Bukele no X.
A chefe do Escritório do Bitcoin do país, Stacy Herbert, afirmou anteriormente que El Salvador continua comprando Bitcoin em desacordo com o combinado com o FMI. “Alguns ‘bitcoiners’ confiam nas palavras do FMI sobre as ações de acumulação de El Salvador registradas para sempre na blockchain do Bitcoin”, escreveu Herbert no X em março.
Apesar de todo o embate sobre as regras do acordo e as compras diárias, o FMI já havia declarado em março deste ano para a Forbes que o aumento da reserva de BTC do país não violava os termos. “Consultamos as autoridades, e elas nos garantiram que o recente aumento nas reservas de Bitcoin no Fundo de Reserva Estratégica de Bitcoin é consistente com as condições acordadas do programa”, disse o fundo.
O governo de El Salvador ainda não se pronunciou oficialmente sobre as informações do relatório.
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