A fuga do empresário brasileiro Carlos Ghosn do Japão para o Líbano custou cerca de R$ 7,2 milhões (US$ 1,4 milhão), sendo um terço em bitcoin (R$ 2,5 milhões). As transações foram confirmadas pela corretora de criptomoedas americana Coinbase.
Acusado de crimes financeiros no comando da Nissan, Ghosn teve ajuda dos filhos e de mais dois americanos para fugir da Justiça japonesa.
“Identifiquei transações acima de US$ 500 mil de Anthony Ghosn para Peter Taylor entre 21 de janeiro e 15 de maio de 2020”, diz o relatório da Coinbase enviado à Justiça dos EUA.
Segundo a Bloomberg, as autoridades japonesas disseram que o próprio Ghosn já havia transferido mais de US$ 860.000 (cerca de R$ 4,5 milhões) para uma empresa administrada por Taylor.
Fuga de prisão domiciliar
Carlos Ghosn fugiu do Japão em um voo particular para o Líbano dentro de uma caixa normalmente usada para transporte de equipamentos de som.
O brasileiro cumpria prisão domiciliar desde novembro de 2018 enquanto aguardava o dia do seu julgamento sobre crimes financeiros cometidos quando no comando da Nissan.
Em 29 de dezembro do ano passado, Ghosn desapareceu misteriosamente. Posteriormente ele reapareceu no Líbano, onde possui cidadania.
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Na quarta-feira (23), a promotoria de justiça dos EUA revelou a ação supostamente comandada pelo filho do executivo com apoio de dois americanos, Michael e Peter Taylor; pai e filho.
Assim que foi revelada sua presença no solo libanês, o executivo afirmou que fugiu da “injustiça” do Japão e que sua família não teve participação na fuga.
Os filhos de Carlos Ghosn ainda não foram indiciados, apesar de evidências relatadas no pedido extradição dos Taylors pelo governo do Japão.
Os acusados, que não negaram participação, cumprem prisão em Massachusetts. Ghosn deve permanecer em solo libanês, já que o país não tem um tratado de extradição com o Japão.
Carlos Ghosn
Nascido no Brasil, em Guajará-Mirim, Rondônia, Carlos Ghosn foi para o Líbano ainda pequeno até migrar para França para estudar engenharia na Ecole des Mines de Paris.
Nos anos 70 ele já ocupava o cargo de diretor-presidente da Michelin onde ficou por 18 anos. Em sua página no LinkedIn ainda consta seu cargo de presidente da Mitsubishi, Nissan e Renault.
A Justiça do Japão o acusa de violação de confiança, omissão de renda, e de uso de dinheiro institucional em benefício próprio.