Na quarta-feira (9), o FBI acusou 14 indivíduos e quatro empresas cripto de manipulação de mercado e “wash trading” no setor de ativos digitais — o primeiro caso desse tipo.
Mais de US$ 25 milhões em criptomoedas foram apreendidas no caso, segundo o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ), e os policiais até criaram um token digital falso para pegar os supostos criminosos no ato da manipulação.
O DOJ anunciou acusações contra a Gotbit, ZM Quant, CLS Global e MyTrade. As empresas supostamente fizeram operações de lavagem com tokens digitais para inflar seus preços, atraindo novos investidores no processo. Depois, os federais alegaram na quarta-feira, os réus venderam seus tokens — o que é conhecido como um esquema de “pump and dump”.
“Esses são casos em que uma tecnologia inovadora — as criptomoedas — encontraram um esquema centenário — o pump and dump”, disse o procurador interino dos Estados Unidos, Joshua Levy, em um comunicado.
Ele disse ainda: “Há muito tempo, a lavagem de dinheiro é proibida nos mercados financeiros, e o setor cripto não é uma exceção.”
O Departamento de Justiça dos EUA disse que o FBI criou um token chamado NexFundAI como parte de sua investigação, apelidada de “Operação Token Mirrors”. Ele alegou que a ZM Quant, a CLS Global e a MyTrade lavaram o token ou conspiraram para lavá-lo, ou seja, para manipular a negociação para tornar os números da negociação mais atraentes.
O DOJ acrescentou que havia atacado a Gotbit, seu CEO e dois de seus diretores por perpetrarem um esquema semelhante. A Gotbit se autodenominava um fundo de hedge e market maker de memecoins. Anteriormente, ela argumentou em anúncios de relações públicas que as moedas meme eram uma forma de integrar novas empresas no espaço cripto.
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As memecoins são criptomoedas baseadas em memes e piadas da Internet que, muitas vezes, disparam rapidamente em valor, aparentemente do nada, para desaparecer com a mesma rapidez.
Um dos réus no caso, o CEO da Gotbit, Aleksei Andriunin, 26 anos, se gabou em 2019 de ter “feito um negócio de falsificação de volumes de trade em exchanges cripto”. As autoridades norte-americanas prenderam o réu de origem russa ontem em Portugal e ele agora aguarda a extradição.
Os federais alegaram que outra das empresas, a Saitama, forneceu aos possíveis investidores um token e serviços inflados para ter uma capitalização de mercado de US$ 7,5 bilhões. Os responsáveis pelo projeto cripto, no entanto, supostamente manipulavam ativamente o mercado do token da Saitama e “vendiam secretamente seus tokens da Saitama para obter dezenas de milhões em lucros”.
Em acusações civis separadas, a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) alegou que a Gotbit fornece “manipulação de mercado sob demanda” ao “gerar um volume de negociação diário falso, muitas vezes na casa dos milhões de dólares, essencialmente negociando criptoativos com ela mesma”.
O órgão regulador de Wall Street disse que estava buscando medidas cautelares permanentes contra Gotbit, Andriunin e sua equipe, juntamente com a restituição de todos os ganhos ilícitos obtidos com a suposta conduta ilegal.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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