Gary Gensler, presidente da SEC
Gary Gensler, ex-presidente da SEC (Foto: Reprodução/YouTube)

Após quatro anos lidando com regulamentações de criptoativos e supervisão de mercado nos EUA, Gary Gensler está retornando à academia — desta vez para se dedicar à inteligência artificial.

O ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) está voltando para a MIT Sloan School of Management para focar em pesquisas e políticas de IA, em um movimento que busca unir sua experiência em Wall Street e regulação com tecnologias de ponta, segundo um comunicado divulgado na segunda-feira.

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A trajetória de Gensler — de Goldman Sachs à presidência da SEC e agora ao MIT — lhe garante influência em um momento em que a dominância tecnológica dos EUA enfrenta desafios tanto da fragmentação regulatória quanto de concorrentes estrangeiros, como o DeepSeek, da China.

Antes de assumir a SEC, ele lecionou sobre blockchain no MIT em 2018, o que lhe deu uma visão ampla tanto do potencial quanto dos riscos da tecnologia. Há cerca de cinco anos, Gensler também publicou pesquisas sobre riscos financeiros sistêmicos associados à inteligência artificial.

Embora seu novo papel acadêmico possa não ser tão decisivo quanto sua posição anterior na SEC, ele ainda será influente, dada a parceria do MIT com empresas de tecnologia e formuladores de políticas dos EUA.

A nomeação ocorre após seu mandato controverso à frente da SEC, onde supervisionou o mercado de capitais dos EUA, avaliado em US$ 120 trilhões, e estabeleceu regulamentações históricas para o setor de criptomoedas durante o governo Biden.

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Gensler será co-diretor da iniciativa FinTech AI @CSAIL do Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT, ao lado do professor Andrew W. Lo. Nessa iniciativa, empresas-membro trabalharão com pesquisadores do MIT para explorar novas tecnologias de IA aplicadas ao setor financeiro.

Da cripto à IA

Durante seu mandato na SEC, Gensler moldou a política de criptoativos por meio de ações de fiscalização, em vez de criar novas regras a partir do Congresso. Sob sua liderança, a agência federal moveu mais de 125 processos contra grandes empresas do setor, o que lhe rendeu o apelido de “vilão das criptos”.

Apesar disso, foi também sob sua gestão que os ETFs de cripto foram aprovados em 2024, permitindo que investidores tivessem acesso ao setor por meio de instrumentos regulados.

O ganhador do Prêmio Nobel Simon Johnson, que trabalhará com Gensler no MIT, destacou que ambos irão co-ministrar um novo curso, abordando com os alunos uma série de questões “de grande importância para a economia global”.

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Ainda não se sabe se e como essa pesquisa resultará em estruturas práticas de governança. No entanto, isso não impediu algumas críticas da comunidade cripto.

“Como ex-aluna do MIT Sloan, [estou] incrivelmente envergonhada e decepcionada por vê-los recontratar Gensler”, tuitou Devin Walsh, diretora-executiva e cofundadora da Uniswap Foundation, na terça-feira (28).

“Um desperdício de tempo, dinheiro da mensalidade e energia para qualquer aluno que espera estudar e apoiar novas tecnologias inovadoras”, afirmou.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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