Estudo mostra que mais de 99% dos day traders têm prejuízo

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(Foto: Shutterstock)

Um estudo feito por economistas à pedido da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostra que menos de 1% deles consegue lucro e que a prática constante não leva à perfeição.

O artigo intitulado “É possível viver de Day Trading?”, dos professores da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP -FGV), Fernando Chague e Bruno Giovannetti, relata que “19.696 pessoas começaram a fazer day-trade em mini índice entre 2013 e 2015; dessas, 18.138 (92,1%) desistiram”.

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A razão para essa desistência é que o prejuízo é bem mais certo do que o lucro. O documento aponta que somando todas as operações feitas pelos 1.558 day-traders que não desistiram se chega a um prejuízo acumulado em R$ 68,4 milhões, sendo que alguns chegaram a perder mais de R$ 1 mil por dia.

Esse estudo escrito nessa terça-feira (05), apenas reforça o que a CVM tem alertado sobre a atuação de analistas no mercado financeiro com seus “relatórios de análises” disfarçados de cursos para traders e dos riscos do mercado.

Realidade dos traders

Apesar de inúmeras propagandas em redes sociais e canais espalhados pelo Youtube prometendo facilidades na operação a partir da interpretação de gráficos, os professores mostram que entre esse mundo perfeito e a realidade há um grande precipício.

Os professores alertam que mesmo contando só os custos de emolumentos e taxa de registro variável cobrados pela B3, sem considerar gastos com corretagem e despesas com plataformas de negociação e cursos, o prejuízo é quase certo.

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“91% (1.415) dessas 1.558 pessoas tiveram lucro negativo. Dos 9% que conseguiram lucro positivo, apenas 13 pessoas (menos de 1%) conseguiram lucro médio diário acima de R$ 300”.

O documento ainda demonstra que o tempo de atuação como day trader não traz aprendizado eficaz para o sucesso do operador.

Se for considerado apenas as 1.558 pessoas que fizeram day-trades em mais de 300 pregões e se excluir as 250 primeiras operações como se fossem uma espécie de aprendizado, ainda assim teremos um número ínfimo de bem-sucedidos.

“Concluímos que a probabilidade de alguém começar a fazer day-trade e conseguir, após o período de aprendizado, uma renda média diária acima de R$ 300, é igual a 15 dividido por 19.696 (0,08%). Considerando-se apenas as pessoas que operaram por mais de 300 pregões, essa probabilidade é 15 dividido por 1.558 (0,96%)”.

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Situação semelhante

Esses números apontados se remetem apenas aos operadores de mini índices, mas os professores afirmam que situação semelhante ocorre com aqueles que operam em mini contrato de dólar.

Do total das 14.748 pessoas que fizeram day trader sob essa modalidade entre 2013 e 2015, apenas 1.131 pessoas que passaram pelo período de aprendizado de 1 ano e continuaram a fazer day-trade.

“A grande maioria teve prejuízo (83% se considerarmos o período todo, 84% se consideramos só os pregões a partir do 250º) e um número bem reduzido de pessoas obteve lucro médio diário acima de R$ 300,00 (16 se considerarmos o período todo, 20 se consideramos só os pregoes a partir do 250º)”.

Perdas com o tempo

Chague e Giovannetti concluem que, independentemente sob qual modalidade a pessoa atue como day trader, há uma grande probabilidade de perdas no decorrer do tempo.

“o resultado esperado do pregão 100 é pior do que o do pregão 1 e melhor do que o do pregão 200. Uma possível explicação é que à medida que a perda acumulada do day-trader vai aumentando, ele vai tomando decisões cada vez mais equivocadas”.

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Os professores dizem que apesar de toda a dificuldade em torno desse ofício de day trader, há um grande aumento de pessoas interessadas no assunto. O número de buscas pelo termo “day-trade” a partir de computadores localizados no Brasil multiplicou por 4 nos últimos 5 anos, segundo dados do Google Trends.

Isso pode ser explicado em parte por causa do alcance das novas tecnologias de informação e da facilidade que algumas corretoras têm criado, relata o documento.

“É hoje muito fácil para qualquer pessoa acompanhar à distância os cursos e salas de day-trade oferecidos pela internet. Além disso, outro fator mais pontual pode também ser relevante. No final de 2018 algumas corretoras especializadas em day-trade de pessoas físicas zeraram a corretagem cobrada nesses tipos de operação”.

A Comissão de Valores Mobiliários, no dia 1º de fevereiro, já havia alertado os investidores sobre a atuação de analistas no mercado financeiro, que tem trazido “relatórios de análise” disfarçados de cursos para aqueles que querem desbravar a árdua estrada de trader.

Samy Dana no Twitter

O estudo foi citado pelo economista e apresentador do programa Conta Corrente, da Globo News. Samy Dana, por meio de seu twitter, parabenizou o trabalho os economistas da FGV.

Na visão de Dana, o artigo deveria se chamar “morrer de trading”. Ele afirma que o problema não está na taxa de sucesso dos traders mas sim no fato de que é crime se fazer propaganda enganosa e que há muitas pessoas perdendo seu patrimônio nessa atividade de day trader.

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O economista já havia criado polêmica ao postar no seu twitter em novembro de 2018 que o Bitcoin era uma bolha.


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