O doleiro Dario Messer, que fechou um acordo dentro da Lava Jato para devolver R$ 1 bilhão, revelou na delação premiada dados de esquemas que usam bitcoin e outras criptomoedas para evasão de divisas. As informações são da CNN Brasil.
Conforme o canal de notícias, que teve acesso a pessoas com conhecimento do acordo firmado com o Ministério Público Federal e com a Polícia Federal, Messer disse que crimes cometidos com criptomoedas são um novo filão.
O homem chamado de o “doleiro dos doleiros” afirmou que não chegou a usar o esquema, mas traçou um perfil dos, digamos, concorrentes de lavagem: seriam jovens, com amplo domínio de computadores e, muitas vezes, baseados fora do Brasil.
A nova geração
O tema parece já ser de conhecimento das autoridades. No início de junho, durante evento online promovido pelo ministério da Economia, o gerente de prevenção e combate à lavagem de dinheiro do Banco do Brasil Vinicius Santana disse que o bitcoin e outras criptomoedas têm substituído o papel dos doleiros na função de envio de dinheiro ilícito para o exterior.
“A gente percebeu que houve em muitos casos uma migração para mandar dinheiro para o exterior por meio de bitcoin e outras criptomoedas”, disse ele.
Para exemplificar a comparação, Santana descreveu como um processo fraudulento de importação pode usar o bitcoin para remeter dinheiro ao exterior. Um papel que, segundo ele, antes era exercido basicamente por doleiros.
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O doleiro dos doleiros
Messer, réu na Operação Lava Jato, suspeito de ter efetuado esquemas milionários de lavagem de dinheiro, vai devolver quase R$ 1 bilhão, conforme, conforme anunciado na quarta-feira (12). A informação foi divulgada pela assessoria do MPF.
De acordo com a força-tarefa da Lava Jato no Rio, o acordo permitirá a coleta de provas para investigações em andamento, tendo já fornecido depoimentos juntados aos autos de processos decorrentes de três investigações sobre esquemas que teve Messer como figura-chave.
Entre essas, está as operações Câmbio, Desligo, sobre esquema de lavagem de dinheiro a partir do Uruguai e que movimentou mais de US$ 1,6 bilhão; Marakata, sobre transações de dólar-cabo para lavar dinheiro em contrabando de esmeraldas; e Patrón, referente ao braço no Paraguai da organização de lavagem de dinheiro liderada por Messer.
Segundo o MPF, o acordo prevê que Messer deverá cumprir pena, inicialmente fechado, de até 18 anos e 9 meses de prisão, com progressão de regime. Outra cláusula previu a renúncia, em favor dos cofres públicos, de mais de 99% do seu patrimônio, estimado em cerca de R$ 1 bilhão.
Os bens incluem imóveis de alto padrão e valores no Brasil e no exterior, além de obras de arte e um patrimônio no Paraguai ligado a atividades agropecuárias e imobiliárias, que deverão fundamentar um pedido de cooperação com as autoridades paraguaias para sua partilha com o Brasil.
Messer, conhecido como “o doleiro dos doleiros”, foi preso em julho de 2019, em uma casa em São Paulo, após ficar foragido desde maio de 2018 .
(Com Agência Brasil)