Imagem da matéria: De Onde Vem e para Onde Vai o Preço do Bitcoin?

No momento de tendência de baixa do mercado de criptomoedas, especialmente do Bitcoin, a descrença, medo e dúvida se o Bitcoin é realmente algo que veio para ficar, aumentam.

Não vou escrever um artigo puramente defendendo o Bitcoin, porém vou argumentar o porquê acredito que o Bitcoin não precise nem ser contestado neste momento. É apenas uma baixa – uma oportunidade para comprar mais, e não para vender.

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Eu acho sua falta de fé … perturbadora

O valor de qualquer coisa vem fundamentalmente do que você pode fazer com isso. Essa utilidade traz um desequilíbrio na relação de oferta e demanda e seu ajuste provocará o aumento ou queda no valor desta coisa. Com o Bitcoin isso não é diferente.

Dinheiro é um meio de troca para adquirir bens ou serviços. Este é um conceito básico que todo mundo – do holder ao trader – deve ter em mente. O conceito original do Bitcoin é ser um meio de pagamento P2P. E é aqui que muita confusão começa.

O preço é simplesmente uma questão de demanda e oferta. Quando a demanda está subindo mais rápido que a oferta, a moeda vai subir de preço. E se a demanda estiver subindo mais que a oferta, o preço cairá.

Desde 2009, a demanda por Bitcoin cresceu muito mais do que a oferta e, portanto, o preço disparou, enquanto o dólar americano, por exemplo, perdeu valor – por ser uma moeda inflacionária – porque a demanda não conseguiu acompanhar a criação de dólares.

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Mas por que a demanda por Bitcoins cresceu?

Por uma série de fatores que não são apenas para enriquecer rapidamente. Este último foi uma consequência. A demanda por Bitcoin cresceu porque ele é um método extremamente eficiente e barato de se transferir dinheiro de um ponto ao outro.

O BTC também conseguiu de certa forma ser uma reserva de valor, principalmente em um mundo onde existem inúmeros exemplos inflação fora de controle e riquezas sendo destruídas.

Portanto, descentralização, controle inflacionário e reserva de valor foram os elementos fundamentais para a crescente demanda e consequente aumento de preço. Mas um ponto ficou esquecido: meio de pagamento P2P.

Transações, meu caro Padawan, transações

Segundo dados do banco central americano, a grande maioria do dinheiro circulando na economia é feita para realizar movimentos financeiros. Pagamentos, comprar e vender ações ou títulos, investimentos e dividendos. 80% de todo o dinheiro movimentado nos EUA são por meio de transferências bancarias, e apenas 3% para cartões de crédito ou débito e 4% para o papel-moeda. O resto ainda é na base do cheque.

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E convenhamos, hoje em dia é bem tranquilo fazer uma transferência via Neteller, Paypal ou Skrill. O Bitcoin possui ainda uma forte concorrência quando o assunto é transações. Some isso ao fato de que ainda existem diversas criptomoedas nas quais o Bitcoin tem que concorrer com disponibilidade de recursos. No momento deste artigo, o Bitcoin não representa nem 0.01% de todas as transações globais. O outro tem 1% e o restante é feito via moedas fiat.

A vantagem que o Bitcoin possui no momento é que independentemente do valor a ser transferido, a taxa de transação será a mesma. Enviar R$10.000 ou R$10.00 de uma wallet a outra possui praticamente o mesmo custo.

Isto não acontece com o cartão de credito nem com outros meios de pagamento, que cobram um percentual do valor transferido. E mesmos que muitos reclamem, uma transação em BTC leva apenas alguns minutos para ser concluída mesmo que seja de um país ao outro enquanto os bancos demoram dias.

Ok, no Brasil temos a TED para transferência entre bancos mas, aqui na Itália, transferir de uma conta a outra no mesmo banco ainda leva um dia e de um banco ao outro leva 2-3 dias úteis. O bitcoin ainda é muito melhor que outros meios para transferências financeiras.

O que complica é o custo da troca. Assim como você paga taxas e spreads quando troca Reais por Dólares, toda vez que converte reais em bitcoins, você precisa pagar taxas e spreads.

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As pessoas fazem isso porque esquecem do P2P. Ainda pensam no BTC como um meio tradicional. Se o sujeito vai comprar um carro em Bitcoin ele tem que converter seus Reais em Bitcoin geralmente via uma Exchange, enviar o Bitcoin para o vendedor que converte os bitcoins em Reais novamente. Tudo isso porque ainda balizamos os preços do BTC na moeda fiat, e não em satoshis. As pessoas medem sua “riqueza” de Bitcoin em Reais ou Dólares, e não no somente em Bitcoins. Isso elimina a vantagem do Bitcoin.

Claro, isto não é uma falha do BTC ou de qualquer outra criptomoeda, mas é uma penalização do mercado sofrida por qualquer moeda minoritária – ter que pagar pela conversão para a moeda dominante.

O que é preciso acontecer então?

Utilidade. O Bitcoin precisa ser útil o suficiente para muitas pessoas de forma a superar a barreira da moeda dominante. Um passo já foi dado quando no mercado de criptos todas as moedas tiveram seus valores referenciados no BTC.

A característica do Bitcoin de ser uma alternativa ao sistema bancário em si é pouco explorada. Nos países desenvolvidos apenas 60% dos adultos são bancarizados. Nas economias emergentes são 50% enquanto na África e no Oriente Médio estes números são 29% e 14%, respectivamente. Entretanto, o numero de pessoas com acesso à internet supera todos estes em ao menos 20 pontos percentuais.

O potencial do Bitcoin em cobrir uma área em que os bancos não são os meios de pagamentos tradicionais, é enorme. As pessoas não confiam em bancos. Seu uso é quase compulsório. Lembre-se de que o bitcoin foi inventado na esteira da crise financeira de 2008, onde as falências bancárias eram comuns.

Outro elemento é a regulamentação. Embora eu seja contra a ausência de regulamentação faz com que muitas empresas e investidores institucionais (aqueles que movimentam 80% de todo o dinheiro) tenham medo ou são até proibidos de usar bitcoins. Gostando ou não, a regulamentação do BTC pode, na verdade, impulsionar a demanda, já que os usuários regulamentados não têm medo de jogar.

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E o ponto final: o quanto nós ainda somos resistentes em fazer transações e principalmente manter nossas economias em Bitcoin? Quantos dos entusiastas defensores do Bitcoin não possuem nem 10% de suas reservas em Bitcoin? É complicado, principalmente com a volatilidade excessiva, causada por todos os fatores acima mencionados neste artigo. E aqui eu começaria a andar em círculos, dado que estamos em um loop que precisa ser quebrado.

O destino do preço (?) do Bitcoin dependerá das escolhas futuras que nós, usuários e entusiastas precoces, faremos. Não é uma questão apenas de sair por ai de porta em porta com o paper do Satoshi em mãos evangelizando todo mundo. A questão é criar um ecossistema no qual o Bitcoin seja o elemento dominante. Após isso, o caminho é sem volta.

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