Tela do DarkIRC chat
(Reprodução/Decrypt)

Um novo serviço de mensagens anunciado como “o chat anônimo mais forte do mundo” foi lançado em versão pré-alfa. O DarkIRC foi criado em resposta à “censura brutal de desenvolvedores de criptomoedas por regimes autoritários”, disse em um tweet o desenvolvedor Amir Taaki.

O serviço de chat é projetado para permitir que os usuários se comuniquem sem rastreamento de identidade. Ao contrário das plataformas de mensagens tradicionais que exigem registro do usuário ou geram identificadores persistentes, o DarkIRC permite que eles alterem seus apelidos a qualquer momento.

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“Sociedade livre significa liberdade de expressão”, acrescentou Taaki. “Isso significa toda a expressão. Sem limites.”

As mensagens transmitidas não são vinculadas a nenhuma identidade persistente, permitindo uma negação plausível de que qualquer mensagem possa ter sido enviada por um determinado usuário no caso de uma investigação.

A “guerra” contra a privacidade

Taaki explicou que o software foi criado em resposta ao “ataque” aos desenvolvedores que trabalham com “tecnologia de liberdade”, como o mixer de criptomoedas Tornado Cash.

“O regime de poder coloca os desenvolvedores que trabalham com tecnologia de liberdade na rede sob ataque. Os desenvolvedores são empurrados para espaços secretos com as costas contra a parede”, disse o desenvolvedor do DarkIRC.

Ele destacou o caso de Roman Storm e Alexey Pertsev, os desenvolvedores do Tornado Cash, que foi sancionado pelo Tesouro dos EUA em 2022.

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Pertsev foi condenado por acusações de lavagem de dinheiro por um tribunal holandês em maio deste ano, recebendo uma sentença de prisão de 64 meses. Storm enfrenta acusações de lavagem de dinheiro nos EUA, onde no mês passado, um juiz distrital dos EUA decidiu que seu caso no Distrito Sul de Nova York poderia prosseguir para julgamento.

Em seu tweet, Taaki afirmou que, durante o caso Tornado Cash, os promotores obtiveram seus chats internos no Signal.

Tornado Cash é um mixer descentralizado trustless, o que significa que os desenvolvedores o implantaram sem ter qualquer controle sobre quem o usa e como. Aprisionar desenvolvedores por outros que usam indevidamente o software que eles não controlam atraiu a atenção — e a ira — de ativistas de privacidade que alegam que isso estabelece um precedente perigoso e afeta a liberdade de expressão.

Rachel Rose O’Leary, uma desenvolvedora na DarkFi, a organização por trás do DarkIRC, explicou que, embora a equipe tenha garantido que há métodos para colaboração anônima, as identidades de alguns membros da equipe, como a dela, não são um segredo. “Estamos cientes de que isso é um risco, é um risco calculado”, disse ela.

“Há uma guerra contra a privacidade e há uma guerra contra os desenvolvedores de privacidade”, disse O’Leary, acrescentando que “estamos correndo esse risco, isso é maior do que nós”.

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Concorrência com Telegram

Taaki também destacou mudanças recentes nas políticas de privacidade do aplicativo de mensagens Telegram, afirmando que, “A UE forçou o Telegram a entregar todos os dados de bate-papo a eles. Este é o novo normal.”

Em setembro, após a prisão de seu CEO, Pavel Durov, na França, o Telegram ajustou suas configurações de privacidade para permitir maior compartilhamento de dados com autoridades governamentais.

O CEO do Telegram, Pavel Durov, anunciou que o aplicativo agora divulgaria endereços IP e números de telefone de criminosos suspeitos ao receber ordens judiciais válidas.

Esses ajustes de política geraram debates sobre o equilíbrio entre privacidade e segurança do usuário, com críticos argumentando que os recursos expandidos de compartilhamento de dados do Telegram poderiam levar ao aumento da vigilância e à redução do anonimato do usuário.

O Tor está comprometido?

A implementação IRC peer-to-peer do DarkIRC permite o uso da rede Tor para aumentar ainda mais o anonimato, dificultando que terceiros rastreiem comunicações de volta para usuários individuais. A plataforma também incorpora medidas para evitar spam e flooding, permitindo que cada canal defina suas políticas de postagem e permitindo que os usuários habilitem moderação opcional.

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Relatórios recentes sugeriram que o Tor foi comprometido, com a polícia alemã sendo capaz de desanonimizar usuários de uma plataforma de mensagens operando através da rede. Investigadores correlacionaram os padrões de tempo do tráfego entrando e saindo da rede Tor juntamente com o monitoramento amplo e de longo prazo dos nós Tor em data centers.

O método empregado pela polícia alemã não funciona quando o usuário se conecta a sites onion. Esses serviços operam inteiramente dentro da rede Tor e não exigem o uso de nós de saída.

A Tor Foundation investigou as alegações e concluiu que o usuário desanonimizado empregou uma versão desatualizada do software de mensagens instantâneas Ricochet. A versão desatualizada é relevante porque não usou o Vanguards-lite ou o complemento Vanguards — nenhum dos quais teria prevenido esse tipo de ataque.

Por esse motivo, tanto a investigação do Tor quanto um relatório independente publicado posteriormente pela empresa de segurança cibernética Malwarebytes declararam que o Tor “ainda é seguro para uso”.

No entanto, O’Leary destacou que a equipe de desenvolvimento do DarkIRC planeja adicionar suporte para mais soluções de anonimato em nível de rede, como Nym, uma mixnet que preserva a privacidade e aproveita provas de conhecimento zero (ZK) .

*Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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