A corretora americana de criptomoedas Kraken anunciou nesta quarta-feira (16) que foi autorizada pelo estado do Wyoming a se tornar um banco. É a primeira vez na história dos Estados Unidos que uma empresa de ativos digitais recebe uma licença do tipo.
Na prática, por ser reconhecida pela legislação estadual e federal, significa que, por ser regulamentada, poderá realizar operações como pagamento de contas e recebimento de salários em criptomoedas. Além disso, estará apta a a fornecer serviços abrangentes de recepção de depósitos, custódia e fiduciários para ativos digitais, como se fosse um cofre regulado.
Os clientes da Kraken nos EUA poderão, por exemplo, fazer transações bancárias sem problemas entre ativos digitais e moedas nacionais.
Conforme o comunicado da empresa, a nova instituição será regulamentada da mesma maneira que os demais bancos americanos.
Desde 2011 no mercado, a Kraken é uma das maiores exchanges de criptomoedas no mundo. Nas últimas 24 horas, a empresa negociou mais de US$ 12 bilhões em criptoativos, somando o mercado à vista e futuro em seus mais de 180 pares de negociação.
“É um game changer”, afirma Courtnay Guimarães, cientista-chefe na BRQ Digital Solutions. “Trata-se de uma empresa de criptomoedas que vai poder ser auditada de tudo que ela faz e, mais importante, de tudo que ela fez no passado”.
Repercussão no mercado brasileiro
Para Daniel Coquieri, COO da exchange brasileira Bitcointrade, trata-se de uma evolução do negócio:
“A Coinbase e a Binance, por exemplo, já oferecem produtos bancários. A regulação vai permitir essa ponte entre os mercados tradicionais e de criptomoedas.
No Brasil, contudo, o executivo acha que esse caminho deve demorar mais, porque a concentração do setor bancário/financeiro na mão de poucas empresas trava a dinâmica da inovação. Mas ainda assim, é um caminho que a corretora pode trilhar.
“Essa autorização é específica para custódia, mas a empresa planeja ampliar e agregar autorizações”, diz Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin.
Na visão de Rabelo, o impacto da autorização é que não será mais necessário contar com a simpatia de um banco, que possuem relações conturbadas com as exchanges de criptomoedas. “Já que há problemas no lado do mercado financeiro, eles tomaram a dianteira. É um caminho similar ao que estamos desenhando no Mercado Bitcoin”.
A maior transparência, acredita Courtnay Guimarães, poderia ter um efeito nas regulações de outros países mundo afora, sobretudo Inglaterra e Europa. “No mercado brasileiro, é possível que tenha algum impacto na Comissão de Valores Mobiliários na questão da custódia. Numa visão mais otimista, seria termos um banco entrante assumindo a mesma postura.