A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou na terça-feira (8) três projetos de resolução que estabelecem uma comissão especial para investigar o escândalo envolvendo a criptomoeda LIBRA, que tem abalado o governo do presidente Javier Milei desde fevereiro.
“O momento chegou para que o Congresso audite se houve algum prejuízo à Argentina: estamos comprometidos com a verdade”, declarou o deputado Pablo Juliano durante o debate parlamentar.
O deputado Gabriel Bornoroni, do partido La Libertad Avanza, saiu em defesa de Milei, alegando que a oposição estaria “criando um espetáculo” porque “estão incomodados com o fato de termos tido superávit fiscal durante todo o ano de 2024 — e neste ano também”.
A votação pela criação da Comissão de Investigação contou com 128 votos favoráveis, 93 contrários e 7 abstenções.
A comissão irá convocar autoridades-chave do governo, incluindo o ministro da Economia, Luis Caputo, e o ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona. Também serão convidados o chefe de gabinete, Guillermo Francos, e Roberto Silva, presidente da Comissão Nacional de Valores Mobiliários da Argentina.
Durante a apuração, a comissão também deverá solicitar informações diretamente ao governo nacional.
A aprovação da investigação pelo Congresso ocorre quase dois meses após Milei promover a memecoin baseada na Solana em sua conta oficial no X (antigo Twitter).
Projeto privado, investigação pública
O polêmico token LIBRA, que Milei classificou como um “projeto privado” voltado para impulsionar o crescimento econômico argentino por meio do financiamento de startups, chegou a atingir um valor de mercado de US$ 4,5 bilhões antes de despencar quase 90% em poucas horas, entre os dias 14 e 15 de fevereiro.
Leia Também
Leia também: O que é LIBRA? A criptomoeda por trás do escândalo político de Milei
Milei apagou a postagem de promoção logo após o colapso do ativo e alegou que “não conhecia os detalhes do projeto”.
Dois dias depois, uma denúncia por fraude foi apresentada em um tribunal criminal argentino. A queda deixou cerca de 75 mil carteiras com perdas superiores a US$ 250 milhões.
A investigação do Congresso argentino ocorre paralelamente a uma apuração judicial que examina possíveis vínculos entre Milei e os desenvolvedores da LIBRA.
Em março, um advogado argentino solicitou a prisão do CEO da Kelsier Ventures, Hayden Davis, que supostamente apresentou o projeto a Milei durante uma reunião em janeiro.
No início deste mês, um escritório de advocacia com sede em Nova York iniciou uma convocação a investidores interessados em apoiar uma possível ação coletiva.
A LIBRA marca o segundo episódio envolvendo criptomoedas com o nome de Milei. Em 2022, ele foi alvo de um processo movido por investidores após promover a CoinX, uma plataforma de investimentos em cripto que prometia retornos elevados, mas que não entregou os rendimentos anunciados.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
- Você tem dúvidas de como montar uma carteira estratégica? O MB quer ajudar você com um portfólio pronto, com as principais criptomoedas relacionadas à inteligência artificial. Clique aqui para responder uma pesquisa e ajudar o MB nesta construção.