Um modelo de negócio nada mais é do que uma combinação de ações voltadas a transformar uma ideia ou conceito em um negócio eficaz. Usualmente, é compreendido ainda como um conjunto de coisas capaz de tornar em produto o que antes era somente uma ideia.
É a partir de um modelo de negócio estruturado que uma organização cria, entrega e captura valor. Conforme o livro Business Model Generation, referência mundial de inúmeros empreendedores, um modelo de negócios é composto pelos seguintes fatores:
- Segmentação de mercado
- Relacionamento com os clientes
- Proposição de valor
- Canais de distribuição
- Fontes de receita
- Recursos-chave
- Atividades-chave
- Parcerias-chave
- Estrutura de custos
Assim, quando fala em “oportunidade de negócio”, usualmente um empreendedor está se referindo a capacidade que enxerga de inovar em um ou mais desses pontos. Ou seja, ele vislumbra uma forma nova ou mais eficiente para criar, entregar e/ou capturar valor no mercado em que atua, a partir de inovações possíveis em pelo menos uma das nove dimensões listadas.
Essas variáveis afetam diretamente o cotidiano de empresas nascentes (startups) e de negócios estabelecidos com uma intensidade crescente. Em boa medida, isso é fruto da revolução trazida pela economia digital a partir da difusão em larga escala do acesso à internet comercial.
O uso de computadores pessoais e de smartphones tornou viáveis dos anos 2000 em diante novas formas de agregação de valor. Isso conduziu tanto à melhoria de serviços tradicionais quanto aos modelos até então inexistentes. Dentre esses, alguns bons exemplos são o conteúdo multimídia vendido por assinaturas digitais, as ofertas de streaming e a maior desintermediação propiciada por serviços como Uber, Mercado Livre, dentre outros.
Esses casos tomados como exemplo demonstram precisamente que os negócios digitais, muitas vezes por aproximar tomadores e provedores de serviços, encurtam a dimensão do canal de distribuição e simplificam a dimensão de relacionamento com o cliente, encontrando aí uma nova forma de agregar valor ao que oferecem, razão pela qual se tornaram bem-sucedidos.
Ou seja, o que se fez foi tirar proveito de uma oportunidade até então hipotética para transformá-la em efetivo modelo estruturado de negócio à disposição do mercado na forma de um serviço inovador.
Em variados casos, esse fenômeno pode ser marcado tanto pelo surgimento de empresas completamente novas (empreendedorismo na visão corrente) quanto pela assimilação ou inovação em processos internos de empresas já estabelecidas (ideia de intraempreendedorismo).
Em ambas as situações, mudanças operacionais, novos perspectivas de mercado ou ambas são comumente as principais forças transformadoras dessas nove dimensões que regem um modelo de negócio.
No artigo acadêmico intitulado Why Business Schools Need to Teach About the Blockchain, o pesquisador Kariappa Bheemaiah explica o que faz com que a tecnologia blockchain seja um grande trunfo para a inovação em alguns mercados:
[…] the Internet of Everything is increasingly becoming part of business reality. Today businesses and societies are noticing that the line between physical and virtual existence is beginning to blur at an increasing rate. In this transitory ambience, the centralized approach to building an IoT business model is expensive, lacks privacy and is not designed for endurance, as it fails to address the issues related to scale and complexity.
As an increasing number of businesses, both large and small, begin to understand the advantage of having a decentralized system, the possibilities that are offered by the Blockchain technology begin to make economic sense. […] In addition, decentralized architectures offer better cost benefits to companies as the peer-to-peer sharing of resources in a distributed network removes dependency on a central server, optimizes resource use and reduces costs.
Refletindo em cima das nove dimensões que caracterizam um modelo de negócios, observa-se na análise de Bheemaiah que a tecnologia blockchain pode ser encarada como uma força que impõe grandes mudanças em variáveis como canais de distribuição e estrutura de custos.
No entanto, o potencial transformador não está limitado a promover uma maior aproximação, ou em alguns casos a própria fusão, entre as figuras do provedor do serviço e o consumidor do mesmo. Tampouco se limita à enorme economia e consequente simplificação na estrutura de custos de um negócio, viabilizada a partir da eliminação de diversas figuras intermediárias, caros processos de auditoria ou terceirização de serviços correlatos.
Ao impactar novas dimensões dos negócios, como o relacionamento com os clientes (a partir de automação via contratos inteligentes), a proposição de valor (viabilizando serviços cuja criação e execução antes era impossível) e as fontes de receita (dada a facilidade com que as moedas digitais podem operar em múltiplos protocolos), a tecnologia blockchain já é tendência em vias de materialização.
Tanto pelo que proporciona em novos serviços construídos ou em construção, quanto pelo potencial que possui para melhorar drasticamente alguns setores tradicionais que venham a implementá-la.
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