A Coinbase, maior corretora de criptomoedas dos EUA, anunciou na quinta-feira (31) que sua esperada listagem direta na bolsa acontecerá em 14 de abril. A empresa divulgará seus resultados financeiros do primeiro trimestre alguns dias antes, em 6 de abril, de acordo com uma fonte próxima à empresa.
O plano é incomum e significativo porque os resultados chegarão poucos dias antes de a empresa oferecer suas ações ao público e, portanto, adicionará uma nova orientação para os investidores que procuram determinar quanto devem valer as ações da Coinbase.
O anúncio veio semanas depois que a Coinbase publicou seus resultados financeiros de 2020 como parte de um processo regulatório obrigatório S-1 antes de ir a público. Esses resultados mostraram que a empresa obteve um lucro de US$ 322 milhões em 2020 com receitas de mais de US$ 1,2 bilhão – um grande salto em relação a 2019, quando a Coinbase teve prejuízo de US$ 30 milhões com receitas de US$ 522 milhões.
O anúncio dos lucros iminentes marcará a primeira vez que a Coinbase divulgou publicamente os resultados de um determinado trimestre. Dada a enorme alta que está ocorrendo desde dezembro, é provável que o primeiro trimestre da empresa seja o melhor trimestre de sua história, que obtém a maior parte de sua receita de comissões de negociação.
Os lucros do primeiro trimestre também devem levar analistas e possíveis investidores a reavaliar o valor das ações da empresa. No final de fevereiro, algumas transações de ações privadas avaliaram a Coinbase em US$ 104 bilhões, um valor que alguns analistas afirmaram ser alto demais. Mais recentemente, a Coinbase divulgou que o preço médio de suas ações vendidas em transações privadas entre 1º de janeiro e 15 de março foi de US$ 343,58 – um valor que se traduz em um valuation geral de US$ 68 milhões.
Se a Coinbase revelar bons resultados no primeiro trimestre, essa avaliação provavelmente aumentará e resultará na cotação das ações da empresa acima de US$ 343.
A chegada da Coinbase à bolsa será um marco importante para o mercado como um todo e também fornecerá uma visão de como Wall Street reage a uma indústria que tem ciclos e volatilidade únicos.
Não está claro, por exemplo, como os mercados podem reagir à chegada de outro chamado “inverno cripto” como o de fevereiro de 2018, quando o preço do Bitcoin caiu 65% e outras criptomoedas despencaram junto com ele.
A decisão da Coinbase de abrir o capital também coincide com um período extraordinariamente frívolo nos mercados mais amplos.
Nos últimos seis meses, inúmeras empresas viram suas ações subirem mais de 100% no primeiro dia de negociação, enquanto também houve uma corrida para investir em SPACs (empresas de aquisição de propósito específico), que são fundos públicos de “cheque em branco” cujo único objetivo é adquirir outra empresa. Tudo isso fez com que o mercado de ações em geral batesse recordes – embora as ofertas públicas na semana passada sugeriram que o ímpeto recente está perdendo força.
No caso da Coinbase, a empresa não está buscando uma oferta pública inicial (IPO) convencional, que envolve trabalhar com os bancos de Wall Street para alinhar investidores que têm a primeira chance de comprar novas ações, normalmente com um desconto significativo. Em vez disso, ao usar uma listagem direta, a Coinbase não emitirá novas ações, mas fornecerá um veículo para os funcionários e os primeiros investidores venderem suas ações a um preço determinado pelo mercado.
A decisão da Coinbase de anunciar os resultados dos lucros antes de sua listagem pública também é altamente incomum, em parte porque as empresas à beira de abrir o capital estão sujeitas a um “período de silêncio” imposto pela SEC que restringe estritamente o escopo de suas comunicações públicas.
Nesse caso, a divulgação de resultados parece se qualificar para uma isenção de período de silêncio que permite às empresas divulgar informações não prospectivas que surgem no curso normal dos negócios.
*Traduzido e editado com autorização da Decrypt.co