Uma juíza federal negou na quarta-feira (18) o pedido da BiT Global para uma ordem restritiva temporária, ao concluir que a empresa, com sede em Hong Kong, não demonstrou que o plano da Coinbase de deslistar o wBTC causaria um dano iminente e irreparável.
“Em última análise, não há evidências concretas sobre o que está por vir”, afirmou a juíza Araceli Martínez-Olguín, do Tribunal Distrital dos EUA, ao advogado da BiT Global. “Não vou impedir a Coinbase de deslistar o wBTC.”
A BiT Global processou a Coinbase na semana passada, alegando que o plano da exchange de deslistar o wBTC nesta quinta-feira (19), enquanto promovia sua própria versão do Wrapped Bitcoin, configurava práticas comerciais desleais. Como custodiante das reservas de wBTC ao lado da BitGo, a BiT Global buscava uma decisão judicial que proibisse a Coinbase de remover o produto de US$ 14 bilhões de sua plataforma.
Em resposta ao processo, a Coinbase declarou que sua decisão foi motivada por “risco inaceitável de que o controle do wBTC pudesse cair nas mãos de Justin Sun“, cofundador da blockchain Tron.
Embora negue vigorosamente as acusações, Sun foi acusado de fraude e manipulação de mercado em um processo da SEC no ano passado. Quando a Coinbase lançou seu produto de Wrapped Bitcoin, chamado cbBTC, em setembro, Sun criticou o token, chamando-o de “Bitcoin de banco central” e um “dia sombrio para o BTC”.
Sun atua como conselheiro da BiT Global, segundo Robert Liu, membro do conselho da empresa, em entrevista à CoinDesk em outubro. No mesmo mês, Liu disse ao Decrypt que Sun também é um “grande financiador” da nova estrutura de custódia do wBTC.
Durante a audiência, a juíza Martínez-Olguín questionou o advogado da BiT Global sobre como uma perda de lucros poderia ser considerada um dano irreparável, como alegado pela empresa. Cyclone Covey, sócio da Kneupper & Covey, respondeu dizendo que houve uma queda de 5% no fornecimento de wBTC imediatamente após o anúncio da remoção de listagem pela Coinbase.
A advogada da Coinbase, Sonal Mehta, sócia da WilmerHale, rebateu afirmando que o volume de negociação de wBTC na Coinbase representa menos de 1% do total global, o que não justificaria “perdas de vendas”. Ela também mencionou que o fornecimento de wBTC já estava em declínio antes do anúncio da Coinbase.
“Este caso trata de permitir que a Coinbase tome medidas necessárias para proteger sua plataforma”, disse Mehta. “Não se trata de monopólios ou reivindicações antitruste.”
O que é Wrapped Bitcoin, wBTC?
O Wrapped Bitcoin, seja emitido pela Coinbase ou pela BitGo e BiT Global, é amplamente utilizado em finanças descentralizadas (DeFi). Lastreado 1:1 com reservas de Bitcoin, o produto permite que usuários utilizem Bitcoin para empréstimos, negociações e operações em aplicativos descentralizados.
A BitGo anunciou em agosto uma parceria com a BiT Global para diversificar o lastro do wBTC de maneira multijurisdicional. Embora a BitGo esteja sediada nos EUA, a empresa também criou uma entidade em Singapura após receber feedback da comunidade.
A BitGo, a BitGo Singapore e a BiT Global possuem uma chave privada cada — sendo necessárias duas delas, no atual modelo de custódia, para criar ou destruir tokens wBTC.
Desde o lançamento do cbBTC pela Coinbase, o suprimento circulante do token alcançou 20.700 unidades, com uma capitalização de mercado de US$ 2,1 bilhões, segundo dados do CoinGecko.
No mês passado, a Coinbase anunciou a integração do cbBTC à Solana, após o lançamento inicial no Ethereum e na Base.
Em entrevista ao Decrypt, Liu afirmou que a Coinbase deslistou o wBTC após uma única troca de e-mails, na qual a BiT Global respondeu a uma “consulta genérica” sobre a nova estrutura de custódia — sem receber retorno.
No entanto, documentos anexados ao processo da Coinbase sugerem outra versão. Um membro da equipe de listagem da Coinbase fez perguntas específicas sobre o wBTC, a BiT Global e Justin Sun em vários e-mails, de acordo com o registro judicial.
Em um e-mail de 24 de outubro, um representante da BiT Global mencionou registros de colaterais para uma versão do wBTC emitida na Tron, abordando dúvidas sobre o lastro do token. Como parte de um painel no site do wBTC, essas informações foram removidas enquanto a viabilidade do wBTC na Tron era reavaliada, segundo Liu.
Atualmente, há poucos projetos DeFi que utilizam o wBTC na Tron, disse Liu. Ele atribuiu isso à falta de compatibilidade entre Tron e Ethereum, dificultando a migração de projetos existentes para a rede Tron.
“Enquanto não resolvermos o gargalo de implementação entre redes, não há demanda real para o wBTC baseado na Tron”, afirmou. “Então decidimos, basicamente, descontinuá-lo.”
Liu também disse que a equipe da BiT Global cresceu para 30 pessoas em Hong Kong e, apesar do escrutínio enfrentado, o projeto conseguiu expandir sua rede de comerciantes institucionais. Ainda assim, ele expressou frustração com o aumento da pressão sobre a BiT Global e o wBTC.
“É chocante”, disse Liu. “Parece que há uma cruzada contra um indivíduo específico, e as pessoas atacam implacavelmente apenas por um motivo: destruí-lo.”
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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