China volta a superar 20% da mineração mundial de bitcoin mesmo com proibição do governo

Estudo aponta que os mineradores clandestinos que permanecem no país encontraram formas de contornar as sanções governamentais
Imagem da matéria: China volta a superar 20% da mineração mundial de bitcoin mesmo com proibição do governo

Foto: Shutterstock

A China voltou a corresponder a uma parcela significativa da mineração de bitcoin do mundo, mesmo que a atividade tenha sido formalmente banida no país um ano atrás, em maio de 2021.

De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (17) pelo Cambridge Center for Alternative Finance (CCAF), a China foi a origem de 21,1% do poder computacional emprestado para validar transações na rede do bitcoin – conhecido como hashrate – em janeiro de 2022. 

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Em setembro do ano passado, essa porcentagem chegou a bater 22,3%, recuando para 18% e 19% nos meses seguintes, até voltar a subir em janeiro.

Neste ritmo, a China voltou a aumentar sua participação no ranking global de mineração. Atualmente, a potência asiática só perde a liderança para os Estados Unidos, cujos mineradores representam 37,8% da rede do bitcoin.

Hashrate do bitcoin por localização
Hashrate do bitcoin por localização (Fonte: CCAF)

Máquinas ligadas

Até o começo do ano passado, a China era a líder absoluta no mercado global de mineração. Em setembro de 2019, por exemplo, o país era responsável por 75% do hashrate do bitcoin.

No entanto, em maio de 2021, o governo chinês intensificou sua repressão ao mercado cripto e diversas províncias do país passaram a proibir a mineração, forçando grandes empresas a sair do país e empurrando os mineradores que permaneceram para a clandestinidade.

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Os dados oficiais do grupo de estudo da universidade de Cambridge, que monitora a mineração do bitcoin, mostravam que a participação da China na rede caiu para zero durante os meses de julho e agosto. 

A proibição da atividade na China impactou diretamente a rede do bitcoin que viu seu hashrate cair para 57,47 Exahashes por segundo (EH/s) em junho de 2021.

No meio tempo, os mineradores foram se realocando em outras partes do mundo. Os EUA se tornaram líderes do setor e outros países da Ásia aumentaram significativamente sua participação no mercado. 

O Cazaquistão, por exemplo, se tornou o terceiro país que mais minera bitcoin no mundo, representando 13,2% do setor em janeiro deste ano.  

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Essa recuperação ajudou o hashrate do bitcoin a subir e, no final do ano, os números já haviam voltado ao período pré-banimento. E não parou por aí. 

“A trajetória ascendente continuou no início de 2022 e culminou em uma nova alta histórica de hashrate de 248,11 EH/s em fevereiro, demonstrando considerável resiliência e flexibilidade do setor de mineração de bitcoin”, destacou o estudo da universidade de Cambridge.

No final de semana, o recorde de fevereiro foi superado e o poder computacional da rede do bitcoin chegou ao nível mais alto da história de 254 EH/s no domingo (15), segundo o BTC.com.

Mineração clandestina

A volta dos mineradores chineses pode ajudar a entender esse número. Segundo os pesquisadores de Cambridge, os grupos que permanecem no país encontraram formas de contornar as sanções do governo chinês.

“Isso sugere fortemente que uma significativa atividade de mineração clandestina se formou no país, o que confirma empiricamente o que os especialistas do setor vêm assumindo há muito tempo”, diz o estudo. 

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A hipótese principal da pesquisa é que os mineradores clandestinos conseguem obter acesso à eletricidade necessária para a mineração, fora da rede estatal de energia. 

As operações de pequena escala geograficamente dispersas também ajudam os mineradores a ocultar suas atividades das autoridades.