O Brasil precisa de uma reserva de Bitcoin para conseguir implementar projetos nacionais grandes como acesso de toda à população ao saneamento básico e melhorias no ensino público. A tese é de Pedro Giocondo Guerra, chefe de gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin, que deu maiores detalhes sobre os motivos para defender a criação de um fundo público brasileiro de BTC.
Guerra fez sua primeira manifestação no dia 25 de março, na cerimônia de posse do novo presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo (FPBC). Agora, na quarta-feira (9), o economista participou do podcast do Fernando Ulrich e deu maiores detalhes sobre como enxerga o tema.
“Se queremos fundos para coisas como a universalização do saneamento básico, das comunicações, mais investimento em infraestrutura escolar, a gente precisa de mais dinheiro e de um um dinheiro com mais poder de compra, um dinheiro que valha mais. E o Bitcoin, de uma maneira muito singela, se apropriando de premissas muito básicas de abundância e escassez, oferece respostas”, disse Guerra.
O membro do governo Lula mostrou ser um estudioso do Bitcoin e do contexto no qual o ativo foi criado: “Precisamos refletir: que mundo é este que estamos após a crise de 2008? No fundo é a resposta que o Bitcoin busca oferecer. Por meio dos instrumentos tradicionais, nós vamos ser capazes de evitar esses riscos sistêmicos? Na era da economia digital, com uma tecnologia como o Bitcoin, eu acho que a gente precisa realmente levar a sério o desenho do Estado que a gente quer, um Estado mais eficiente, e isso que está à disposição.”
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Durante a conversa, Guerra se mostrou com tendências maximalistas, ao dizer que não tem interesse por outros criptoativos, devido a características como falta de descentralização. Também fez um comentário ressaltando que há uma confusão persistente de que a blockchain seria a grande inovação, quando em sua visão o Bitcoin em si teria muito mais a oferecer.
Bitcoin como porto seguro
Um dos grandes debates públicos da política econômica do atual governo Lula é sobre a política fiscal do país e a capacidade de pagar todas as dívidas e poder investir sem criar mais débitos. Guerra acredita que a reserva nacional de Bitcoin pode ajudar muito nesta luta por manter as contas no azul.
“Nós buscamos melhorar a trajetória de endividamento, tem sido um grande esforço do governo, foi criado um novo regime fiscal, a reforma tributária lida com este problema em longo prazo. Mas eu acho que este tema [da reserva de Bitcoin] complementa perfeitamente este debate. Se a gente expandir investimentos, sustentabilidade de longo prazo para investir em áreas como infraestrutura, se a gente quiser repensar as finanças do Estado, por exemplo diversificando as suas reservas, precisamos olhar com seriedade”, disse.
O tema do Bitcoin não é em geral uma agenda popular na esquerda, mas Guerra diz que a reação dentro do governo à suas falas foi muito positiva. Porém, sobre um possível avanço no tema, é cauteloso: “Muita água precisa rolar, são muitos atores envolvidos neste processo, e no limite precisa ser construída uma governança para isso.”
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