Antes de o presidente dos EUA Donald Trump sugerir a ideia de uma “tarifa direta de 50% sobre a União Europeia” na manhã desta sexta-feira (23), o Bitcoin ultrapassou os US$ 111 mil nesta semana, estabelecendo uma nova máxima histórica.
O otimismo em torno do BTC estava levando analistas a debater se este rali é fundamentalmente diferente dos anteriores. Mas, novamente: isso foi antes da notícia que derrubou o mercado, publicada por Trump em sua conta no Truth Social.
Trump quer impor uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de 1º de junho, o que representa mais do que o dobro da taxa imposto pelos Estados Unidos para a Europa no “Dia da Libertação” de 2 de abril.
O Bitcoin registra queda de 1,4% no dia e está sendo negociado a US$ 109.688 no momento da redação, segundo o CoinGecko.
O Ethereum e outras altcoins também estavam em queda. O ETH recuou 4% em relação ao preço de ontem e está sendo negociado pouco acima de US$ 2.500. O XRP caiu 3,7% em comparação com o mesmo horário de ontem e está cotado a US$ 2,34.
Analistas vinham se mostrando otimistas com o rali mais recente. Em vez de ser impulsionado por excesso especulativo, muitos acreditavam que o avanço refletia uma força estrutural mais profunda, sustentada por fluxos institucionais, condições de mercado mais apertadas e mudanças no comportamento dos investidores.
Mas o BTC não superou os US$ 111 mil com facilidade nesta semana. Ele chegou a recuar brevemente em resposta a um leilão fraco do Tesouro americano antes de se recuperar para US$ 111.807 na manhã de sexta-feira na Ásia.
Um rali mas sólido do Bitcoin
Em sua nota de mercado mais recente, a QCP Capital descreveu a tendência de alta como “mais estruturalmente robusta do que a anterior”, citando alavancagem reduzida, ação de preço resiliente mesmo após o leilão fraco, e uma divergência acentuada em relação ao ouro, que tem se mantido estável próximo a US$ 3.300.
“Este rali parece diferente”, escreveram eles. “Menos caça por momentum e fundamentos mais sólidos.”
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A diretora de operações da exchange cripto MEXC, Tracy Jin, disse ao Decrypt que o rali “parece mais estruturalmente sólido do que em ciclos anteriores”, alinhando-se com a visão da QCP Capital de que os fundamentos — e não a especulação — estão impulsionando o movimento.
Ela apontou para o fechamento semanal mais alto da história do Bitcoin, em torno de US$ 106.500, após seis semanas consecutivas de ganhos.
Jin observou que a alavancagem permanece baixa, com os prêmios de futuros em apenas 7%, “em comparação com picos acima de 30% em mercados superaquecidos”, e disse que mais de US$ 1,3 bilhão fluindo para ETFs de Bitcoin em apenas cinco dias indica que “a demanda institucional está liderando o movimento”.
“Cerca de 50 milhões de americanos agora possuem Bitcoin, em comparação com 37 milhões que possuem ouro”, destacou Jin, enfatizando a crescente normalização do Bitcoin como parte das carteiras financeiras tradicionais.
Por outro lado, analistas da B2BinPay focaram menos nos fluxos de curto prazo e mais no ritmo estrutural de longo prazo da história de preços do Bitcoin.
Eles descreveram o rali como uma continuação do padrão cíclico do Bitcoin, dizendo ao Decrypt que “não é algo sem precedentes ou anômalo”, mas parte de uma tendência mais ampla, normalmente marcada por correções de 50%.
Os analistas também alertaram, no entanto, que a fase de correção ainda pode estar por vir, tornando prematuro comparar este ciclo de forma definitiva com os anteriores.
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Sobre a crescente divergência em relação ao ouro, a B2BinPay disse que isso “fala mais sobre a psicologia do investidor e apetite por risco do que sobre qualquer dissociação fundamental”.
Traders já estavam céticos quanto à possibilidade de o Bitcoin ter força suficiente para romper os US$ 115 mil no curto prazo, mas a bomba tarifária de Trump intensificou o ceticismo.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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