Binance processou US$ 8 bilhões em criptomoedas para o Irã e ignorou sanções dos EUA, afirma Reuters

Maior parte das transações teria sido feita usando a criptomoeda Tron para a Nobitex, a principal corretora do país asiático
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Foto: Shutterstock

A Binance processou desde 2018 um volume de US$ 8 bilhões em transferências de criptomoedas para o Irã. A informação é de uma investigação da agência de notícias Reuters em reportagem publicada nesta sexta-feira (4). O país asiático está na lista de sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos.

Segundo a reportagem, quase a totalidade das transferência, US$ 7,8 bilhões, foram feitas da Binance para a Nobitex. Trata-se da maior corretora de criptomoedas do Irã.

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As análises foram conduzidas com dados da Chainalysis, firma que faz investigações via registros em blockchain.

Três quartos das transferências foram realizadas usando a criptomoeda Tron (TRX) que, segundo a Reuters, “dá opções para o usuário esconder sua identidade”. É citada uma publicação no blog oficial da Nobitex, no qual a empresa aconselha o uso da Tron para que os usuários diminuam a chance de perder ativos por conta das sanções americanas.

A unidade do Tron (TRX) é vendida a US$ 0,063115, com alta de 2%, conforme dados do Coingecko. O token faz parte da Tron Foundation, a organização por trás da rede blockchain de mesmo nome e fundada por Justin Sun em 2017. O empresário parece estar por trás da recente compra da exchange Huobi Global, conforme mostra reportagem do Portal do Bitcoin.

A Reuters afirma que as operações continuam sendo feitas e disponibilizou a base de dados que mostram transações realizadas do dia 20 de agosto de 2021 até o momento. Só nesse período houve um total de US$ 1 bilhão em transferências.

Binance anunciou em novembro de 2018 que iria parar de atender clientes no Irã e pediu que os usuários do país liquidassem suas posições na plataforma.

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“Binance causa menos problemas aos iranianos”

A reportagem descreve que a Nobitex publicou em um guia em seu site que aconselha e ensina os clientes a abrirem contas para converter o rial, moeda local, em criptomoedas e transferir esses ativos para corretoras estrangeiras como a Binance, que foi apontada como “a mais confiável” e a que “causa menos problemas para usuários iranianos”.

A Nobitex ainda recomendou que nunca seus clientes transferissem todos os valores em uma transação. Em vez disso, seria melhor criar diversas wallets e fazer transferências menores, para evitar riscos que existem por conta da sanção dos Estados Unidos.

Sanções contra o Irã

Em 2018, os EUA voltaram a impôr sanções ao Irã, após três anos no qual as relações econômicas foram restabelecidas em algum grau. Tudo gira em torno do acordo nuclear assinado em 2015 por Barack Obama e desfeito por Donald Trump em 2018.

A Binance alega que nos Estados Unidos foi criada uma empresa, chamada Binance U.S, que segue todas as normas impostas no país. Mas existe o risco nas chamadas sanções secundárias: são regras que buscam impedir que empresas estrangeiras façam negócios com entidades banidas ou que ajudem pessoas desses países a fugirem do embargo.

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Caso se estabeleça algo nesse sentido, a Binance e a Binance U.S podem ser impedidas de acessar o sistema financeiro dos EUA.

Instituições dos Estados Unidos que violam a sanção contra o Irã podem ser processadas criminalmente e receber multa de até US$ 1 milhão por violação.

Serviço em funcionamento para iranianos

Em julho, a Reuters publicou uma reportagem afirmando que a Binance continuou permitindo que transações na plataforma fossem feitas por pessoas no Irã mesmo após o país asiático ter sido incluído na lista de sanções comerciais dos Estados Unidos em 2018.

A agência de notícias entrevistou sete traders que disseram usar a corretora normalmente até setembro de 2021 — um mês antes de a empresa anunciou regras mais duras para prevenção de lavagem de dinheiro.

Os usuários do Irã disseram que não era necessário nenhuma ferramenta para burlar a sanção e que a Binance pedia apenas um e-mail para prosseguir com os trades.

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Outro lado

Procurada pelo Portal do Bitcoin, a corretora enviou uma nota dizendo que “embora a Binance.com não seja uma empresa americana, nós bloqueamos proativamente os usuários de regiões sancionadas, exigindo KYC (ou conheça seu cliente, procedimentos que exigem diversas informações dos clientes) completo para todos os nossos usuários”.

A exchange diz ainda que “os residentes do Irã estão proibidos de abrir ou manter uma conta. Estamos continuamente atualizando processos e tecnologia à medida que aprendemos sobre novos riscos e exposições potenciais. Como resultado desses esforços, incluindo o monitoramento das transações em tempo real em coordenação com parceiros externos, entre junho de 2021 e novembro de 2022, a exposição da Binance a entidades ligadas ao Irã tem sofrido um declínio exponencial”.

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