O chefão da Unick Forex, Leidimar Lopes, contratou um suposto hacker para invadir sites e blogs e remover reportagens sobre a empresa. Conforme um áudio publicado pelo grupo Desmascarando Pirâmides Financeiras (DPF) no Facebook na terça-feira (25), o crime já estava em curso, pois Leidimar já teria pago o cibercrime.
“Ele vai conseguir tirar do ar, tenho certeza disso”, disse o chefão da Unick que se encontra preso desde a deflagração da Operação Lamanai, em outubro do ano passado. A defesade Leidimar já tentou sua liberdade que por duas vezes foi negada pela Justiça.
No áudio, Leidimar descreve para um interlocutor — não identificado — a conversa que teve com o suposto hacker. As reportagens que seriam alvos foram foram tratadas por ele como “situações”.
“Ele falou pra nós tinha várias situações que ele sabia e que ele que tinha como tirar isso do ar… Enfim, blogs, sites etc e tal”, explicou Leidimar.
Ele descreveu que o contratado lhe enviaria uma lista de ‘situações’ para ser avaliada e assim tirar reportagens do ar.
Leidimar ainda diz que a parceria seria uma troca pra eles ganharem juntos:
“Um parceria é sempre uma troca; nós trocamos uma coisa por outra. Nesse caso, estamos trocando a experiência e o conhecimento dele por algum valor… que já foi passado pra ele”. Ou seja, Leidimar já havia pago um certo valor para o suposto hacker dar início ao crime.
Trader da Unick
Há poucos dias, a Justiça revelou que o trader Marcos Kronhardt foi uma das pessoas que participou ativamente da Unick Forex. Ele foi apontado como o cérebro das operações.
Segundo a Justiça, existem elementos concretos que indicam que trader possui controle de contas da Unick em corretoras no exterior.
Kronhardt chegou a aparecer em vídeo para atrair a confiança dos investidores, num jogo de palavras que sugeria legalidade das operações da Unick por ser uma empresa sediada no exterior.
Porém, mesmo que a empresa não tenha domicílio no Brasil não pode captar clientes no país sem a autorização da CVM.
Em entrevista cedida ao Portal do Bitcoin o Superintendente da autarquia, José Alexandre Vasco, explicou:
“Não faz diferença se a empresa está no exterior ou no Brasil se está captando recursos de pessoas residentes no território nacional, a competência é da CVM. Essa competência é estabelecida pela lei”.
Danter Silva tenta liberdade
Além de Leidimar, Danter Silva, ex-diretor de marketing e o ‘rosto da UNick’ no Brasil, também tentou deixar a prisão. No entanto, ele não conseguiu pagar os R$ 200 mil de fiança, condição dada pela justiça.
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Leidimar criticou clientes da Unick
Em janeiro outros áudios vazados de conversas de Leidimar também vieram à tona. Na ocasião, o chefão da Unick criticou os clientes que pediam o dinheiro investido de volta.
Ele disse que não devolveria os fundos de ninguém, mostrando praticamente qual seria o principal propósito do negócio:
“Por que os que continuam tão tudo certo aqui? Por que eles quiseram cancelar? Eles que vão se F… agora. Não mandei ninguém pedir cancelamento”.
Leidimar dizia que havia organizado a empresa para que as pessoas pudessem continuar no negócio e não sair dele:
“Eu nunca falei pra ninguém que devolvia dinheiro pra alguém. Ou ouviu eu falando alguma vez isso aí pra alguém? Que se F… agora”, disse o cabeça da pirâmide.
Pirâmide bilionária
A Unick Forex estava proibida pela CVM de atuar no mercado, mas mesmo assim permanecia vendendo produtos sob a justificativa de que vendia produtos de educação.
Com a promessa de lucro de 100% sobre o valor investido em até seis meses, a empresa teria captado milhares de clientes.
Após denúncias e investigações, a Operação Lamanai da PF prendeu nove pessoas.
Em janeiro, uma nova denúncia do MPF revelou que a Unick Forex captou R$ 29 bilhões de 1,5 milhão de pessoas.
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