“As pessoas não vão usar Bitcoin para comprar coisas”, diz cofundador do PayPal

David Marcus aposta na rede Lightning Network do Bitcoin – mas como um protocolo monetário universal para transacionar várias moedas, inclusive fiduciárias
David Marcus, PayPal

David Marcus, cofundador do Paypal (Imagem: Anthony Quintano/Flickr/Decrypt)

Mesmo que a maior criptomoeda do mundo esteja empurrando a sociedade para além da “era do fax dos pagamentos globais”, o cocriador do PayPal e investidor de Bitcoin, David Marcus, não acredita que o BTC se tornará jamais um método de pagamento popular ou comum.

“Nossa visão é, na verdade, que o Bitcoin não é a criptomoeda que as pessoas usarão para comprar coisas”, disse o empresário durante uma entrevista no programa Squawk Box da rede de tv americana CNBC na segunda-feira (11).

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O comentário pode parecer surpreendente vindo de Marcus, que cofundou o PayPal e agora atua como CEO da Lightspark — uma empresa baseada na rede Lightning Network do Bitcoin. Mas é nessa rede — uma solução de escalonamento de segunda camada em cima da rede da principal criptomoeda — que ele está fazendo suas apostas.

"We're trying to turn #Bitcoin into a global payment network. There's no universal protocol for money on the internet that enables value to be transported," says @lightspark CEO @davidmarcus. "Our view is $BTC is not the currency people will use to buy things." pic.twitter.com/3fEBTzHxJS

— Squawk Box (@SquawkCNBC) September 11, 2023

A Lightning Network tem como objetivo principal tornar as transações de Bitcoin mais rápidas, mais baratas e mais práticas para pequenos pagamentos. Ela processa as transações BTC separadamente antes de liquidá-las na principal blockchain do Bitcoin, dando velocidade ao processo.

De acordo com Marcus, o objetivo da empresa é transformar a rede Lightning em um “protocolo universal para o dinheiro na Internet”, semelhante à forma como as mensagens de texto são um protocolo universal para comunicação. No entanto, as moedas transferidas através da rede continuariam a ser as moedas fiduciárias que conhecemos e utilizamos hoje.

“Um fragmento de um Bitcoin em cima da Lightning é como um pequeno pacote de dados na internet apenas por valor”, disse Marcus. Os usuários podem enviar qualquer moeda que quiserem — incluindo dólares, ienes ou euros — e receber qualquer dinheiro de sua escolha do outro lado. O Lightning atua como a camada de liquidação “em tempo real”, “de baixo custo” e um “caixa final” que funciona como um intermediário, explicou ele.

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As opiniões do executivo ecoam as de Jack Mallers, CEO da Strike, cuja empresa também aproveita a rede Lightning para transferências globais de moeda mais baratas. O aplicativo carteira digital agora permite remessas mundiais baseadas na Lightning para 65 países como Argentina, Nigéria e Gana, onde os usuários podem receber transações como moeda local em sua conta bancária.

Antes de trabalhar no Bitcoin, Marcus trabalhou no agora extinto aplicativo de carteira stablecoin da Meta, Novi. Entre parcerias fracassadas e reação dos reguladores, Marcus deixou a empresa no final de novembro de 2021, dizendo que seu “DNA Empresarial” o estava encorajando a seguir em frente. Ele lançou a Lightspark seis meses depois.

Outro cofundador do PayPal, Peter Thiel, também fala é entusiasta do Bitcoin, considerando-o uma alternativa aos bancos centrais “falidos” de hoje e ao “regime de moeda fiduciária”.”

Como empresa, a PayPal agora permite que os usuários comprem, vendam e mantenham criptomoedas, incluindo Bitcoin, Ethereum (ETH), Bitcoin Cash (BCH) e Litecoin (LTC). No mês passado, a plataforma de pagamento anunciou sua própria stablecoin, PYUSD, que significa “transformar pagamentos em ambientes Web3 e digitalmente nativos”, segundo comunicado na ocasião.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.