A mídia adora divulgar mentiras sobre as criptomoedas, mesmo quando não é primeiro de abril. Não sabemos se é falta de informação, grande quantidade de publicidade paga pelos bancos, medo de retaliação do governo ou um mix de vários fatores. Veja algumas das mentiras mais divulgadas:
Bitcoin é muito volátil
As ações da maior empresa listada na B3, Petrobras, apresentaram dois dias de quedas de 20% ou mais no mês de março. Se este tipo de movimento inviabiliza o ativo, o erro é na exposição do investidor, ou seja, a alocação em capital de risco.
Títulos do Tesouro, por exemplo, oferecem um retorno previsível, no entanto, as chances de uma surpresa positiva no final do tempo é zero. Já o Bitcoin valorizou-se 12% em Real (R$) somente nos três primeiros meses de 2020.
Bitcoin não possui lastro
O Bitcoin não possui lastro? Há tempos o Dólar, Real, Euros ou Yuans não contam com algo neste gênero. Não há mais conversibilidade garantida entre o Dólar e ouro desde 1971.
Quando o governo precisa de mais dinheiro, basta alterar uma célula em alguma planilha. A prova disto é que que o dinheiro em circulação nos EUA somando depósitos bancários saiu de US$ 4,6 trilhões em 2000 para atuais US$ 15,7 trilhões.
Engana-se quem acha que as reservas internacionais dos países cobrem a quantidade de moedas emitidas, ou parte dela. As reservas internacionais do Brasil, por exemplo, cobrem apenas 30% da dívida bruta.
Utilizado para lavar dinheiro
Novamente, precisamos admitir: criptomoedas são utilizadas para lavar dinheiro. Da mesma maneira pessoas mal intencionadas utilizam notas físicas de dinheiro, ouro, joias, obras de arte, imóveis, restaurantes, franquias da Kopenhagen, e tudo mais que possa se imaginar.
A Lava Jato, por exemplo, mostrou ligação dos cinco maiores bancos do país com lavagem de R$ 1,3 bilhões. É possível notar que o envolvimento dos bancos em crimes bilionários é algo corriqueiro, não só no Brasil, mas mundo afora. Afinal, como seria possível movimentar tamanhos valores, realizar remessas internacionais, sem a participação dos bancos?
A vantagem das criptomoedas é a rastreabilidade e transparência, facilitando o trabalho das autoridades. No sistema tradicional, não é possível realizar uma auditoria, levando a grandes fraudes, como por exemplo Banco Santos (2004), Banco Panamericano (2010) e Cruzeiro do Sul (2013).
Importante: o fato de utilizar um código para determinar o dono de uma carteira de criptomoedas não torna as transações ocultas ou impossíveis de se rastrear. Trata-se apenas de um pseudônimo, ou apelido.
Sobre o autor
José Artur Ribeiro é CEO na Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).