A confirmação da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos nesta quarta-feira (6) foi o estopim para uma forte alta do mercado de criptomoedas. O Bitcoin renovou sua máxima histórica e o sentimento no setor é de que esse ciclo pode se sustentar com vigor para 2025, conforme explicaram analistas brasileiros em entrevista ao Portal do Bitcoin.
Rony Szuster, analista do MB, ressalta que a alta vem não só pelo fato de Donald Trump ter se posicionado como um candidato pró-cripto, mas também que o novo Congresso deve ser muito mais receptivo ao setor.
“A maioria dos deputados e senadores eleitos são pró cripto. Com Trump eleito, o cenário de alta fica muito mais forte por conta das promessas de campanha dele e pelo programa de governo dos Republicanos”, afirma Szuster.
Em Nashville, em julho, Trump foi a atração principal de uma das maiores conferências de Bitcoin do ano. Em seu discurso, o presidente eleito disse que, se retornasse à Casa Branca, garantiria que o governo federal nunca vendesse sua reserva de Bitcoin e que iria demitir Gary Gensler, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).
“Trump disse que vai mudar todo o alto escalão das autarquias dos Estados Unidos e isso é extremamente positivo, porque as figura de Gary Gensler e da Janet Yellen [secretária do Tesouro] são muito anti cripto”, aponta Szuster.
O analista do MB também afirma que a nova administração pode abrir portas para muita entrada de novo capital. “Um exemplo é a aprovação de novos ETFs”, conclui.
Volatilidade e novas máximas
Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, ressalta que a expectativa de políticas mais amigáveis às criptomoedas pode sustentar o otimismo no mercado cripto. “Com um cenário positivo, o Bitcoin poderá buscar novas máximas, com alvo de médio prazo nos U$ 81.300 e possivelmente atingindo a marca de US$ 100.000 em 2025”, afirma.
Beto Fernandes, analista da Foxbit, afirma que até o governo Trump de fato começar, o cenário é de bastante especulação, como foi visto nesta quarta-feira (6). “Em derivativos, por exemplo, mais de US$ 500 milhões em contratos futuros foram liquidados. Isso mostra o quanto o comportamento mais especulativo estava em jogo. Mesmo assim, ainda é um nível bem pequeno comparado a outros bull markets”, diz.
Segundo Fernandes, até o momento não se observou a famosa situação de comprar no boato e vender no fato. “De certa forma, isso converge com a percepção de que as recentes altas de preços estão muito mais vinculadas à forte demanda do que simples especulações de mercado”, afirma.
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“Aspectos regulatórios mais positivos”
Bruno Balduccini, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados, afirma que muito do sentimento de alta vem do aspecto regulatório. “Os órgãos reguladores e fiscalizadores que olham o mercado de cripto americano e que vinham se mostrando mais punitivos e duros com a indústria tenderão a ser menos intervencionistas e buscarão dar mais liberdade para inovação”, diz.
Segundo o advogado, isso deve favorecer o Brasil, “visto que há bastante influência das decisões tomadas nos EUA por aqui, em especial perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)”.
Novas regras e leis
Valter Rabelo, head de ativos digitais da Empiricus Research, entende que o ambiente regulatório mais amigável poderá ser refletido em leis como a FIT-21, que busca trazer clareza sobre como tratar e interpretar criptoativos no Código Penal e no Código Tributário.
“Podemos esperar também a revogação da SAB-121, que é uma regra contábil estabelecida pela SEC, a Comissão de Valores Imobiliários americana, que impede que bancos atuem como custodiantes de cripto. No momento, a gente só consegue fazer custódia lá nos Estados Unidos através de corretoras, tanto é que os ETFs de Bitcoin, a custódia é feita com a Coinbase, por exemplo”, explica.
Espaço para novos projetos
Murilo Cortina, diretor comercial da QR Asset, entende que o cenário apresentado será um ambiente fértil para o desenvolvimento acelerado da tecnologia blockchain em vários aspectos, à medida que os pioneiros do setor ganham confiança em um entorno regulatório mais favorável.
“Isso cria um panorama otimista para outros ativos além do Bitcoin, que também podem apresentar crescimentos expressivos no médio prazo. Setores como o de DeFi, por exemplo, podem se tornar mais atrativos com a redução das taxas de juros, oferecendo aplicações de rendimento (yield) mais vantajosas. Outro exemplo são os “ativos do mundo real” (RWA), que ganham espaço como uma classe emergente impulsionada por um ambiente regulatório e econômico mais receptivo”, afirma Cortina
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