O Bitcoin opera sob pressão nesta semana por um fator que vem do Oriente: a expectativa de que o Banco Central do Japão (BoJ) promova um novo aumento na taxa básica de juros na reunião marcada para sexta-feira (19).
A relação entre a política monetária japonesa e o mercado de criptomoedas passa por um complexo arranjo de fluxos financeiros globais. O Japão é um dos principais polos do chamado carry trade, estratégia na qual investidores tomam empréstimos em países com juros baixos para aplicar recursos em mercados com retornos mais elevados.
Com a perspectiva de alta dos juros japoneses, esse equilíbrio tende a se alterar. Investidores globais são forçados a rever seus portfólios e o mercado de criptomoedas está entre os mais sensíveis a esse movimento.
Em meio a um cenário macroeconômico incerto, a liquidez global diminui e os investidores tendem a reduzir a exposição a ativos de risco, como as criptomoedas. Por isso, o preço do Bitcoin pode oscilar ao longo da semana caso a alta de juros no Japão se concretize.
Fim da era dos juros negativos no Japão
Durante anos, o Japão manteve juros negativos como forma de estimular uma economia estagnada. Esse ciclo começou a se encerrar em março do ano passado, quando o BoJ promoveu o primeiro aumento da taxa básica, impulsionado pela inflação.
Inicialmente, os juros subiram para 0,1%. Em janeiro deste ano, o patamar foi elevado para 0,5%, nível mantido ao longo de 2025, apesar de divisões internas no banco central sobre a necessidade de novos ajustes. Agora, o mercado considera praticamente certa uma nova elevação para 0,75%.
Taxas mais altas tornam os títulos do Tesouro japonês mais atraentes, incentivando a migração de recursos de ativos de risco — como ações e criptomoedas — para instrumentos de renda fixa.
Carry trade japonês: por que o Japão afeta o mercado cripto
Rony Szuster, head de research do Mercado Bitcoin (MB), explica que, em geral, decisões de política monetária com impacto direto na liquidez global estão concentradas nos Estados Unidos. O Japão, no entanto, é um caso particular.
“O Japão é um dos maiores alvos de carry trade do mundo. Muitos investidores fazem dívida em iene, porque são empréstimos baratos, e reinvestem esse capital em outros mercados, muitas vezes em títulos do Tesouro dos EUA”, afirma.
Segundo Szuster, esse mecanismo se tornou um negócio de escala trilionária, envolvendo países, fundos e grandes investidores institucionais. Quando os juros sobem no Japão, a atratividade dessa estratégia diminui, forçando o fechamento de posições e o rebalanceamento de carteiras.
“Os traders vão retirar liquidez de onde ela está mais disponível para fechar esses empréstimos. O mercado cripto é um dos mais líquidos. Por isso, os juros japoneses, nesse caso específico, acabam impactando diretamente os criptoativos”, diz.
Decisão já precificada, mas o risco está na surpresa
De acordo com o especialista, um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do Japão já está amplamente precificado pelo mercado. O impacto relevante viria em dois cenários alternativos: se o BoJ optar por não elevar os juros — o que poderia impulsionar o preço do Bitcoin — ou se surpreender com uma alta de 0,5 ponto percentual, movimento que teria efeito negativo mais intenso sobre os criptoativos.
“As falas e os votos dos participantes da reunião são tão importantes quanto a decisão em si. Mesmo com um aumento de 0,25%, o tom do comunicado pode influenciar a curva futura de juros”, afirma Szuster.
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