Nenhum fabricante de consoles de videogame abraçou publicamente os Tokens Não Fungíveis (NFTs) até o momento, mas a gigante Sony — a empresa por trás dos megapopulares videogames PlayStation — continua fazendo movimentos nos bastidores, conforme revelado nesta semana, quando fez um pedido de patentes relacionadas a NFT.
A aplicação, enviada em setembro de 2021 nos EUA e publicada na semana passada, descreve as intenções da Sony de criar uma infraestrutura digital padronizada, que permitiria aos jogadores possuir e transferir ativos NFT digitais em várias plataformas de videogames, como o próprio PlayStation e da rival Xbox
A Sony propôs que esses ativos pudessem incluir itens de games como skins, obras de arte, avatares, armas ou mesmo habilidades dos personagens.
Além disso, a aplicação de patente propõe que eles pudessem ser “conectados através de uma rede” do PlayStation para consoles de outros fabricantes, bem como através de fones de ouvido VR e AR, Smart TVs e dispositivos móveis.
No final de 2022, a Sony alegou ter 112 milhões de usuários da PlayStation Network. A rede inclui jogadores conectados online no PlayStation 5, bem como consoles mais antigos e hardware portátil.
A Sony de olho nos NFTs
Este não é o primeiro passo da Sony no sentido de estabelecer uma estrutura para ativos NFT. Foi revelado em um pedido de patente, publicado em novembro de 2022, que a empresa japonesa tem feito questão de capitalizar o crescente setor de eSports desde 2021 com uma variedade de colecionáveis digitais dentro desses jogos.
No documento mais recente, no entanto, a Sony afirmou que os sistemas contemporâneos de consoles de jogos são “tecnologicamente inadequados para o proprietário usar o ativo em diferentes jogos e/ou plataformas.”
No passado, a Sony tentou manter seu ecossistema PlayStation Network isolado dos de outros fabricantes de consoles, mas em última análise, cedeu e permitiu o jogo multiplataformas após uma crescente resistência dos jogadores.
O movimento multiplayer multiplataforma da Sony foi, em grande parte, estimulado pelo sucesso do popular jogo de tiro gratuito da Epic Games, Fortnite.
Mesmo assim, quando se trata de ativos tradicionais de videogames que os jogadores compraram e/ou ganharam, os ecossistemas fechados continuam sendo a norma. É uma questão controversa que os defensores da Web3 dizem que a tecnologia blockchain é adequada para resolver.
Atualmente, os ativos de games, como skins e armas no Fortnite, por exemplo, estão vinculados a uma conta ou servidores centralizados específicos — nesse caso, da Epic Games. Portanto, esses ativos não podem ser transferidos ou vendidos pelo jogador a outros jogadores, ou transferidos para fora do mundo do jogo para uso em outros jogos e plataformas.
Na prática, isso significa que os jogadores precisam investir seu tempo e dinheiro na aquisição de itens colecionáveis de prestígio sem os meios de retirá-los do sistema — ou, no pior dos casos, ver eles ficarem inacessíveis se o jogo for encerrado ou enfrentar problemas técnicos.
Jogadores resistem aos NFTs
Muitos usuários se opuseram vocalmente aos NFTs e à tecnologia Web3, mesmo com alguns enxergando essa novidade como potencial benefício para os jogadores. Editoras de jogos como a Ubisoft e a Square Enix enfrentaram um retrocesso considerável por entrar nesse espaço, com críticos citando, entre as várias queixas, fraudes com criptomoedas e preços altos para os principais NFTs profile pictures (PFPs).
A Sony parece estar interessada em um futuro Web3 para a PlayStation com sua crescente pilha de pedidos de patentes.
No entanto, a empresa já havia recuado sobre a noção de que estava se interessando por NFTs. Em 2022, um executivo da empresa rejeitou veementemente as especulações de que seu programa de fidelidade PlayStation Stars tinha algo a ver com NFTs.
“Definitivamente não são NFTs. Definitivamente não”, disse Grace Chen, vice-presidente de publicidade em rede, lealdade e mercadorias licenciadas da Sony ao The Washington Post. “Você não pode comercializá-los ou vendê-los. O programa não utiliza nenhuma tecnologia blockchain e definitivamente não usa NFTs.”
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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