Essa semana o Brasil divulgou o PIB, a soma de todos os produtos e serviços no país, em alta de 1,2% no primeiro trimestre de 2021. Os jornais, cujos principais anunciantes são os bancos — vulgo ‘puxadinho’ do governo — celebraram a notícia.
Acima temos o gráfico do PIB brasileiro em dólar. As expressões utilizadas incluem “zera perdas da pandemia”, e “expansão da economia brasileira”. No entanto, ao analisar o gráfico, com os valores em dólar, seguimos 25% abaixo da média entre 2010 e 2015.
Acima temos o mesmo gráfico de PIB em dólar, porém da Índia, um país no qual 33% da população vive com menos de 60 dólares mensais.
Podemos jogar a culpa no plano desastroso de combate à Covid, na rescisão do contrato da Nike com o Neymar, não importa. O Brasil precisa crescer 5% ao ano por 7 anos consecutivos para retomar o patamar de 2011.
Bolsa na máxima histórica
Os perdedores, para darem continuidade a comemoração de resultados fictícios, vão afirmar que a “bolsa bateu a máxima histórica”.
A inflação, medida pelo IGP-M, acumula 123% em 10 anos, enquanto o Ibovespa subiu 140%. Ou seja, um ganho real de 17% no período, enquanto o S&P500 subiu 215%, ou 190% acima da inflação.
O Brasil quebrou, falta só enterrar o caixão
A verdade é que “96% da arrecadação federal está comprometida com despesas obrigatórias, como pagamento de salários de servidores e gastos com serviços essenciais.”, segundo matéria da IstoÉ Dinheiro.
Não sou especialista em dívida pública, no entanto sei que o Brasil é um dos mais “conservadores” no cálculo — para favorecer o governo. Utilizando as métricas internacionais, nossa dívida/PIB é de 98%. Excluindo países literalmente falidos como Portugal, Líbano, Itália, Grécia, e Moçambique, somos os líderes.
Capacidade de pagar dívidas
O Brasil celebrou no mês passado a arrecadação recorde de R$ 156,8 bilhões, no entanto, quem lê as entrelinhas percebe que o governo havia prorrogado o prazo para pagamento de impostos. O valor acumulado em 2021 é de R$ 608 bilhões.
Novamente, para um leigo, estranha o motivo da celebração, já que o valor nominal nos cinco primeiros meses de 2017 foi de R$ 447 bilhões, que corrigido pelo IGP-M equivale a R$ 725 bilhões. Ou seja, uma queda de 16% em 4 anos. Parabéns aos envolvidos!
Duas saídas: calote ou hiperinflação
Mesmo que aquele banqueiro recém saído da prisão tente lhe enganar afirmando que o atual governo fez milagres, a verdade é que só há duas saídas para o Brasil: calote, rasgando a constituição, ou hiperinflação.
Não há milagre: se não há aumento real de receitas, teremos calote via inflação ou corte em despesas obrigatórias. Não acredite em bandido condenado!
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas.