Imagem da matéria: A era do faroeste do Bitcoin passou
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Quem nunca ouviu histórias de investidores que perderam fortunas em bitcoins por descuidos próprios com as chaves privadas, ou que foram roubados após invasão de hackers? Fatos como esses podem aumentar o medo e a desconfiança na hora de considerar o investimento em criptomoedas. Porém, o que pouco se sabe, é que a infraestrutura operacional aplicada atualmente em bancos digitais ou corretoras, que operam com ativos virtuais, não é tão diferente daquela utilizada pelos bancos convencionais. 

Primeiramente, é importante destacar que existem dois caminhos no mundo das criptomoedas: a custódia terceirizada, feita por meio das corretoras e bancos digitais, ou as carteiras autocustodiantes.

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Ao optar pelas instituições, os investidores transferem para elas a responsabilidade da custódia. Ou seja, todo o armazenamento dos ativos é direcionado para a gestão de equipes muito bem treinadas que, assim como os grandes bancos, dispõem dos melhores recursos tecnológicos para impedir uma invasão e recuperar algum acesso perdido.

Nesse caso, o usuário pode não ter a posse da chave privada, mas todas as transferências conseguem ser rastreadas (sim, os bitcoins são rastreáveis! e veremos com mais detalhes adiante) por justamente serem feitas pelo sistema dessas instituições. 

E se o investidor escolher os apps de autocustódia, ele tem total autonomia para operar o seu investimento, porém toda essa independência tem riscos, visto que se a chave-mestra for esquecida, se houver perda do celular ou caso o HD do computador for comprometido e não houver backup, por exemplo, todo o investimento é perdido.

Bitcoin desaparecido

De acordo com um estudo divulgado pela Chainalysis, empresa líder mundial em segurança na blockchain, estima-se que cerca de 4 milhões de bitcoins estão desaparecidos, pois não são movimentados há mais de cinco anos. Por isso, é recomendado aos investidores iniciantes que deixem a administração sob custódia de um banco ou corretora que opere com criptomoedas.

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Existem instituições financeiras que operam por meio da tecnologia blockchain, que nada mais é do que a tecnologia base das criptomoedas. Ou seja, da mesma forma que o nosso dinheiro fica guardado nas nossas carteiras, os criptoativos ficam armazenados em uma carteira virtual, no computador ou celular dos investidores.

Todas as negociações são registradas e mantidas criptografadas. Essa inovação garante que as transações financeiras sejam realizadas de forma cada vez mais confiável, transparente e segura. 

Ao longo dessas práticas operacionais, os especialistas desses bancos e corretoras buscam mesclar toda a inovação de um banco digital e aproveitar o que há de melhor nos sistemas tradicionais de segurança bancária. Um desses recursos adotados é a cold wallet. Quando o cliente deposita seus bitcoins, uma parte é utilizada para manter o fluxo de transações e a outra fica armazenada offline, totalmente apartada dos sistemas computacionais do banco.

O objetivo é justamente proteger de invasões que poderiam comprometer a saúde financeira das instituições. Mais uma vez, tal prática não se diferencia dos cofres dos grandes bancos, que mantém uma fração do que eles esperam que seja sacado em espécie, e, em caso de um saque de valor maior que o usual é preciso um agendamento prévio.

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Além disso, há o cumprimento de outros processos, como um certo quórum mínimo de assinaturas de controladores internos (uma medida que evita a possibilidade de fraudes e saques de altíssimos valores em todas essas instituições bancárias). 

Outra grande dúvida quando se fala em segurança do Bitcoin é a respeito da possibilidade de rastreamento das operações. O próprio sistema de empresas como a Chainalysis, tornam possível atribuir identificação às transações. Assim, caso haja alguma suspeita de atos irregulares ou criminosos na carteira dos clientes, independentemente do valor transacionado, na grande maioria dos casos a identificação é realizada.

É preciso desconstruir essa ideia de que o Bitcoin é anônimo ou de que é o ativo perfeito para criminosos. A era do faroeste do Bitcoin passou. O negócio de criptomoedas está cada vez mais alinhado ao padrão de segurança do mercado financeiro convencional e apto a garantir um serviço cada vez mais confiável e inovador aos investidores de moedas digitais.

Sobre o autor

Marco Carnut é especialista em Segurança de Sistemas de Informação e sócio-fundador e CTO do Zro Bank. É autor de vários artigos científicos sobre segurança de redes e foi três vezes ganhador do prêmio Tércio Pacitti.

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