Tether, a grande emissora de stablecoins, foi alvo de uma ação coletiva, alegando que as práticas da empresa são “imorais, antiéticas, opressivas e inescrupulosas”, de acordo com a acusação, enviada a um tribunal no sul de Nova York.
Os autores Matthew Anderson e Shawn Dolika disputam a afirmação da Tether de que sua criptomoeda é lastreada por reservas em dólar de 1:1. Essa afirmação foi contestada em tribunal duas vezes este ano e o caso dos autores faz referência ao histórico jurídico duvidoso da empresa.
Tether respondeu rapidamente às afirmações, escrevendo que “a avareza descarada, para a qual esse processo é um exemplo clássico, nunca será digna de pagamento de um satoshi em um acordo”.
Um satoshi é a menor unidade de bitcoin e é igual a 0,00000001 BTC ou US$ 0,000471.
A empresa disse que também iria “discutir e dispensar agressivamente em âmbito judicial” com a acusação e, em seguida, obter indenização de Anderson e Dolika.
Os problemas jurídicos da Tether
Em fevereiro, a procuradora-geral de Nova York Letitia James ordenou a Tether e a corretora de criptomoedas Bitfinex, empresa-irmã com acionistas e gestão em comum, suspendesse a negociação em Nova York e pagasse US$ 18,5 milhões, após investigações estatais concluírem que a Tether não tinha reservas suficientes para lastrear o número de tokens USDT em circulação.
Em outubro deste ano, as duas empresas foram envolvidas em mais má imprensa quando a reguladora independente de derivativos dos EUA, a Comissão para a Negociação de Futuros de Commodities (ou CFTC), multou a Tether em US$ 41 milhões.
A Bitfinex foi multada em US$ 1,5 milhão.
A CFTC alegou que a Tether só possuía reservas suficientes em fiduciárias para lastrear o número de tokens USDT em circulação para um pouco a mais de ¼ do tempo ao longo de um período de 26 meses entre 2016 e 2018.
Quatro dias após a multa da CFTC, Alex Mashinsky, CEO da plataforma de empréstimos com criptoativos Celsius, disse ao Financial Times que a Tether ocasionalmente emite sua criptomoeda lastreada ao dólar como um empréstimo em troca de criptomoedas como o bitcoin (BTC) e ether (ETH); isso viola os próprios termos da empresa e os princípios fundamentais das stablecoins.
Mashinsky afirmou que stablecoins emitidas são destruídas quando são pagas para que não aumentem o fornecimento em circulação.
Por parte da Tether, a empresa tentou ser mais transparente este ano. Em agosto, publicou um relatório de garantia realizado pela auditora Moore Cayman.
O relatório revelou que quase metade das reservas da Tether eram na forma de títulos comerciais e certificados de depósito. Apenas 10% está em dinheiro e em depósitos bancários.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.