Imagem da matéria: Quais são os ETFs de bitcoin que esperam aprovação da SEC e podem turbinar o mercado
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Desde que a primeira solicitação para a listagem de um fundo de índice (ou ETF, na sigla em inglês) de bitcoin foi enviada em 2013, esse tipo de fundo se tornou uma espécie de “santo graal” para a comunidade cripto.

Um ETF é um veículo de investimento negociado em bolsa e que rastreia o valor de um ativo implícito (no caso de um ETF de bitcoin, esse ativo é o bitcoin).

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Defensores de um ETF de bitcoin argumentam que as complexidades de utilizar corretoras, carteiras cripto e chaves privadas ainda são um obstáculo difícil de entrada para novos entrantes ao setor cripto.

Um ETF de bitcoin permite que esses investidores tenham exposição à criptomoeda sem ter de lidar com o armazenamento do ativo.

ETFs de bitcoin já foram lançados pelo mundo, como é o caso do Canadá, Brasil e Dubai. No dia 19 de outubro, o ETF de futuros de bitcoin da gestora ProShares foi lançado na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), tornando-se o primeiro fundo do tipo a ser lançado nos EUA.

No entanto, até hoje, a Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio dos EUA (SEC) rejeitou todas as solicitações de um ETF “puramente” de bitcoin, que oferece exposição direta à criptomoeda, e não a contratos de futuros.

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A SEC sempre mencionou a possibilidade de manipulação de mercado por traders de criptomoedas.

Confira as solicitações pendentes:

1) Valkyrie Investments

Mesmo sendo uma recente novata na corrida, a gestora de ativos Valkyrie enviou uma solicitação para listar um ETF de bitcoin em janeiro de 2021.

O ETF iria utilizar o preço de referência do bitcoin na Bolsa Mercantil de Chicago (CME) e seria negociado na NYSE Arca, “fornecendo aos investidores um meio eficiente de implementar várias estratégias de investimento”, afirmou a empresa em sua proposta.

A custodiante cripto Xapo iria garantir a segurança dos bitcoins do fundo em “armazenamento frio” (off-line).

Em seu documento, Valkyrie reconheceu a volatilidade da criptomoeda (uma das principais preocupações mencionadas pela SEC).

“Essas possíveis consequências de uma falha em uma Corretora de bitcoin pode afetar negativamente o valor das Ações”, afirmou a gestora em uma avaliação de risco.

2) NYDIG/Stone Ridge

O New York Digital Investment Group (NYDIG) e a empresa de consultoria Stone Ridge aproveitaram rapidamente a oportunidade apresentada pela mudança de liderança da SEC, apresentando o segundo ETF a ser apresentado à reguladora em 2021.

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O documento, que data de 16 de fevereiro, foi enviado em um dia favorável ao bitcoin: a criptomoeda havia atingido US$ 50 mil pela primeira vez.

Desde então, a SEC não falou nada. Embora tenha anunciado atrasos para avaliar outras solicitações, ainda precisa anunciar sua avaliação do ETF proposto pela NYDIG.

3) WisdomTree

A gestora nova-iorquina de ativos WisdomTree já tem experiência com a administração de um ETF de bitcoin. Em 2019, lançou um fundo na Bolsa de Valores da Suíça (SIX).

Em março de 2021, entrou para a lista de gestoras candidatas para lançar um ETF de bitcoin americano, propondo que as ações do “WisdomTree Bitcoin Trust” sejam listadas na bZx Exchange (CBOE) sob o código de negociação BTCW.

Desde então, por repetidas vezes, a SEC adiou sua decisão final: primeiro, pediu por feedback público sobre a proposta e, em seguida, anunciou que precisava de mais tempo para considerar as “questões mencionadas” nas cartas de comentário.

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No anúncio mais recente da SEC, em setembro de 2021, a reguladora afirmou que irá tomar uma decisão (de aprovação ou reprovação) do ETF da WisdomTree até o dia 11 de dezembro de 2021.

4) First Trust/SkyBridge

Em março de 2021, o fundo de hedge SkyBridge Capital enviou seu pedido por um ETF de bitcoin à SEC.

A empresa, comandada por Anthony Scaramucci, ex-diretor de comunicações da Casa Branca, já gerencia um fundo de bitcoin, disponível para investidores e com uma alocação mínima de US$ 50 mil.

Semanas após seu lançamento, em janeiro de 2021, o fundo já possuía US$ 370 milhões em investimentos.

No mesmo mês, Scaramucci acreditava que um ETF de bitcoin seria aprovado até o fim de 2021. Em entrevista ao Decrypt, ele afirmou:

Espero que, com a inclusão de Gary Gensler à rubrica regulatória (e de minha compreensão sobre de onde ele está vindo, apesar de eu não o conhecer pessoalmente), é possível que tenhamos um ETF disponível até o fim do ano.

Em maio, NYSE Arca enviou uma solicitação para alterar uma norma a fim de que o ETF de bitcoin da SkyBridge Capital fosse listada na corretora. No início de junho, a SEC havia estendido seu período de avaliação do ETF para agosto.

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5) Fidelity/Wise Origin

Em março de 2021, houve diversas solicitações por ETFs de bitcoin. Dentre eles, estava o “Wise Origin Bitcoin Trust”, da Fidelity.

A notícia não pegou a todos de surpresa, pois Jurrien Timmer, diretor do setor macro global da gestora, havia dito, semanas antes, que o bitcoin possui uma “vantagem única” em comparação ao ouro.

A solicitação do ETF indica que a Fidelity Service Company Inc. atuará como a administradora enquanto Fidelity Digital Assets faria a custódia dos bitcoins contidos no ETF.

Em maio de 2021, a CBOE Global Markets enviou uma proposta para listar o ETF de bitcoin da Fidelity, afirmando que as preocupações da SEC com a manipulação de mercado “migraram significativamente” graças à crescente participação de investidores e à adesão institucional da criptomoeda, que “facilitaram o amadurecimento do ecossistema de negociação de bitcoin”.

No mesmo mês, a SEC havia começado a avaliar a solicitação da Fidelity.

6) Kryptoin

Kryptoin, do estado americano de Delaware, fez sua primeira tentativa de listar um ETF de bitcoin em outubro de 2019; o “Kryptoin Bitcoin ETF Trust” proposto seria listado na NYSE Arca.

A empresa de serviços financeiros fez uma segunda tentativa em abril de 2021 para ser listada na bZx.

Seu documento revisado listou os fornecedores de serviço que a ajudariam no lançamento do ETF, incluindo a corretora cripto Gemini, que forneceria custódia para os ativos adquiridos pelo fundo.

Até o fim daquele mês, a solicitação estava oficialmente sendo avaliada pela SEC que, por sua vez, adiou sua decisão para julho de 2021.

“A Comissão acredita que é apropriado designar um período mais longo para que tome medidas para a mudança à norma proposta e os comentários recebidos”, afirmou a agência em um anúncio publicado em 9 de junho.

Em setembro, a SEC adiou novamente o prazo final para tomar uma decisão sobre o ETF da Kryptoin: 24 de dezembro de 2021.

Esse anúncio da SEC destacou a necessidade de obter mais tempo “para considerar a mudança à norma proposta e as questões apresentadas que foram enviadas [em relação ao ETF]”.

7) Galaxy Digital

Em abril de 2021, a empresa de investimentos cripto Galaxy Digital enviou uma proposta para listar seu ETF de bitcoin. Na época, era a oitava solicitação enviada à SEC.

O “Galaxy Bitcoin ETF” proposto seria listado na NYSE Arca. Galaxy Digital, que gerencia mais de US$ 400 milhões em ativos, também é uma das maiores investidoras institucionais de bitcoin: 16,4 mil BTC (cerca de US$ 10 bilhões).

Em participação à Ethereal Summit de 2021, Mike Novogratz, o bilionário fundador da Galaxy Digital, comentou sobre a relutância da SEC em aprovar um ETF de bitcoin.

Ele argumentou que, sob a administração Trump, a SEC havia aprovado o lançamento do Bitcoin Trust (GBTC) da Grayscale, que não era “tão bom para o consumidor”.

GBTC, de acordo com Novogratz, fazia com que o investidor “comprasse bitcoin a um prêmio 20-30%, sofrendo com a arbitragem de fundos de hedge em um fundo restrito (um ETF teria sido uma solução bem mais elegante)”.

8) Ark Invest

Em junho, Ark Invest, a empresa de investimentos comandada por Cathie Wood, enviou sua solicitação para listar o “Ark21Shares ETF”.

Ark Invest firmou uma parceria com a fornecedora suíça de ETFs 21Shares AG para lançar o ETF. Caso seja aprovado, seria negociado na bZx sob o código de negociação ARKB.

A empresa também foi a primeira a divulgar as taxas do ETF, em que a 21Shares receberá uma taxa de 0,95% para cobrir custos operacionais.

Ark Invest já possui exposição ao bitcoin por ter investido na corretora cripto Coinbase, no fundo GBTC e na processadora de pagamentos Square que, agora, possui mais de 8 mil BTC em seu balanço patrimonial.

Talvez não seja surpresa que a CEO Cathie Wood seja uma grande defensora do bitcoin, argumentando que a criptomoeda representa “uma nova classe de ativos” e que pode se tornar uma moeda de reserva.

9) Global X

A mais recente participante da corrida por um ETF de bitcoin é a Global X Digital Assets, uma gestora de fundos responsável por US$ 131 bilhões em ativos que, em julho, enviou um pedido à SEC.

Caso seja aprovado, o “Global X Bitcoin Trust” será negociado na bZx e administrado pelo Bank of New York Mellon.

O portfólio da GlobalX inclui 89 ETFs, que variam entre tecnologias disruptivas, renda por dividendos de ações, commodities e mercados emergentes.

Seu fundo proposto ainda precisa divulgar o código de negociação ou a identidade da custodiante responsável pela segurança de seus bitcoins, mas afirmou que a custodiante é uma empresa fiduciária com propósito limitado que estará autorizada a fornecer serviços de custódia de ativos digitais no estado de Nova York.

Em setembro de 2021, o fundo da GlobalX era um dentre quatro solicitações de ETFs de bitcoin (incluindo um pedido por um ETF de futuros de bitcoin), cujo prazo final para uma decisão da SEC foi adiado para novembro de 2021.

10) One River

Em maio, One River Asset Management deu início à sua tentativa de listar um ETF de bitcoin, apresentando um fundo de bitcoin neutro em carbono.

Conforme o consumo de energia e a emissão de carbono do bitcoin se tornam cada vez mais debatidos, One River se comprometeu a compensar suas emissões de carbono ao “adquirir e remover créditos de carbono necessários para contabilizar a estimativa de emissões de carbono relacionadas aos bitcoins armazenados pelo Fundo” por meio da plataforma ambiental Moss Earth.

One River também “mostrou ao que veio”, integrando Jay Clayton, ex-presidente da SEC, como seu consultor. Clayton, que entrou para a empresa antes do envio da proposta, liderou a agência durante um período em que todos os pedidos foram rejeitados.

11) Invesco/Galaxy

Em setembro, Galaxy Digital e Invesco enviaram um pedido em conjunto para listar o “Invesco Galaxy Bitcoin ETF”. De acordo com o documento, o ETF também será “fisicamente lastreado” em bitcoin em vez de derivativos, como contratos futuros.

A Invesco Capital Management LLC está promovendo o pedido mas, no momento, ainda não se sabe quem irá custodiar os bitcoins.

A promotora é uma subsidiária integral da Invesco Ltd. A empresa também é a quarta maior fornecedora de ETFs nos EUA, um feito que pode ser útil na futura aprovação de seu fundo.

“Para alguém que está no setor de ETFs há muito tempo”, de acordo com John Hoffman, líder de estratégias de ETFs da Invesco nos EUA, “é bem parecido com o início dos ETFs, entre o fim dos anos 1990 e início dos anos 2000”.

Seu ETF de bitcoin seria o primeiro dentre uma gama de ETFs específicos de cripto que a dupla espera listar nos mercados americanos.

12) Grayscale

O Bitcoin Trust (GBTC), da gestora de fundos de investimento em cripto Grayscale, gerencia mais de 690 mil BTC (equivalentes a mais de US$ 40 bilhões).

Não é novidade que a gestora deseja converter o GBTC em um ETF completo e puramente de bitcoin. Em outubro de 2021, começou o processo, enviando um pedido formal para a conversão.

Caso essa solicitação seja aprovada, a Grayscale poderá cobrar menores taxas de administração, além de facilitar a transferência de dinheiro.

A Grayscale enviou uma solicitação para lançar um ETF de bitcoin em 2016, mas a removeu um ano depois afirmando que “acreditávamos que o ambiente regulatório dos ativos digitais ainda não avançou ao ponto de tal produto ser apresentado com sucesso ao mercado”.

A falta de um ETF “puramente” de bitcoin gerou problemas para a Grayscale e o amplo mercado de bitcoins. Na ausência de tal produto, o GBTC é responsável por grande parte da demanda institucional americana por bitcoin.

No entanto, às vezes, suas ações são negociadas a um prêmio negativo, mais baixo do que o valor do bitcoin implícito por ação. O fundo não tem permissão de resgate das ações em troca do próprio bitcoin, então o mercado não pode consertar essa baixa no prêmio de forma orgânica.

Se um ETF de bitcoin fosse aprovado, permitiria que investidores resgatassem suas ações a qualquer momento. É provável que isso evitaria a aparição de um prêmio negativo e ajudaria a manter as ações próximas ao valor das moedas implícitas.

A Grayscale está pavimentando o caminho para um ETF de bitcoin há tempos, contratando especialistas de ETFs e firmando um acordo com o BNY Mellon, que pode fazer com que a empresa global de investimentos atue como a fornecedora de serviços para o GBTC.

Caso fosse convertido em um ETF, BNY Mellon iria fornecer uma agência de transferência e serviços de ETFs.

Um caminho longo e difícil

O caminho até o lançamento de um ETF de bitcoin é bem longo. Desde que os irmãos Winklevoss enviaram um pedido em 2013, a SEC nunca deu o braço a torcer.

Sempre adiou decisões de diversos ETFs de bitcoin nos últimos anos, fazendo com que empresas como a VanEck retirassem suas solicitações com o receio de que a SEC as rejeitasse.

As principais preocupações da SEC sobre a aprovação de um ETF de bitcoin são relacionadas à falta de transparência nas informações de negociação, manipulação de mercado e a noção de que o bitcoin é bem diferente de outros ativos com os quais já aprovou (por exemplo, o que aconteceria se houvesse uma bifurcação da rede?).

A agência também se preocupa com a falta de liquidez nos mercados.

Em entrevista ao Decrypt, Sui Chung, CEO da fornecedora de índices cripto CF Benchmarks, destacou que, no início, as solicitações de ETFs de bitcoin (como o dos irmãos Winklevoss) eram enviadas por startups, mesmo que já tivessem bastante financiamento.

Agora, os documentos vêm de uma nova leva de solicitantes que estão prontas para enfrentar esses desafios.

“Acredito que muitas das áreas que a SEC já havia mencionado se preocupar, solicitantes não tinham muita experiência no mercado de ETFs, principalmente com os caprichos dos mercados criptos e de como se conectam aos mercados acionários por meio da infraestrutura de ETFs”, disse ele.

Chung acrescentou que, caso fosse desenvolvido da maneira correta, um ETF de bitcoin não precisaria ser diferente de nenhum outro ETF listado na bolsa de valores.

Em agosto de 2021, Gary Gensler, o presidente da SEC, destacou que ele “estava bem ansioso” para a avaliação da comissão de “ETFs limitados aos futuros de bitcoin negociados pela CME”.

Sua sugestão de que a SEC estaria mais propensa a aprovar um ETF de futuros de bitcoin em vez de um ETF com exposição direta ao bitcoin fez com que diversos pedidos de ETFs de futuros de bitcoin fossem enviados, como as propostas da Galaxy Digital e da VanEck.

Em setembro, Gensler novamente destacou seu interesse em ETFs de futuros de bitcoin em seus comentários durante a conferência “Future of Asset Management North America” do Financial Times.

Gensler afirmou que, este ano, “inúmeros fundos mútuos e indeterminados lançados haviam investido em futuros de bitcoin negociados na CME”.

O presidente da SEC notou que a reguladora recebeu diversas solicitações para ETFs de futuros de bitcoin pela Lei de Empresas de Investimentos de 1940 ( “40 Act”).

“Quando combinada com outras leis federais de valores mobiliários, a Lei de 40 fornece proteções significativas a investidores para fundos mútuos e ETFs”, afirmou Gensler.

Em outubro de 2021, o longo processo finalmente chegou a uma conclusão, conforme o primeiro ETF de futuros de bitcoin dos EUA foi lançado na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).

O ETF de futuros de bitcoin da ProShares quase quebrou o recorde de negociação de um ETF, negociando quase US$ 1 bilhão em seu primeiro dia.

O lançamento desse fundo pode abrir as portas para que mais solicitações de ETFs de futuros de bitcoin sejam aprovadas, apesar de uma das gestoras ter abandonado seu plano; Invesco removeu sua solicitação horas antes de o ETF de futuros de bitcoin da ProShares ser lançado.

ETFs de bitcoin pelo mundo

Embora os EUA tenham enrolado, outros países já avançaram. Agora, existem diversos ETFs de bitcoin disponíveis em países como Canadá e Brasil. Além disso, existem diversas notas negociadas em bolsa (ETNs) na Europa, que são instrumentos financeiros muito parecidos.

Ainda assim, apesar de inúmeras rejeições e atrasos, a indústria cripto continua otimista. Em julho de 2021, a corretora cripto Coinbase havia reiterado que um ETF de bitcoin seria “apenas uma questão de tempo”.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização da Decrypt.co.

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