A stablecoin tether (USDT) já havia se envolvido com o tráfico de drogas no passado. Em outubro de 2019, Ivan Manuel Molina Lee foi preso, acusado de lavar dinheiro do cartel colombiano através da Crypto Capital Corp (CCC).
Por “acaso”, era o mesmo parceiro de pagamentos da Tether, que havia remetido para eles US$ 1 bilhão, sem nenhum contrato formal. Alegam não saber o nome completo dos sócios da CCC, segundo informaram à justiça norte-americana.
O fato é que a Tether teve 850 milhões confiscados em contas bancárias de empresas-fantasma utilizadas pelo crime organizado.
Qual a relação entre a Tether e o tráfico de drogas?
Uma operação internacional (Greenlight/Trojan Shield) derrubou em 8 de junho uma rede que utilizava um servidor de mensagens criptografadas, prendendo 800 pessoas ao redor do mundo. O dia seguinte marcou a última criação de tethers em circulação, que completa 32 dias hoje.
A operação coordenada pelo FBI, a polícia federal americana e o DEA, departamento de combate a drogas, conseguiu acessar a rede AN0M, que contava com 12 mil aparelhos de comunicação em mais de 100 países. O serviço era utilizado pela máfia italiana, além de dezenas de grupos de traficantes.
Foram apreendidos 8 toneladas de cocaína, 22 de maconha, 8 de drogas sintéticas, 250 armas de fogo, 55 veículos de luxo, além de US$ 48 milhões em valores fiduciários e criptomoedas.
Existe uma ligação clara entre ambos?
Não. No entanto, existe uma curiosidade sobre a recente operação do FBI: nenhum norte-americano foi preso. A Justiça dos EUA alega que a investigação ainda está em andamento, porém há uma pendência no pedido do órgão para desbloquear uma conta de GMail.
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Existe uma lei na Austrália, onde os servidores foram apreendidos, que proíbe o compartilhamento destas informações sem a decisão judicial necessária. Em resumo, é possível que a burocracia (ou corrupção, sei lá) esteja impedindo o desenrolar dessa história.
O fim de novos tethers é ruim para o mercado?
Não; pelo contrário. Quanto mais desconfiança existir no tether, maior será a demanda por outras stablecoins mais transparentes. No mesmo período, o USD Coin (USDC) saltou de 23,1 para 26,1 bilhões de unidades em circulação. A Binance USD (BUSD) aumentou 1,1 bilhão, e DAI outros 0,7 bilhão.
Pode ser uma nova coincidência?
Lógico. É impossível saber por que a Tether parou de colocar moedas em circulação, ou justificar a quase ausência de resgates na história, que levariam a redução do total em circulação.
Em resumo, muito pouco consegue-se provar sobre a iFinex, grupo controlador da Tether e Bitfinex, e isso vale tanto para o lado positivo (reservas), quanto para o negativo (envolvimento com tráfico).
Por hora, o ideal é seguir longe dessa stablecoin, e evitar deixar criptos paradas nas exchanges que dependem dela.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Em 2017, se tornou trader e analista de criptomoedas. Maximalista convicto, assina também o canal no Youtube RadarBTC.