Desde o início de seu ranking de blockchains públicas, a China jamais colocou o Bitcoin como uma das 10 melhores. O braço de pesquisa o Ministério da Indústria e Tecnologia avalia a tecnologia, aplicabilidade e criatividade de diversos projetos.
Em outubro de 2019, o presidente Xi Jinping afirmou que o governo iria investir em blockchain, inclusive passando a utilizar a tecnologia nas alfândegas, saúde e sistema bancário.
Na semana seguinte, a mídia estatal pediu cautela aos investidores, explicando que a China não estava endossando criptomoedas, e sim a tecnologia blockchain.
O texto deixava claro que Bitcoin e criptomoedas eram de caráter meramente especulativo, portanto um balde de água fria nas expectativas do mercado.
Como a mineração foi parar na China?
O aumento da competição no setor trouxe as mineradoras ASICs, equipamentos com processadores especificamente desenhados para este processo. China, Hong Kong e Tawain são, juntos, mais de 65% da produção mundial de chips.
Não bastasse a vantagem logística, a energia por lá é subsidiada, para incentivar a indústria. Alguns mineradores conseguem contratos de US$ 0,015 por kW/hora, enquanto nos EUA e Canadá sai próximo de US$ 0,025.
A China baniu o Bitcoin?
Sim, em setembro de 2017 todas as exchanges foram obrigadas a sair do país. Algumas exchanges atravessaram a ponte, se instalaram em Hong Kong ou Singapura e passaram a trabalhar exclusivamente com stablecoins.
No entanto, a posse e movimentação entre pessoas físicas seguiu autorizada na China. Por esse motivo, o mercado de balcão (OTC) e p2p (entre pessoas) é tão forte por lá. As próprias exchanges oferecem intermediação nesse formato.
Ao longo dos anos, a China tentou fechar o cerco contra intermediários profissionais, bloqueando contas bancárias e até mesmo ferramentas tipo WePay e AliPay. No entanto, neste jogo de gato e rato, o mercado segue funcionando até hoje.
China e a moeda digital
De fato, o país é um dos mais avançados no uso da moeda digital nacional, o CBDC. No entanto, não há previsão de uso de blockchain no serviço.
Se a China odeia o Bitcoin, é pelo fato de não conseguir controle, banindo endereços, censurando transações, ou similar. O governo não enxerga o Bitcoin como concorrente para a moeda local, pois ao contrário dos EUA, possui grande poder sobre a vida do cidadão.
É importante lembrar que mais de 90% das transações por lá já são feitas de forma digital, e o reconhecimento facial é amplamente utilizado pelo governo.
O futuro do Bitcoin pós-China
Por enquanto o esforço é para obrigar mineradores de Bitcoin a saírem de regiões que dependem do carvão. No entanto, se houver uma saída generalizada, o impacto é positivo para a criptomoeda, pois reduz o temor de concentração.