Imagem da matéria: PAXG: ouro digital e o futuro das stablecoins
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O ouro é um recurso muito importante, que integra a economia desde os primórdios das civilizações. Já foi usado como valor base para muitas moedas, e tem alguns usos tecnológicos modernos importantes. Hoje, seu protagonismo econômico é mais reduzido, e a maioria dos países abandonou o padrão-ouro de lastro monetário. Ainda assim, ele ainda conta com um robusto mercado financeiro internacional próprio.

As negociações de ouro acontecem tanto por balcão como via bolsa, mas esses métodos de transação tradicionais são pouco acessíveis. O investidor se depara com riscos de segurança física e dificuldades no armazenamento do recurso, entre outros.

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Surgiu, daí, um movimento de implementação tecnológica para a atualização do ambiente de negociação de ouro, com base em blockchain. Essa é a proposta da Pax Gold (PAXG), a qual será discutida mais a fundo a seguir.

Stablecoin com lastro em ouro

A empresa Paxos lançou, no final de 2020, uma forma de se negociar ouro diretamente em blockchain: o PAXG. 1 PAXG, ou 1 PAX Gold, é um token 100% digital com lastro em umaOnça Troy, ouro assegurado pela associação LBMA e armazenado em cofres em Londres.

Trata-se de uma criptomoeda gravada na blockchain regulada Paxos, do tipo stablecoin. As stablecoins que temos no mercado são criptomoedas comumente pareadas com o dólar americano, mas também é possível criá-las com lastro em outros recursos – como o ouro.

A principal vantagem está na incorporação da robustez e segurança da tecnologia blockchain à negociação de ouro. Além disso, a posse da token dispensa taxas de custódia, o que não acontece na posse tradicional de ouro físico, em cofres pagos.

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O PAXG ainda é, atualmente, a única forma de se investir em ouro LBMA através de tokens digitais, contudo existem algumas limitações relacionadas à prática:

  • O PAXG só pode ser adquirido por usuários verificados, o que pode gerar preocupações a respeito de cessão de dados e privacidade.
  • Investidores precisam concordar com regulamentações legais que lidam com ativos em circulação oriundos de operações ilegais; isso gera uma obrigação de se acatar ordens judiciais de bloqueio, desbloqueio e exclusão de contas pessoais.

A Startup Paxos

A Paxos Trust Company existe desde 2012. Até o fim de 2020, havia captado US$ 240 milhões em recursos, sendo a principal plataforma de infraestrutura de blockchains reguladas. Seu eixo central está na oferta de opções voltadas para tokenização, liquidação, corretagem de criptomoedas, manejo de ativos e acesso a cripto-serviços, integrando instituições e seus respectivos clientes. No momento, possui sede em Nova York e escritórios em Londres e Singapura.

Em 2020, a empresa de pagamentos online, PayPal, anunciou uma colaboração com a Paxos. O Paypal passou a oferecer suporte a serviços de compra, venda e custódia de criptomoedas, um ato que exerceu influência significativa na valorização de criptomoedas no mercado internacional, naquele ano.

Recentemente, a Paxos se tornou uma empresa regulada pelo Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York, nos EUA. Ela é responsável pela blockchain Paxos, e se tornoua terceira empresa de criptoativos a receber um “Trust Charter”, que é o Alvará de Confiança Federal do Escritório da Controladoria da Moeda dos EUA (OCC). As outras duas empresas predecessoras foram Anchorage e Protego.

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Ela passará, agora, por um período de testes e será avaliada durante um ano. Em seguida, o órgão regulador poderá emitir um alvará definitivo diante da comprovação de uma capacidade de operação segura.

A PAXG e o futuro das criptomoedas

O avanço da empreitada criptofinanceira da Paxos, em sintonia com a regulamentação federal americana, demonstra uma tendência crescente de aceitação dos órgãos governamentais para com esse setor de atividades. O movimento das criptomoedas sofreu muitos bloqueios, boicotes e entraves oficiais globais na última década. Esse comportamento foi principalmente motivado pela incerteza diante de um mercado recém-nascido, ainda pouco conhecido, e de repercussões imprevisíveis a longo prazo.

Apesar disso, o crescimento de startups (como a Paxos), a adesão de muitas grandes empresas multinacionais à criptotecnologia e a associação recente de muitos governos nacionais a empresas de blockchain têm se provado indicadores otimistas, apontando na direção da valorização das criptomoedas como um todo. Existe, hoje, uma tendência geral de se digitalizar todos os recursos financeiros, então não é surpresa que isso esteja acontecendo com o ouro.

E a importância do ouro no mercado financeiro não pode ser negligenciada. Alguns teóricos e economistas afirmam que o metal não possui valor tangível justificável, sendo apenas uma “relíquia de tempos barbáricos”, mas o ouro permanece como uma commodity sólida, de baixo risco. E isso não deve mudar tão cedo, pois, indiscutivelmente, o ouro, enquanto elemento químico, é o que possuias propriedades mais adequadas para uma utilização como moeda física e para o armazenamento de valor pelos humanos.

Estas características contrastam fortemente com as das criptomoedas. Embora existam argumentos para se dizer que estas últimas configuram a forma ideal de moeda – são seguras, práticas, virtuais e instantâneas –, as moedas digitais ainda são um conceito recente e são extremamente voláteis. Além disso, ainda não detém duas propriedades cruciais: confiança e aceitação geral.

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A Paxos incorpora em seu projeto a estabilidade do ouro e a inovação das criptomoedas. E a PAXG é mais uma a representar algo que tem se tornado uma tendência comum: a tokenização de ativos físicos. Essa atitude surge da necessidade de estabilização e atribuição de confiança aos criptoativos, como mencionado, mas também da pressão exercida pela Revolução Digital, para que haja dinamização e desburocratização das negociações mundiais. O que hoje é tendência, o futuro poderá trazer como regra: a disseminação de NFTs e a tokenização de commodities. E o ouro pode ser apenas o primeiro de uma longa lista.

Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. É fundador da empresa Growth.Lat e do projeto Growth Token.

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