Especialistas das Nações Unidas (ONU) acusaram a Coreia do Norte de financiar seus programas militares com dinheiro obtido através de criptomoedas roubadas. As informações estão num relatório enviado ao Conselho de Segurança da ONU na última segunda-feira (8), e que foi obtido pela Associated Press (AP)
De acordo com o documento, grupos hackers ligados ao governo norte-coreano roubaram cerca de US$ 316 milhões (R$ 1,7 bilhão) em criptomoedas. Os ataques em questão aconteceram entre 2019 e 2020. Apesar disso, o valor dos roubos pode ser maior. Em 2019, a ONU afirmou que os hackers norte-coreanos obtiveram US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões) para financiar os seus programas armamentistas.
“A Coreia do Norte continua capaz de evadir sanções e desenvolver seus armamentos, além de importar petróleo refinado de maneira ilícita. O país acessa canais bancários internacionais para conduzir as suas atividades cibernéticas maliciosas”, afirmaram as autoridades da ONU, de acordo com a AP.
Além disso, em 2020, especialistas em segurança cibernética disseram que a Coreia do Norte fomenta ataques e roubos de criptomoedas de maneira oficial. Um dos grupos hackers ligados ao governo do país é conhecido como Lazarus, que atua no universo cibernético ao menos desde 2009 e é conhecido por conduzir vários ataques para obter Bitcoin e outras criptomoedas.
Roubo de criptomoedas financia armas de destruição em massa
O painel de investigação da ONU afirmou, no documento, que os ataques contra instituições financeiras e exchanges de criptomoedas geraram dinheiro para “financiar armas de destruição em massa e programas de mísseis balísticos”, conforme reporta a Associated Press. Inclusive, há suspeitas de que a Coreia esteja produzindo materiais de fissão que podem ser utilizados em armas nucleares.
Parte das atividades ilícitas da Coreia do Norte é facilitada pelo Irã, que também enfrenta sanções da ONU. Através da Korea Mining Development Trading Corporation, o país exporta armas e outros equipamentos militares para o país do Oriente Médio. Ambos os países cooperam para desenvolver armamentos, conforme aponta a ONU no seu relatório.
Por outro lado, o Irã rebateu as acusações da ONU , quando uma versão preliminar do relatório foi publicada em dezembro do ano passado. Os iranianos alegam que as alegações realizadas no relatório são falsas e fabricadas.
O relatório produzido pela ONU ainda não foi lançado ao público, mas pode ter consequências sérias para os norte-coreanos. Ned Price, do Departamento de Estado dos EUA, afirmou à AP que Joe Biden pode rever a sua posição sobre a Coreia do Norte ao ler o documento.