A última sexta-feira foi marcada pela estreia das ações da Mosaico (MOSI3), dona dos marketplaces e comparadores de preço Buscapé e Zoom, na bolsa de valores B3. A ação, que foi lançada a R$ 19,80, encerrou o dia cotada a incríveis R$ 39, uma alta de 97%.
Por que uma alta tão forte?
O conglomerado digital por trás do Buscapé, Zoom e Bondfaro, foi avaliado na oferta pública (IPO) por R$ 2,47 bilhões. No entanto, a demanda dos investidores profissionais foi 20 vezes maior que o ofertado. Além disso, o varejo entrou com pedidos para 18 mil CPFs, totalizando R$ 10 bilhões de demanda.
Ou seja, de largada havia uma demanda reprimida gigantesca, resultando numa alocação muito pequena para os investidores. Por exemplo, um CPF que pediu R$ 100 mil de alocação ficou com menos de R$ 1 mil.
Quanto vale a Mosaico (MOSI3)?
Na cotação de R$ 39, a empresa está avaliada em R$ 4,94 bilhões. Este valor é próximo do valor de mercado de Randon (RAPT4) e JHSF (JHSF3). Vamos então comparar crescimento, receita, lucro e margem das três empresas, embora de setores completamente diferentes.
Entre as empresas analisadas, Randon claramente é a que apresenta menor crescimento, porém seu lucro é cerca de 6 vezes superior à Mosaico. Já a JHSF vêm aumentando bastante sua receita, ao mesmo tempo que consegue um lucro excepcional. Neste caso a situação é ainda pior, pois a mosaico teria que crescer 8 vezes pra chegar no tamanho da JHSF.
Leia Também
Vale a pena comprar Mosaico (MOSI3)?
Não. Embora pertençam a setores diferentes, e da Mosaico ser uma empresa de tecnologia, com potencial para adentrar em serviços financeiros, seu valor atual de mercado já precifica um crescimento de receita de 7 vezes para R$ 1,5 bilhão anuais.
Para complicar ainda mais a situação da Mosaico, os serviços financeiros usualmente apresentam uma margem Ebitda de 10%, muito abaixo do segmento de fidelidade e originação de vendas.
Mosaico (MOSI3) pode subir mais?
Sim. Conforme mostramos na semana anterior, as ações da Gamestop (GME) nos EUA subiram 1.640% mesmo após apresentar prejuízos por 6 anos consecutivos. Não existe nenhuma regra ou força de mercado que possa impedir a alta de uma ação.
Usualmente, após algumas semanas ou meses o próprio mercado acaba se ajustando, pois novas ofertas de ações são lançadas, oferecendo um potencial de alta mais elevado. É justamente esta rotatividade que acaba derrubando as ações de empresas menos rentáveis.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas.