Imagem da matéria: A Centralização que Rodeia o Bitcoin e Outras Criptomoedas

Talvez as coisas não tenham ocorrido exatamente como Satoshi Nakamoto tinha planejado, ou ele ja esperava por isso, não saberemos, mas o conceito de descentralização que envolve a criptomoeda não é seguido por seus usuários, um sistema centralizado é o que possui uma ordem hierárquica, um comando central, uma empresa que controla, em uma descentralização existe um consenso, uma auto organização sem comandante, como um formigueiro, o próprio conjunto de usuários, sem ajuda de nenhuma corporação humana é capaz de manter o sistema, isso é o que acontece com o sistema puro do bitcoin,  alguns usuários podem confundir esse termo achando que as exchanges são descentralizadas pelo fato de existirem varias e de existir um livre mercado, mas a questão não é essa, Exchanges convencionais são centralizadas e apesar da facilidade que trazem, ainda são um grande ponto fraco no sistema, falei sobre o caso do bitcoin aqui, mas muitas das coisas se aplicam a outras criptomoedas do mercado.

Exchanges

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Em um possível cenário de represália estatal da criptomoeda, os primeiros elos a serem atacados seriam os mais fáceis, as exchanges convencionais, por serem centralizadas são muito fáceis de serem paradas pelo estado, basta uma ordem que todas as negociações e saldos sejam impedidos de transacionar, fora os ataques de hackers as empresas, são enormes prejuízos aos usuários, a economia e a reputação da criptomoeda. Os dois casos já aconteceram, e a maioria dos usuários leigos não saberiam como proceder ou como continuar na criptomoeda uma vez educados em sistemas centralizados como outros que já usavam em toda sua vida, tornando-os mau acostumados e não inteiramente adeptos ao propósito da criptomoeda, o estado pode declarar proibição em qualquer sistema por mais descentralizado que seja, mas não passam de palavras, em um pais onde quase que 100% só faz uso e conhece as exchanges convencionais, isso de fato seria um grande baque financeiro e desestimulante, pois além da palavra, as exchanges fechariam e todos com dinheiro lá dentro acabariam o perdendo, mas para nossa sorte já existem projetos funcionando de exchanges descentralizadas, uma espécie de software que permite venda e compra direta de criptomoedas, uma blockchain de trocas com todas as precauções para nenhum dos lados ser enganado (vendedor e comprador).

Mineradores e Bitmain

Existem muitos mineradores, mas esse meio é muito restrito devido a quantidade de investimento que é necessário para se tornar algo realmente rentável, e essa demanda só aumenta, diminuindo o número de pessoas que possam entrar, as piscinas de mineração aumentam os lucros dos mineradores e consequentemente concentram muito poder em suas mãos, a China atualmente possui cerca de 74% do poder de mineração da rede, a BITMAIN empresa criada por Jihan Wu é dona dos dois maiores pools, Antpool e BTC.com que atualmente representam 35% do poder de mineração da rede, fora que tem basicamente um monopólio dos chips ASIC que são os mais usados para a mineração, Jihan Wu já demonstrou apoio a tecnologia bitcoin unlimited que tornaria o tamanho dos blocos algo consensual o que aumentaria o tamanho dos mesmos e dificultaria mais ainda a mineração, diminuindo cada vez mais o número de mineradores e pools de mineração.

A China concentra essa grande porcentagem do poder de mineração devido ao custo baixo de energia, algo um pouco perigoso se a situação na China mudar. Essa é justamente uma das principais vantagens da descentralização; se um ponto em si do sistema for atacado de alguma forma, esse ponto não afetará a rede. Mas parece que as coisas já saíram um pouco do controle, devido a China abranger praticamente todo o sistema.

Desenvolvedores

O número de pessoas que desenvolve e corrige os bugs é um pouco limitado, as propostas de aplicações, mudanças e forks são tomadas por poucas pessoas que possuem grande influência na indústria do Bitcoin, esse número limitado de grandes influenciadores é causado pelos motivos já citados acima, se fosse realmente descentralizado isso não ocorreria. Um exemplo das implicações disso foi o surgimento do SegWit2x, medida que foi proposta por um número reduzido de pessoas, em uma reunião particular de executivos de empresas que trabalham com bitcoin, medida não foi aceita pela rede, mas mostra um pouco do cenário que a criptomoeda pode acabar entrando, o que difere do proposito inicial.

Pelo white paper e pela própria cena da criptografia percebe-se que Satoshi Nakamoto é provavelmente um cypherpunk, que estava focado na privacidade das pessoas, no impedimento da forte intervenção estatal e na descentralização das coisas, o teor especulativo financeiro e o crescente número de corporações que vem tomando conta da criptomoeda, é um pouco irônico levando em conta a ideologia da mesma.

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Estou citando o bitcoin por ser uma criptomoeda histórica que trouxe a tona toda essa ideologia e discussão, mas esses problemas não rodeiam somente o bitcoin, mas quase todas as outras criptomoedas, talvez essas centralizações ajudem a propagação delas e as tornem mais populares, e sirvam como uma espécie de alicerce , ja que ainda estão engatinhando, mas que um dia possamos viver sem, no próprio bitcoin ou adotando outra criptomoeda que facilite e elimine ainda mais a necessidade de gerenciamento humana sobre ela.

 

Para entender mais sobre o que é cypherpunk e toda ideologia que rodeia o universo das criptomoedas, descentralização e blockchain vocês podem ler esse artigo que escrevi no meu Medium: https://medium.com/culturahacker/blockchain-p2p-e-a-internet-para-qual-posicionamento-pol%C3%ADtico-a-tecnologia-tende-5fa28ab12f6e

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