Na tarde de domingo (26) o Bitcoin subiu US$ 800 dólares em apenas uma hora e chegou a ser negociado a US$ 8.800. Apesar da leve correção nesta segunda (27), especialistas afirmam que a tendência de médio prazo é de alta.
“Chegaremos à marca de US$ 10 mil”, essa é a estimativa do analista e cofundador do Radar BTC, Marcel Pechman, para o Bitcoin esse ano. Ele diz que o cenário de alta do preço deverá ser uma constante em 2019.
“A alta recente foi uma recuperação saudável provando que a queda causada durante o “inverno das criptos” foi exagerada”.
Pechman aponta que essa queda se iniciou em 14 de novembro do ano passado às vésperas do Hash Wars, que ele descreveu como “uma briga de poder de mineração entre Bitcoin Cash ABC e Bitcoin Cash SV”.
O Bitcoin já cumula mais de 100% desde o início de abril, quando a criptomoeda saltou de US$ 4.000 para US$ 5.000 em apenas um dia.
Bitcoin em alta
De acordo com Hélio Silva, CEO da startup Cloudbit.me e fundador do projeto Bitcoinkids, a cada dia há um aumento de interesse pela tecnologia por trás do Bitcoin e em contrapartida tem também o fenômeno conhecido como “Halving”.
Silva explica que o incentivo para a mineração de Bitcoins se reduz pela metade a cada quatro anos, o que torna a criptomoeda mais escassa.
“Hoje esse incentivo está em 12,5 Bitcoins por bloco minerado. Com essa redução teremos número menor de bitcoins sendo dado como incentivo para cada bloco minerado. Mantendo assim a escassez da moeda e aumentando a sua procura”.
Contudo, a procura depende de confiança nesse ativo e as notícias influem bastante no mercado. Pechman afirma que esse mês foi repleto de novidades alavancadoras.
“Dentre os exemplos podemos citar o projeto da Microsoft (Quorum) em parceria com o JP Morgan em 2 de maio; a confirmação da mesa de negociações de Bitcoin para clientes da gigante Fidelity em 6 de maio e o anúncio dos testes da Flexa/Spedn oferecendo pagamento via criptos nas gigantes varejistas Barnes & Noble, Office Depot e Whole Foods no último dia 13”.
O aporte de US$ 182 milhões na Bakkt que ocorreu em 31 de dezembro do ano passado também foi um fator importante, na visão do analista.
Com esse interesse de instituições da mainstream como a JP Morgan, Silva aponta que haverá um número crescente de pessoas interessadas nesse ativo.
“Em alguns anos teremos um número maior de pessoas adotando os criptoativos como reserva de valor”.
Cautela com a euforia
Como em todo mercado de risco a cautela é algo que pode evitar perdas. Na visão de Richard Rytenband, CEO da Convex Research, apesar de se ter um cenário favorável a médio e longo prazo, o mercado está exposto ao fenômeno conhecido como efeito Noé em que pode haver uma repentina queda no valor do ativo.
“No caso atual, estamos na iminência de um efeito Noé no curto prazo, horizonte de 1 a 3 meses, ou seja, uma correção nos preços é iminente”.
O efeito Noé, explica Rytenband, é algo presente nas flutuações de preços. O termo foi criado pelo matemático, pai da geometria fractal, Benoit Mandelbrot.
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“Isto é após um gatilho de alta, os preços continuam a subir por inércia e quando este fenômeno se intensifica, como o caso atual, temos um descolamento dos preços dos fundamentos. O realinhamento entre preços e fundamentos ocorre de forma abrupta e sem aviso”.
Ele, no entanto, diz que para o prazo de um ano “as condições continuam muito favoráveis no ecossistema do Bitcoin”.
Os três ‘movimentos’ do ativo
Para Fausto Botelho, CEO da Enfoque e analista técnico de Valores Mobiliários, estamos vivenciando o terceiro movimento do mercado em que se tem a entrada do mainstream e a especulação em torno dele.
Botelho explica que Charles Dow dividiu o mercado em movimentos. Com essa teoria de Dow fica mais fácil se compreender o que está havendo com o Bitcoin.
De acordo com o analista da Enfoque, o primeiro movimento do Bitcoin ocorreu em 2011.
“O primeiro movimento aconteceu quando o Bitcoin saiu de US$ 5 para US$ 1 mil. Havia a expectativa de que ele seria uma moeda. O Bull Market acontece nessa expectativa da melhoria da economia”.
O segundo movimento que precedeu o momento atual foi na efetiva melhora de economia.
“Nessa fase temos o Bitcoin saindo de US$ 200 e indo para US$ 20 mil. Corretoras já estão negociando a criptomoeda, ele passa a ser notícia, as pessoas falam dele. Esse foi o momento em que o Bitcoin vingou”.
De acordo com Botelho, o terceiro movimento é quando entra a euforia e vem a especulação de mercado. Ele afirma que nesse momento vem o interesse do mainstream do mercado como a notícia de parceria da Microsoft com a JP Morgan.
Alta controlada
O analista afirma que nesse terceiro movimento, testemunhamos o anúncio da Bakkt em negociar contratos futuros em Bitcoin o que teria sido um fator importante para a alta que houve no início desse mês.
“Estamos vivendo o terceiro movimento. Em 2018, só houve uma correção”.
Assim como Pechman, ele acredita que em breve o ativo deve atingir os US$ 10 mil, mas após isso não deverá ter uma nova alta tão cedo. Isso coincide com o que foi dito por Rytenban sobre o risco efeito Noé em pouco tempo.
Mas, Botelho ainda mantém a sua visão a longo prazo de que a criptomoeda pode ultrapassar a casa dos US$ 65 mil.
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