Começarei este artigo contando uma história que fará muitos recordarem dos seus tempos de escola. Os primeiros registros da descoberta do ouro no Egito datam de 4,6 mil anos atrás. Aproximadamente 1,2 mil anos depois, o metal, hoje associado à riqueza, passou a ter justamente essa conotação.
Ao longo dos anos, o ouro foi ganhando espaço como meio de troca e reserva de valor e se consolidando como moeda justamente por essas características, hoje presentes em outros ativos – falaremos deles a seguir.
A importância do ouro, efetivamente, como moeda e no imaginário popular, ultrapassou milênios. Ele foi utilizado no Império Romano, na Europa da Idade Média e nas expansões territoriais. Chegou ao século XXI com essa reputação praticamente intacta.
E, embora tenha perdido sua função de moeda no dia a dia, ainda é visto como uma espécie de refúgio seguro na economia global, sobretudo em períodos de crise, um hedge, ou seja, ativo de proteção.
Considerando o período a partir da década de 1980, é possível constatar que a moeda possui um histórico de picos, com pequenos períodos de queda no valor global. O preço futuro de 1 onça troy, equivalente a 28,3495 gramas, saiu de US$ 681 em janeiro de 1980 para US$ 1.966 em outubro de 2023, sendo que em julho de 2020 chegou à marca de US$ 2.026.
Mas você deve estar se perguntando: por que eu, que trabalho com o que existe de mais avançado em moeda digital e vivo em um mundo tokenizado, estou dissertando, neste artigo, sobre ouro?
Bem, um dos maiores receios de quem investe em criptomoedas — em um mundo em que a economia se encontra cada vez mais digitalizada, recheada de especulações e inserida em um cenário flutuante — é estar atrelado a grandes variações de preços. Esse é um receio, sobretudo, daqueles com maior aversão ao risco. Sim, se o seu perfil é conservador, é provável que as criptomoedas representem uma parcela bastante reduzida do seu portfólio.
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O que, hoje, apresenta um enorme lucro, amanhã pode estar em baixa e vice-versa – sempre lembrando que lucro ou prejuízo só ocorrem, efetivamente, quando realizados. Esses são cenários extremos.
Mas o fato é que existem criptoativos que, em tese, prometem menor risco de grandes flutuações de preços. Me refiro, principalmente, às moedas digitais dos bancos centrais, as famosas CBDCs. Mas também às chamadas stablecoins.
Essas últimas podem estar atreladas, por exemplo, ao dólar americano e, sim, ao ouro. Mas como é feita essa digitalização? Foi criada em 2019 a PAXGOLD, criptomoeda lastreada no metal – em outras palavras, uma versão digital de barras de ouro. Cada token dessa stablecoin representa 1 onça troy. Desde sua criação, a criptomoeda teve valorização constante, passando de US$ 1.514 no seu lançamento para a cotação atual de US$ 1.955 (em 6 de novembro), com uma valorização de quase 30% no período.
E aqui chegamos à praticidade dos nossos dias com as características milenares de “porto seguro” do ouro. Simples e prático, bastando a compra via corretora, e, claro, sem os riscos de armazenar o ativo fisicamente. Um ouro “tokenizado” garantindo, além de todos os benefícios citados acima, a segurança e programabilidade da blockchain. No caso da PAXGOLD, o valor está vinculado à cotação do ouro no mercado internacional. Essa moeda é construída na blockchain da Ethereum.
Você talvez já tenha ouvido de algum parente que é importante ter alguma reserva em ouro bem guardada para momentos de necessidade. Que tal fazer isso por meio de uma wallet eletrônica? E, não, não se trata de uma dica arcaica, muitos analistas sugerem algum porcentual da carteira em ouro.
Aliás, como diria um grande comunicador brasileiro, barras de ouro valem mais do que dinheiro. No mundo digital, também.
Sobre a autora
Juliana Felippe é Enterprise Partneship Manager da Paxos no Brasil.