No início da história da principal criptomoeda, os céticos à tecnologia insistiam em dizer que o Bitcoin era prejudicial por ser uma “moeda de criminosos”. Acusavam o ativo de ser usado para atividades ilícitas.
Mas o tempo provou que o número de transações ilegais com criptomoedas corresponde a um percentual baixíssimo: de acordo com relatório do ano passado da empresa de pesquisas Chainalysis, apenas 0,15% das transações com moedas digitais são ilegais.
Atualmente, as criptomoedas estão sendo reconhecidas como uma solução para problemas que antes eram atribuídos a elas.
O uso de criptomoedas pode ser uma ferramenta poderosa na luta contra a corrupção e na promoção da transparência. Isso se deve a algumas características únicas da tecnologia blockchain, como descentralização, anonimato e transparência.
Uma das principais vantagens das criptomoedas é a sua descentralização, ou seja, elas não dependem de intermediários para funcionar. Isso significa que as transações são realizadas diretamente entre as partes, sem a necessidade de um terceiro para validar ou autorizar a transação.
Dessa forma, o risco de desvio de dinheiro ou fraude cai, pois não há intermediários que possam ser subornados ou enganados.
Outra forma pela qual as criptomoedas podem ajudar a combater a corrupção é através de contratos inteligentes. Esses contratos são programas de computador que permitem a execução automática de acordos – que também removem a necessidade do intermediário.
Isso significa que um saldo pode ser bloqueado e ter seu uso somente autorizado para fins e endereços pré-determinados. O valor pode ser passado de forma automática ao se cumprirem os requisitos estabelecidos
Assim, o orçamento de um governo poderia ser dividido em carteiras digitais, cada uma delas destinada a um órgão ou projeto específico. As transações seriam registradas de forma imutável em blockchain, permitindo que qualquer pessoa verificasse como o dinheiro está sendo gasto.
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Esse caso de uso com contratos inteligentes para gerenciar o orçamento do governo reduz o tempo e os custos associados à prestação de contas, além de aumentar a transparência e diminuir o risco de corrupção.
Fim da propina
E ser transparente dá mais uma vantagem às criptomoedas… Como todas as transações são registradas, não é possível usá-las da mesma forma que maus políticos fazem ao pagar propina.
Com dinheiro tradicional, quando um parlamentar corrupto faz um repasse indevido, geralmente ele usa dinheiro vivo, para que não haja um histórico do pagamento efetuado. Com criptomoedas, o registro é sempre mantido, de forma imutável, o que torna mais difícil esconder transações ilegais ou fraudulentas.
Em resumo, o uso de criptomoedas e contratos inteligentes pode ser uma forma eficaz de combater a corrupção e promover a transparência, pois reduz o risco de desvio de dinheiro e facilita a prestação de contas.
No entanto, é preciso lembrar que essas tecnologias não são a solução mágica e devem ser usadas em conjunto com outras medidas para combater a corrupção de forma efetiva.
Seria bom se o governo tivesse tanto afinco em estabelecer meios de inibir a corrupção quanto parece ter em regular o mercado de criptoativos.
Mas se não temos controle sobre o que o governo faz, ao menos podemos utilizar as criptomoedas para ter maior autonomia sobre o nosso dinheiro.
Sobre o autor
Fabrício Santos é especialista em blockchain e criptomoedas da Criptomaníacos, contribuindo no setor de conteúdo, produto e pesquisa na empresa desde 2019.