O regulador financeiro das Bahamas – país caribenho que sedia a falida corretora de criptomoedas FTX – classificou a nova administração da empresa como “arrogante”, ao rejeitar as declarações feitas pela exchange em colapso.
Em um comunicado divulgado na noite de segunda-feira (2), a Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas (SCB) procurou “corrigir distorções” feitas pelo novo presidente-executivo da FTX, John J. Ray III, como parte do processo de falência da companhia.
Entre os pontos contestados pela executivo estavam os próprios cálculos da SCB sobre o valor dos ativos que a Comissão detém desde que a FTX pediu concordata no mês passado.
Securities Commission of The Bahamas Corrects Material Misstatements made by Chapter 11 Debtors pic.twitter.com/FkSXEt9fz5
— Securities Commission of The Bahamas (@SCBgov_bs) January 3, 2023
Esses criptoativos valem US$ 3,5 bilhões, de acordo com as autoridades das Bahamas, embora o preço seja baseado no valor de mercado na época em que foram apreendidos, com seu valor atual provavelmente muito menor. Mas a FTX contestou os cálculos e disse que esses ativos valiam apenas US$ 296 milhões na época em que as Bahamas os assumiram.
Guerra entre as entidades
Em um processo judicial que corre como parte da falência da FTX, a nova administração disse que estava sendo vítima de “obstrução” pelo SCB, dizendo que o regulador e outras autoridades das Bahamas demonstraram “uma completa recusa em fornecer qualquer informação, incluindo uma contabilidade de bens desviados”.
Mas o SCB reagiu, dizendo que a declaração da FTX foi baseada em informações incompletas e que os devedores optaram por não usar sua capacidade de solicitar informações dos liquidatários que supervisionam o processo de falência.
“A contínua falta de diligência dos devedores dos EUA ao fazer declarações públicas sobre a Comissão é decepcionante e reflete uma atitude arrogante em relação à verdade e às Bahamas que foi exibida pelos atuais oficiais dos devedores desde a data de sua nomeação por Sam Bankman-Fried [criador da FTX]”, disse o SCB.
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O comunicado também atira especificamente contra John J. Ray III, que foi nomeado CEO substituto de Bankman-Fried no dia em que a empresa pediu concordata.
“O senhor Ray nunca procurou a Comissão para discutir nenhuma de suas preocupações antes de divulgá-las publicamente”, disse o SCB. “A Comissão ainda não recebeu uma resposta à sua carta de 7 de dezembro de 2022 ao Sr. Ray oferecendo cooperação com os devedores”
Bens apreendidos no centro do desacordo
Os ativos controlados pela Comissão têm sido a causa de grande parte da discórdia entre os reguladores e os novos patrões instalados pós-falência.
Em sua última declaração, a SCB respondeu a outra reclamação feita pelos devedores, de que os fundos em questão foram “roubados”, bem como rejeitou as alegações “infundadas” de que instruiu os funcionários da FTX a cunhar US$ 300 milhões em novos tokens nativos FTT.
A SCB disse anteriormente que obteve uma ordem judicial para proteger os ativos devido a preocupações com sua segurança em meio a ataques cibernéticos que atingiram a FTX em meados de novembro do ano passado.
“Embora certos protocolos de token possam exigir a queima de tokens antigos e a mineração simultânea de novos tokens de substituição para efetuar a transferência, em nenhum caso o processo envolveu a criação de tokens adicionais”, disse a Comissão em comunicado anterior, de 29 de dezembro.
*Traduzido com autorização do Decrypt
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