Imagem da matéria: Como a comunidade de uma criptomoeda se uniu para tirar US$ 30 milhões de uma baleia

A comunidade da criptomoeda Juno (JUNO) tomou uma medida drástica para colocar um basta no despejo de tokens no mercado feito por uma única baleia.

A solução final, aprovada por 72% da comunidade em uma votação na sexta-feira (29), foi confiscar milhões de dólares em tokens que estavam em posse desse usuário e deixá-lo com apenas 50,000 JUNO na carteira.

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Um levantamento da comunidade rastreou as carteiras do investidor e concluiu que ele tinha 2,5 milhões de JUNO em sua posse, uma quantia equivalente a cerca de US$ 30 milhões na atual cotação da criptomoeda.

Para tirar essas moedas da baleia, a blockchain da Juno passará por uma atualização que  moverá os fundos revogados para um contrato inteligente controlado pela comunidade.

A baleia — termo que se refere a um investidor que detém grandes quantias de criptomoedas — alvo da fúria, é um japonês de 24 anos chamado Takumi Asano.

No seu perfil do Twitter, Asano desmentiu todas as acusações de dump que fizeram os preços da JUNO cair mais de 70% nos últimos dois meses, alegando que foram os principais desenvolvedores da Juno os responsáveis por despejar enormes quantias da moeda.

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Sem acesso aos seus fundos, Asano cogita abrir um processo na justiça caso a comunidade opte por queimar as criptomoedas. Segundo ele, parte dos ativos pertence a outros investidores e estavam apenas sob sua administração.

“Se esse bloqueio for baseado na suposição de que o ativo será devolvido aos nossos clientes, não pretendemos fazer nenhuma ação legal. Por outro lado, se for baseado na premissa de um bloqueio [queima] ou permanente, estou considerando tomar medidas legais contra cada validador”, disse ao CoinDesk.

Manipulação da baleia

Um importante argumento usado pela comunidade que votou a favor do bloqueio de fundos da baleia, é a acusação de que a sua fortuna foi construída com a aquisição ilegal de tokens JUNO.

Como mostrou Wu Blockchain, a baleia usou artimanhas para conseguir ganhar mais JUNO do que deveria durante um airdrop de lançamento da moeda em outubro de 2021. A ação era dedicada aos detentores da criptomoeda Cosmos (ATOM) que ganhariam 1 JUNO a cada 1 ATOM na carteira.

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Na época, a equipe da Juno Blockchain determinou um limite máximo de 50.000 JUNO por endereço. A ideia era impedir que os fundos ficassem concentrados nas mãos de poucos detentores e diminuir o risco de grandes dumps feitos por esses indivíduos.

O japonês Takumi Asano, no entanto, encontrou uma forma de burlar esse limite. Na época, ele também eram uma baleia de ATOM e, para conseguir reivindicar mais tokens JUNO do que deveria durante o airdrop, separou seus fundos em 50 carteiras diferentes.

Dessa forma, Asano foi capaz de angariar 2,5 milhões de JUNO na ocasião. Um fundo desse tamanho não passou despercebido pela comunidade que logo identificou que a mesma baleia estava por trás desses 50 endereços.

Eventualmente, Takumi Asano confessou que os fundos estavam sob a sua posse, pediu desculpas e prometeu que não iria despejar os tokens, mas nem todos compraram essa promessa.

Parte da comunidade começou a se articular para propor a revogação dos fundos de Asano, mas, ao contrário do que foi visto nesta semana, a maioria dos detentores votou contra a medida. 

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A história caiu no esquecimento até que, nos últimos meses, grandes quantias de JUNO começaram a ser liquidadas no mercado. 

A queda gradativa dos preços da JUNO foi a gota final para que a comunidade voltasse à batalha contra a baleia. Uma nova proposta para tirar os fundos de Takumi Asano foi  publicada em março e aprovada na última sexta.

Críticas da comunidade cripto 

Embora o apoio dos detentores de JUNO tenha sido majoritário, a medida radical foi criticada por parte da comunidade cripto, que questiona: até que ponto os poderes de governança devem ser usados para alterar uma blockchain e revogar os fundos de um participante da rede?

Afinal de contas, a imutabilidade que garante que uma transação não possa ser desfeita é um dos fundamentos mais importantes da tecnologia blockchain.

Um dos fundadores da Juno, Jack Zampolin, disse ao CoinDesk que foi contra a proposta:   

“Quando o governador de uma cadeia pública reescreve os dados de um bloco, essa cadeia ainda terá alguém para apoiá-la? Os blockchainers hardcore ainda existirão na comunidade? Teremos que esperar e ver onde esse problema vai parar”.

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