Crimes envolvendo criptomoedas atingiram um recorde de US$ 14 bilhões em 2021, informa a empresa de análise em blockchain Chainalysis em seu relatório Crypto Crime divulgado na quinta-feira (6).
É um aumento de 79% dos US$ 7,8 bilhões registrados em 2020. Essa atividade representou 0,15% do total de US$ 15,8 trilhões em volumes de transação com criptomoedas ao longo do ano (o menor já registrado).
Para fins de comparação, a porção ilícita de todo o volume transações foi 3,37% em 2019 e 0,62% em 2021, conforme o volume total de transações atingiu uma alta de 567% dos totais de 2020, de acordo com dados da Chainalysis.
“Dada essa grande adesão, não é surpreendente que cada vez mais cibercriminosos estejam usando criptomoedas”, afirmou a empresa.
“Mas o fato de que o aumento foi de apenas 79% (quase uma ordem de magnitude menor do que a adesão geral) pode ser a maior surpresa de todas.”
“Crimes estão se tornando uma parte cada vez menor do ecossistema de criptomoedas”, garantiu o relatório.
O Faroeste das criptomoedas
A Chainalysis informou que o crescente setor de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na sigla em inglês) foi responsável por uma parte significativa de todos os crimes envolvendo criptomoedas em 2021.
DeFi é um termo comum para um conjunto de ferramentas e aplicações financeiras que operam em blockchains públicos e oferecem tomada e concessão e empréstimos de ativos sem intermediários, como bancos.
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No entanto, a promessa de acesso fácil a novas soluções financeiras geralmente é assombrada por vulnerabilidades no código dos protocolos, governança suspeita e evidentes esquemas.
Conforme noticiado pela Chainalysis em dezembro, receitas de esquemas cripto em 2021 tiveram uma alta de 81% em relação ao ano anterior (corrigida para 82% no relatório mais recente) ou US$ 7,8 bilhões.
Desse total, as chamadas “puxões de tapete” (ou “rug pulls”, que são práticas maliciosas onde desenvolvedores criam um projeto cripto aparentemente legítimo apenas para se livrarem do dinheiro de investidores) totalizou 37% de toda a receita de crimes cripto, ou mais de US$ 2,8 bilhões.
“Muitos investidores provavelmente poderiam ter evitado perder fundos a puxões de tapete se recorressem a projetos DeFi que passaram por uma auditoria no código – ou se [corretoras descentralizadas, ou DEXs] exigissem auditorias de código antes de listar tokens”, explicou a Chainalysis.
O roubo de criptomoedas cresceu ainda mais, segundo o relatório, com cerca de US$ 3,2 bilhões de criptomoedas roubadas em 2021 – um aumento impressionante de 516% em comparação a 2020.
Quase US$ 2,2 bilhões desses fundos foram roubados de protocolos DeFi, de acordo com a pesquisa.
Somando os dados recentes, a Chainalysis informou que “DeFi são uma das áreas mais empolgantes do amplo ecossistema de criptomoedas”, que traz “enormes oportunidades para empreendedores e usuários de criptomoedas”.
No entanto, segundo os analistas, “é improvável que DeFi realizem seu potencial completo se a mesma descentralização que as tornam tão dinâmicas também permitir amplos esquemas e roubos”.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.